4 de agosto de 2023

As Jornadas Mundiais da Juventude, uma vez mais.


   Tenho acompanhado estas Jornadas Mundiais da Juventude (nunca antes acompanhara outras) através da plataforma digital da RTP. Não o faço de modo permanente, nem como crente; mais bem como curioso. Gosto de saber tudo, de estar informado, de estar, como se diz vulgarmente, por dentro.

    Independentemente dos custos associados, que qualquer pessoa razoável condena e critica, do que tenho visto têm sido eventos bonitos, cheios de simbolismo, de comunhão e partilha, espiritualidade e alguma transcendência. Hoje mesmo assisti à Via Sacra no Parque Eduardo VII, e foi bonito ver aquelas 800.000 pessoas a comungar dum mesmo propósito com um homem de 86 anos, que sob um sol tórrido também fez a sua Via Sacra diante de milhares em êxtase. 

    Francisco é um reformista. E é isto que os jovens católicos lhe exigem. Os tempos são outros. O Papa disse que a Igreja deve ser de todos. Parou. E voltou a repetir: de todos. Estava subjacente a referência à comunidade LGBT+, que tem necessariamente de incluir. Ouvimos e vemos vários padres e mesmo fiéis e apercebemo-nos -porque nós, homossexuais, sabemos identificar-nos uns aos outros- que a Igreja, enquanto instituição, tem imensos gays. Estamos dentro da Igreja. A Igreja está implantada em países nos quais a comunidade LGBT+ já goza de todos os direitos, e não vale a pena continuar a resistir à marcha do progresso. Este Papa tem feito o possível. Há a ala dura da Igreja e há, naturalmente, católicos que insistem na retórica da exclusão. A meu ver, entretanto, já nada poderá travar o processo de aceitação que Francisco iniciou e que o mundo, pelo menos o católico, espera da Igreja.

8 comentários:

  1. Tenho visto mais à noite, no jornal da noite
    De facto, somos um povo de "velhos do restelo"
    Portugal está no Centro do Mundo e está a correr tudo muito bem e com Normalidade dentro do espectável. Não podemos colocar mais comboios nem carruagens nas linhas de metro, se temos Bus a circular mais, não pode haver mais para outros locais. Não há assim tantos motoristas
    Os que dizem que as outras Religiões deveriam ter os mesmos direitos, já escreveram cartas ou emails para a Arábia Saudita, o Irão e outros que tais permitam a construção de Igrejas Católicas nos seus países?! Mera Curiosidade minha... É que há Mesquitas Lindas na Europa e Igrejas Católicas debaixo de escombros, basta olhar para a Ucrânia...
    Abraço amigo e desculpa os meus desabafos aqui neste teu canto

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    1. Olá, amigo.

      Eu concordo contigo. Estou sempre disposto a rever as minhas opiniões.

      Também estou a gostar. Têm sido cerimónias bonitas, de comunhão entre as pessoas, e são 1 milhão de peregrinos.

      Um abraço,
      Mark

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  2. Este papa não é tão pouco recomendável quanto os anteriores, pelo menos tenta reformar, o que é notável, relativamenre à gente anquilosada que o precedeu.
    E ainda bem, porque doutra forma a igreja católica tenderá a desaparecer, o que, aliás, não me faz a mínima impressão.
    As confissões religiosas são sempre de desconfiar, pois fizeram-se por homens e para homens, e pretendem o que todos pretendem, ganhar algo com isso, quer seja em termos económicos quer ser na prevalência social e ideológica.
    Ter as nossas crenças não significa ficar atado a uma confissão religiosa, nem sujeito a regras sem sentido.
    Depois de todo este espavento das JMJ e face aos impedimentos que resultaram, e não foram poucos, resolvi sair de Lisboa e viajar, e foi o melhor que podia ter feito.
    Quem queria sujeitar-se a esse "teatro" ficou, e ainda bem. Eu resolvi libertar-me do sacrifício de ficar em Lisboa, sem conseguir dormir pela noite, com a quantidade de barulho, e ter de ficar confinado à casa, pois os transportes públicos eram um caos e um problema.
    Regressarei depois desta fantochada ter terminado.
    Saudações para vós. Cuidem-se pois farei o mesmo por aqui
    Manel

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    1. Olá, Manel

      Como disse ali em cima ao Francisco, eu até estou a gostar de assistir às JMJ. No meio de tudo, ressaltam algumas verdades. Ouvi, há momentos, uma frase lindíssima do Papa: “Só é lícito olhar-se para alguém de cima para baixo se for para ajudá-lo a levantar-se”. Podemos retirar daqui importantes lições.

      Como referi ontem, discutamos os gastos, sem dúvida, porém, nem isso retira a beleza do evento. Aquelas pessoas estão ali por fé, e isso é sempre respeitável. Terá valido a pena? Arriscaria a dizer que sim.

      A Igreja, naturalmente, terá de rever a sua doutrina. Terá de ser inclusiva. Terá de olhar “com olhos de ver” para as novas realidades. O Papa tem feito questão de dizer “Igreja de todos”. Creio que se abriu um precedente insuperável.

      Quanto à organização, não correu tão mal como se previa. Os lisboetas colaboraram.

      Cumprimentos calorosos,
      Mark

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  3. Quando a conta, dos milhões que se gastaram, chegar terá de ser paga, e claro que sempre pelos mesmos, isto é, a população seja ela religiosa ou não. E isto é uma injustiça.
    Vou querer ver o que acontecerá quando Portugal tiver que justificar perante os outros países da união europeia, onde gastou o dinheiro que afinal é de todos, e não só dos católicos.
    É a velha situação do "rei vai nu", que ninguém quer ver nem assinalar, antes preferem embandeirar em arco e fazer de conta que tudo está perfeito.
    Que pena que a conta não seja paga só pelos católicos, já que a festa foi para eles, isso sim, seria justiça social.
    No entanto, a cúria romana em Portugal deve ter arrecadado milhões com toda esta fantochada, mais uma razão para não alinhar nestes movimentos de massas, sobretudo quando ligados à religião, seja ela qual for.
    Espero que nas urnas as pessoas não se esqueçam.
    Cumprimentos para vós
    Manel

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    1. Estou totalmente de acordo, e ainda hoje se colocou essa questão a uma ministra. Não deveriam ser os católicos a pagar “a festa”? Eu também acho que sim, ainda que considerando que a esmagadora maioria dos portugueses são católicos.

      Cumprimentos,
      Mark

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  4. Em 2014 houve também evento JMJ no Rio de Janeiro. Não acompanhei à época, mas na sequência levamos o 7 x 1 da Alemanha na Copa em casa, por este motivo acredito que seja evento pouquíssimo auspicioso.
    Abraço, Riccardo.

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    1. Eu lembro-me desse 7x1. Um escândalo na história do futebol brasileiro, e pior ainda porque a Copa foi no Brasil.

      Um abraço,
      Mark

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