"Nós somos as culpadas do machismo, porque finalmente somos nós as educadoras”, ouvi-o eu anteontem, na peça "As Feminíssimas", aqui no auditório da vila.
Há muito que fazer ainda pela igualdade de género. A luta, actualmente, passou das assembleias legislativas e das bocas das urnas para as ruas, exigindo-se o fim da violência doméstica, da violência machista, dos comentários e atitudes que objectificam a mulher e a tornam em vaginas ambulantes.
A luta pela igualdade da mulher e do homem envolve-nos a todos. É a luta também da comunidade LGBTQi+, pelo fim da discriminação que nos atinge talvez na mesma proporção que ainda afecta as mulheres: lográmos o reconhecimento dos nossos direitos e do direito à diferença no plano jurídico, porém, continuamos a ser vítimas de comentários desdenhosos, apreciações infundadas, exclusões inadmissíveis.
Eu fui vítima do preconceito e da ignorância. Fui-o durante anos. Conheço as suas terríveis sequelas na saúde psíquica. Fui-o não pela minha família, que tive uns pais excelentes que sempre me amaram independentemente da expressão da minha sexualidade, mas pelos outros, uns outros que às vezes nem conhecia. Fui-o no colégio e no espaço público. Fui-o de tal forma que o assimilei, como se me tivesse de sujeitar àquilo.
Aqueles tempos passaram, não foram os meus tempos. Quando ousava vestir umas calças justas ao corpo, usar blusas de outra cor, calçar uns ténis de sola alta, viam-me como uma aberração. Hoje em dia, admitem-no como mais uma expressão de identidade, afinal, a roupa reflecte a forma como nos vemos.
Enjeitei aquele passado durante anos. Envergonhava-me abrir as páginas negras de uma infância e adolescência que mantinha fechadas a cadeado, num silêncio que me amargurava.
Eles estavam errados, não eu. O preconceito deixou-me as suas marcas, sim, deixou, como feridas que cicatrizaram. Elas estão lá, todavia, para que não me esqueça de que me devo manter fiel na luta pelo fim da discriminação social, associando-me àqueles a que pertenço. Eu não pertenço ao outro lado, ao lado dos iguais, da maioria heteronormativa.
Agora já não nos poderão calar! A luta das mulheres e da comunidade LGBTQi+ é a mesma: o que está em causa é o desprezo pelo feminino e pelo diferente.
Esse Slogan que se ouve todos os anos é sempre mais do mesmo
ResponderEliminarBelas palavras que se escrevem e se publicam
Quando em Portugal mais dos 50% de jovens admite que haja violência durante o namoro. Ups
Cai tudo por terra e não passa de conversa para boi dormir
Desculpa a minha honestidade e frontalidade
Grande abraço amigo
Pois teremos todos de lutar para que os jovens mudem essa percepção. Lamento não te ver solidário com as mulheres assassinadas às mãos de maridos e namorados, escravizadas por máfias, mutiladas em ritos hediondos, discriminadas em contexto laboral, ao auferirem menos do que homens por trabalho igual, impedidas de conciliar a vida profissional com a familiar. Lamento. Apenas lamento. O que eu lamento não é a honestidade e a frontalidade; lamento a indiferença e falta de empatia.
EliminarUm abraço.