28 de outubro de 2024

Um dia decisivo.


   Nos últimos dias, um certo nervosismo apoderou-se de mim. Eu sei o motivo. Aproxima-se -ainda que faltem mais de dois meses- a data da audiência de julgamento de uma situação familiar muito importante para mim. Por uma questão de privacidade, intimidade, não direi exactamente do que se trata, porém, posso afiançar-lhes de que é algo que me atormenta há muitos anos. Uma situação que a minha mãe deveria ter tratado atempadamente, e não o fez, por indiferença, displicência, apatia, desconhecimento. Um pouco de tudo. Afecta-me apenas de forma indirecta. Afectava directamente a minha mãe, que nunca se importou com aquilo. Cheguei-lhe a comentar o assunto, e ela reagia com total indiferença. O que ela queria era sossego e saúde. Suponho que a situação a tenha traumatizado -é impossível que não-, entretanto, sendo algo com tantos anos, estava enterrado no seu passado.

    Sem querer desvendar nada, porque é uma situação que ainda vai a julgamento e que além disso é muito íntima, digamos que tive de processar a minha avó materna, mãe da minha mãe, que ainda vive, e a minha tia. Arrolei umas poucas testemunhas (o que pude), e lá vou eu, a Estremoz, no dia 6 de Janeiro de 2025, à audiência de julgamento, com esperança de ganhar a causa; reticente, sendo um assunto tão antigo, doloroso, que mexe com sentimentos e envolve pessoas já falecidas (designadamente a minha mãe e o seu pai, meu avô).

   Aquilo que eu quero é que a justiça prevaleça, e a verdade está do meu lado. Não o digo como autor do pleito, senão porque é realmente o certo: eu tenho a verdade do meu lado, o direito que quero ver reconhecido não atenta contra ninguém, não envolve interesses de natureza patrimonial, portanto, o que faço, faço para obter alguma paz de espírito; é uma situação que me indigna. Ainda que não ganhe, pelo menos fico com a certeza de ter tentado, de tudo ter feito, e só essa ideia já me traz algum conforto. O que não suportaria era ser cúmplice de algo tão injusto -tão próprio do seu tempo, é certo, mas não menos injusto por isso-.


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