2 de janeiro de 2012

A DJ saved me.


Tempo de celebrar. O barulho da luzes pode ser extasiante. Quando olhamos para o chão e o brilho refletido mostra o rosto opaco, baço e cabisbaixo, julgamos a noite perdida. A alegria, essa, ficou esquecida na banheira, enquanto o vapor embacia os vidros nítidos e o perfume dos sais escapa pela porta fora.
Contudo, a música começa a soar, o compasso de cada perna marca o tom. Copos agitam as bebidas no seu interior. Maquilhagem que dá vida aos traços da face, sapatos que, elegantemente, definem as pernas femininas, homens que tentam a sua sorte. Vivências que se cruzam, noites julgadas adquiridas.
Não queria dançar. Nada tinha a comemorar. Vestir smoking não é cómodo, apesar da ideia não me ser totalmente nefasta. Quis afastar o cinzentismo, talvez fosse a melhor forma de enterrar definitivamente o velho ano. A mesa estava agora vazia. A mãe divertia-se com as amigas, dançando descontraidamente ao som da música. O whisky, sem gelo, parecia estagnado no copo. Às vezes, surgia de repente, bebendo um gole apressadamente.
Peguei no garfo e brinquei com as batatas já frias no prato de carne. Envolvi-as no esparregado e imaginei a sensação de insatisfação da batata. Do que a monotonia se lembra... O pequeno espelho portátil do estojo de maquilhagem da mãe dizia-me que o cabelo estava liso e sedoso. Não hesitei em ajeitar a franja pela milésima vez (tique frequente que denuncia o meu estado de nervosismo latente). Um rapaz observava-me da mesa do lado, olhando disfarçadamente enquanto mexia num telemóvel (?). Pode ser que por carência (mea culpa), mas retribuía-lhe o olhar. Até que nos detivemos a olhar mutuamente. Pareceu-me ver a fúria no seu rosto.

" Mark, tem calma. Ele está muito furioso... "

Não estava. Mas senti a sensação de ser observado. Confesso que gostei e assim evitei continuar a mexer desastrosamente no comer frio do prato. O sumo também acabara. Let's dance.
E foi a música que salvou a minha noite. Quis dançar, talvez insinuar-me. Uma dose de loucura, o ecstasy que não tomo, o álcool que não bebo, a magia que não sentia... Senti-a, longe da mãe e das suas amigas que perdi de vista. O rapaz via-me a dançar e isso não me inibiu. Pelo contrário, inebriou-me.
E vi o chão rodopiar, o cabelo soltar-se, as mãos perderem o sentido do toque.
Voltámos para casa, anunciavam na rádio as quatro da manhã, já o frio que anunciaria a manhã se fazia sentir. De casaco de smoking pelos ombros, olhei para o céu e sorri. Olá, ano novo.



8 comentários:

  1. ehehe és um provocador ;). Bom ano Mark

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  2. Sim senhor,grande entrada no ano novo! Principalmente com alguém a olhar para ti todo interessado ;p
    Fazes bem Mark,fico contente por ti!
    Que tenhas mais dias iguais a estes,e momentos preenchidos com alegria e emoção em 2012.

    Beijinho*,e aproveita bem este novo ano! :D

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  3. Obrigado. Bom ano para vocês também. (:

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  4. Falta-te aquele bocadinho de ousadia para dares um primeiro passo...
    Não fiques sempre à espera de Godot, avança, ousa...e então numa noite de fim de ano...

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  5. Seria incapaz de "ousar" mais com um desconhecido. (:

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  6. Compreendo a tua incapacidade de ousar, eu na tua situação ter-me-ia sentido da mesma forma. Uns olhares parecem inocentes, mas avançar para além disso é algo que eu não seria capaz.
    No entanto, espero que neste ano te superes a ti próprio, e não apenas na faculdade.

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  7. ... esperemos, Coelhinho. :)

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