25 de outubro de 2024

Marco Paulo (1945-2024).


    Há momentos li um artigo de Herman José sobre o amigo Marco Paulo, por ocasião da morte do cantor. O artigo está disponível no Público (não sei se aberto ou não; eu tenho assinatura paga). Um texto que resume tudo o que eu poderia dizer de Marco Paulo. Em Portugal, somos preconceituosos e mesquinhos, e somo-lo também com a música. Em Espanha, valoriza-se o nacional; tem-se orgulho nos seus cantores e cantautores. Em Portugal, não. Colocamo-los em prateleiras, com o devido rótulo, colado: “boa música”, “música pimba”. O que é a música pimba? Uma música descontraída, sem complexos nem grandes intenções, que todos ouvimos, todos conhecemos e todos trauteamos em algum momento? É isso? E por que motivo envergonhamo-nos dela? O problema não é o estilo; o problema somos nós. Marco Paulo passou por esse estigma, e possuía uma grande voz. Potente. Firme. Além disso, quer a nível profissional quer pessoal, sempre se apresentou como um senhor, discreto. Desconhecem-se-lhe polémicas.

     Foi um ícono da moda nos 80, fazia as mulheres suspirar por ele. O meu pai inspirou-se nele, nos caracóis, que também usou durante anos, a ponto de o confundirem com o artista. Marco Paulo, figura incontornável do panorama artístico nacional, deixa-nos, e com ele morre um pouco da nossa identidade. Mais uma daquelas pessoas que parece existir desde sempre e que -é verdade, sabíamo-lo doente- partiu.

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