Há momentos li um artigo de Herman José sobre o amigo Marco Paulo, por ocasião da morte do cantor. O artigo está disponível no Público (não sei se aberto ou não; eu tenho assinatura paga). Um texto que resume tudo o que eu poderia dizer de Marco Paulo. Em Portugal, somos preconceituosos e mesquinhos, e somo-lo também com a música. Em Espanha, valoriza-se o nacional; tem-se orgulho nos seus cantores e cantautores. Em Portugal, não. Colocamo-los em prateleiras, com o devido rótulo, colado: “boa música”, “música pimba”. O que é a música pimba? Uma música descontraída, sem complexos nem grandes intenções, que todos ouvimos, todos conhecemos e todos trauteamos em algum momento? É isso? E por que motivo envergonhamo-nos dela? O problema não é o estilo; o problema somos nós. Marco Paulo passou por esse estigma, e possuía uma grande voz. Potente. Firme. Além disso, quer a nível profissional quer pessoal, sempre se apresentou como um senhor, discreto. Desconhecem-se-lhe polémicas.
Foi um ícone da moda nos 80, fazia as mulheres suspirar por ele. O meu pai inspirou-se nele, nos caracóis, que também usou durante anos, a ponto de o confundirem com o artista. Marco Paulo, figura incontornável do panorama artístico nacional, deixa-nos, e com ele morre um pouco da nossa identidade. Mais uma daquelas pessoas que parece existir desde sempre e que -é verdade, sabíamo-lo doente- partiu.
Não tenho qualquer pejo em dizer que não gosto do que Marco Paulo cantava, nem gosto do tipo de música que ele e outros cantam. Se lhes chamam de "pimba", pois é uma classificação como qualquer outra, mas isso não me vai levar a gostar desse tipo de música.
ResponderEliminarNão gosto e recuso totalmente que alguém me tente impingir tal música, pois é uma violência para mim. Se não interfiro no que os outros gostam de ouvir, e cada um sabe do que gosta, não gosto que interfiram no que ouço.
Este cantor teve o seu público e respeito-o como tal, desde que não me levem a dizer que gosto, pois não gosto mesmo, e estou perfeitamente à vontade para o dizer perante quem quer que seja.
No entanto respeito-o como homem que ocupou um espaço importante e foi importante para muita gente.
E não me envergonho de dizer que não gosto da música a que se dedicou, mas é algo pessoal.
Sei muito bem do que gosto ou não.
Deixo-lhe os cumprimentos e espero que continue a trazer aqui assuntos polémicos
Manel
Manel,
EliminarEu acho que há espaço para tudo. Naturalmente, não podemos gostar todos do mesmo, mas muitas vezes não gostamos sem conhecer, por preconceito. É um estilo musical estigmatizado pelas harmonias e letras simples, por ser popular; por ser, como alguém disse, música das “sopeiras” e das donas de casa. Noutros países, são estilos musicais relevantes e valorizados (no México, por exemplo, com as “rancheras”, ou mesmo em Espanha, onde cantores semelhantes atingem um grau de popularidade elevado e consensual).
Cumprimentos,
Mark
Creio que a música que me recordo mais, "eu tenho dois amores" Nunca fui grande admirador mas não podemos gostar de tudo ehehehhe
ResponderEliminarSim, Portugal perdeu uma pessoa muito discreta e com uma grande voz
Paz à sua alma
Sempre foi um homem discreto em relação à sua vida pessoal, e a capacidade vocal era inegável.
EliminarMark
Infelizmente as pessoas só valorizam quando perdem. Sobre o Marco Paulo, também foi vítima das suas manias (menos taras, que se desconheciam), talvez as merecesse, por ser o artista que era, ou não. A verdade é que tinha uma voz fora do comum. E isso ninguém poderá negar.
ResponderEliminarTinha uma voz portentosa. Um timbre muito bonito.
EliminarMark