Recordo-me da primeira vez que te vi. O momento em que falámos parecera-me tão breve que mais se assemelhava a um instantâneo. A luz que entrava pela grande janela que se erguia na densa parede de madeira sobressaía a tez alva da tua pele. Os olhos, verdes, surgiram-me húmidos e brilhantes. Fitavam-me profundamente e tive medo que desvendassem o que sentia. Medi as palavras, cada uma, de forma a demonstrar segurança, a segurança que não tinha. As mãos, agora escondidas, encontravam-se húmidas, num dia particularmente fresco de final de verão.
Recordo-me da tua camisa de algodão. As cores dos padrões vermelhos e pretos de cada quadrado continuam vivas na minha memória. O botão inicial, aberto, mostrava o teu peito branco, cândido, num triângulo invertido que culminava na doce abertura. A vontade de ver um pouco mais era agora bastante real.
A voz não poderia sair trémula. Seria um sinal de fraqueza, fraqueza que não queria trespassar aos teus sentidos que pensara - e com razão - atentos, atentos a cada movimento meu, a cada olhar, a cada palavra, a cada gesto.
Oh, como me senti só quando aquele momento acabou. Foi tão curto, mas tão incrivelmente rico em conteúdo, em emoções que fizeste nascer quando menos esperava.
Recordo-me, também, do nosso primeiro almoço. Refiro-me ao primeiro embebido num clima especial, nosso. De toda a atenção, dos gestos de simpatia que cresciam a cada momento, das pequenas traições que cometi a mim mesmo quando jurava, cá dentro, que me manteria lúcido e atento a cada rasteira que poderia eventualmente surgir.
O teu "quando quiseres estudar junto comigo" era agora um derradeiro golpe em mim.
Claro que quero, mesmo que não o diga perentoriamente, mesmo que tal te pareça um favor da minha parte.
Quero e quererei sempre.
Sempre que tu me quiseres.
Perentoriamente, escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico vigente.
Perentoriamente, escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico vigente.
Acho os teus textos fantásticos. Só perdem por essa adesão (tonta, na minha opinião) ao Aborto Horto Gráfico da língua brasileira!
ResponderEliminardelicioso!!!
ResponderEliminarque esta história de amor continue com muitos e doces capítulos assim, com encanto.
abraço
Ai Mark
ResponderEliminaragora que te "abriste" a ti próprio, no que respeita a esse amor, depois de o "armadilhares" tanto num passado recente, não será tempo de o "abrires" à pessoa amada, sem medo?
I just fell in love +.+ Não deveriam ser permitidas belezas destas. É bonito de mais!... Amor é o que tu fazes com este blog. Dás estes textos lindos em troca de nada... Para quem quiser ver, apreciar e se identificar. Comovida! *.*
ResponderEliminarIsso não é o titulo de uma música?
ResponderEliminarOi Mark, tudo bem?
ResponderEliminarEsses momentos são tão lindos né? A gente fica sempre relembrando, sentindo o gosto novamente, ao menos tentando, rsrs.
Então menino, esses momentos muitas vezes são fundamentais né? De vc parar e tentar entender quem vc é, para que vc possa estar traçando um caminho logo a frente.
Abraços
Não de nenhuma música que eu conheça.
ResponderEliminarAdoro
ResponderEliminarMuito obrigada Mark
ResponderEliminarO Mark está tão apaixonado :p
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