6 de maio de 2024

Os 50 anos do 25 de Abril.


   Houve anos nos quais escrevi, aqui no blogue, sobre a Revolução. A determinado momento, não há nada mais para dizer. A história é conhecida, os intervenientes também. Todos os anos é a mesma ladainha. A Revolução de Abril de 1974 foi imprescindível para Portugal. Eu não o vivi, tal não me seria possível, mas conheço o retrato do Portugal da época: super atrasado, miserável, com uma taxa de analfabetismo a rondar os 30%, uma guerra colonial terrível. Demos um pulo, em liberdade e em modernidade. A Revolução foi um êxito. Ponto final. Os factos são factos. Entretanto, há muito a fazer, muitíssimo, que já deveria ter sido feito, e nem tudo o que fizemos, que foi muito, justifica o que não foi feito e deveria ter sido. Portugal continua na cauda da Europa Ocidental, e começa a ser ultrapassado pelos países de leste. Fomos num ascendente até finais dos anos 90, sempre a crescer, e depois estagnámos. É verdade que nem tudo depende da nossa vontade e competência -somos pequenos, periféricos, pobres em matérias-primas-, mas tem havido um autêntico descaso da classe política com o país. Eles são incompetentes e, como se não fosse suficiente, corruptos. 

    Eu, ao contrário de muitos, não acho que o 25 de Abril continue por cumprir. Acho que se cumpriu, e cumpriu bem o seu propósito: terminar com a guerra colonial, restituir as várias liberdades e desenvolver, este último no sentido de correr atrás do prejuízo. O resto é um imperativo lógico: adequar o país ao contexto em que se insere, uma Europa moderna, justa, solidária e desenvolvida, e aí continuamos a falhar. 

4 comentários:

  1. Totalmente de acordo contigo
    Abraço amigo

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  2. Eu vivi esta data, pois estava em Lisboa, e encontrava-me, à altura, a estudar no Técnico. Passei por todos os movimentos estudantis, fui interveniente em certa medida, face à minha módica existência, repensei valores e adquiri conhecimento e discernimento político. Para isso foi importante a liberdade de expressão e de pensamento que nos foi possível.
    Mas terminou, temos de ir adiante. Estas datas são importantes, e devem ser comemoradas e recordadas, como importantes que foram na época, se bem que parangonas exacerbadas são dispensáveis. Apesar de terem passado quase 400 anos do primeiro de Dezembro de 1640, continuo a considerar importante a comemoração da data e recordar o que ela nos proporcionou ou retirou. Quantas pessoas encontro, dentro dos meus conhecimentos, que "choram" porque não são hoje espanhóis!!!! Eu recomendo-lhes sempre que deverão ir viver para Espanha, pois estão no país errado.
    É a nossa história e não a podemos enjeitar, como tantos gostariam de fazer. Também, a nossa história é o que é, tal como a história de todos os outros países é feita de acontecimentos e vivências que formaram o que esses países são hoje.
    Querer, como o caduco, e mal formado, presidente que temos, proceder a reparações históricas, é ridículo e não faz qualquer sentido. Estaríamos todos, e refiro-me a todo o mundo, pois os países e regiões não existem de forma isolada, a reparar o que é irreparável. O que foi, já foi, e não há volta a dar.
    Cada país teve os seus comportamentos, uns aceitáveis outros inaceitáveis, mas não vamos agora bater no peito de forma compungida e hipócrita, para ficarmos muito bem na fotografia.
    Se o presidente quer reparar poderia começar por ele mesmo; ele que repare o que tem em casa, pois tem muita coisa a reparar, como o gasto de 4 milhões de euros no caso das gémeas, situação da qual ele está diretamente envolvido ... isso sim, seria reparação, retirar-lhe da sua conta esse dinheiro de que os portugueses foram espoliados. Ele deveria começar pela sua própria casa, antes de iniciar o processo pela casa dos outros, mas creio que a sua hipocrisia e má formação é demasiada, para além de ter criado um filho que lhe vai seguindo as pisadas ... "filho de peixe sabe nadar", lá diz o ditado!!!!
    Que tenha dias tranquilos, e consiga resolver o que lhe falta resolver. Cumprimentos
    Manel

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    1. Manel,

      Só pode querer ser espanhol alguém que não conhece Espanha. Eu, por motivos óbvios, conheço bastante bem este(s) povo(s), e coloquei o plural entre parênteses porque em Espanha não há um único povo; há vários. Portugal é superior a Espanha em muitos aspectos, e frequentemente só nos damos conta disso quando vivemos em Espanha. É aquela máxima da galinha da vizinha, que é melhor do que a minha.

      Marcelo Rebelo de Sousa abriu a caixa de Pandora. Aquele homem começou o primeiro dos seus mandatos, em 2016, como um dos presidentes mais populares, e arrisca-se a sair pela porta pequena. É o caso das gémeas, que me tem indignado profundamente pela falta de consequências políticas (já nem falo das jurídicas); isto é, ele deveria ter-se demitido do cargo de Presidente, ou a própria Assembleia da República deveria, porque pode, ter aberto um processo de destituição. Assim, nada. Vai caindo no esquecimento.

      Portugal não tem nada a reparar. O que lá vai, lá vai. Passaram-se séculos. É uma estupidez tão sem sentido que nem me alongo neste assunto.

      Em relação à casa, aqui ando. Ontem vieram instalar-me a fibra da internet e da televisão, veio o técnico arranjar-me os canos da máquina de lavar roupa, e hoje já fui ao registo para tratar do registo da casa. Não tenho parado. O carro facilita, e muito, as tarefas. Mais digo, sem carro nada faria.

      Cumprimentos,
      Mark

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