1 de julho de 2011

A Queda de Um Anjo


Quanto mais o tempo passa, mais o mundo se apercebe que a era da Europa findou. A velha Europa, como é conhecida no Novo Mundo (Américas), perdeu a sua hegemonia secular logo após a I Guerra Mundial, que lhe trouxe pesadíssimos problemas económicos que jamais lhe permitiram alcançar o estatuto perdido.
A era norte-americana tinha apenas começado. Com a II Guerra Mundial, o prestígio da Europa continuou em decadência, sendo que agora não tinha apenas um, mas dois rivais de peso: juntava-se aos EUA a não menos poderosa URSS. Para contrabalançar o desprestígio e o ódio criado pela Alemanha, conseguiu a Europa afirmar-se perante o mundo com a França e o Reino Unido a reivindicarem um lugar de potências vencedoras, ajudados também por terem sido devastados pela ira hitleriana.
O advento da descolonização, iniciado logo após o término da Guerra, ajudaria a velha Europa a afundar-se progressivamente. Até então, o Reino Unido e o seu gigante Império ocupavam uma boa parte da superfície da Terra. Primeiro as descolonizações do Sudeste Asiático seguidas pelas descolonizações em África.
Com novos desafios se deparava a Europa nos anos setenta e oitenta do século XX. O mundo já não lhe pertencia e agora a solução era a de manter uma postura subserviente perante as duas superpotências de então.
Atualmente, encontramos uma Europa velha - mais velha do que nunca, desgastada e completamente arruinada. Explorada dentro de si própria por quem, mais astuto, sabe tirar partido dessa situação (Alemanha).
Chegou a altura dos povos anteriormente ocupados e explorados reivindicarem a posição que lhes é devida. Temos o caso do Brasil, da China e até mesmo da Índia. A China, que também teve ocupação no seu território - vejam-se os casos de Hong Kong e Macau - foi obrigada a abrir a sua economia à poderosa Inglaterra, no século XIX, ao perder com esta última as famosas Guerras do Ópio.
Hoje, a Europa precisa de todos e ninguém mais precisa da Europa. A dependência face às potências emergentes é por demais evidente. Portugal, outrora possuidor de um dos maiores impérios coloniais do mundo, necessita urgentemente - e aí está o caminho - da ajuda da sua antiga maior e mais rica colónia, o Brasil. A pátria-mãe da democracia, a Grécia, verdadeiro berço da civilização ocidental, encontra-se no estertor de uma morte lenta e dolorosa.
A Europa afigura-se, por fim, a um anjo que cai do Paraíso. A queda final. Espera, pacientemente, pelo golpe de misericórdia que a tornará, quem diria!, num dos continentes menos importantes do mundo.

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