28 de fevereiro de 2021

¿Por qué no me gusta la monarquía?

 

   Es mi segunda publicación en castellano, y voy a tratar de un tema muy poco consensual en España y en el que he sido, desde siempre, irreductible: soy republicano. Nada lo va a cambiar. Esta publicación es, evidentemente, la de un republicano, y pretende desmitificar algunas ideas -las más comunes- que son tan queridas para los monárquicos. ¿Empezamos?


1º.  La monarquía sale más barata.


Es uno de aquellos argumentos meramente economicistas. No entiendo como hay gente que puede analizar tan superficialmente un tema tan sensible. Cuando hablamos de la monarquía, hablamos de un régimen injusto, desigual, que impide a cualquier ciudadano ascender a la jefatura de estado basándose en privilegios de sangre y nacimiento, totalmente anacrónicos e innecesarios. En lo barato y caro, habría que ver globalmente cuánto gastan todos los titulares de cargos públicos de ese país. Además, sustentar a un individuo, solamente a uno, y su descendencia durante todas sus vidas no me agrada.


2º. Los países monárquicos son más ricos.


Ésta es otra clase de argumentos que no entiendo. Si en una monarquía parlamentaria el jefe de estado no puede interferir en lo cotidiano político, ¿qué influencia tendría en su economía? Lo que hace que un país sea, o no, más rico son sobre todo las políticas económicas de sus gobiernos, sus índices de corrupción, la conjuntura externa, sus alianzas y pactos estratégicos, la cualificación de sus gentes, su libertad económica etc. Hay países "ricos" que son repúblicas, como Alemania, Austria, Finlandia, Suiza, Islandia.


3º. Los países monárquicos son más estables.


Creo que se olvidan del reciente año en el que España estuvo sin gobierno, ¿no?


4º. En una monarquía, el jefe de estado no es un político, y eso es bueno.


¿Estáis seguros? Aristóteles decía, hace más de 2.000 años, que el hombre es un animal político. Un individuo que tiene la prerrogativa de dar un discurso en la televisión y en el parlamento, hace política. Sus discursos son políticos. Cuando el Rey de España decidió no pronunciarse sobre la violencia de la policía hacia manifestantes en Catalunya, tomó una decisión política. Otra cosa es que no emita públicamente sus opciones de política partidaria. 


5º. Los monarcas son entrenados desde niños para representar al Estado, y eso es bueno.


Un jefe de estado debe ser elegido por sus ideas, sus atributos, su carrera, su esfuerzo personal, sus actividades en beneficio de la comunidad, y no por haberle sido quitada la infancia desde niño como si eso fuera un orgullo. Además, ¿qué es esa preparación? Un jefe de estado debe conocer la constitución, las leyes, y eso no es una cualidad especifica de un monarca. Cualquier constitucionalista conoce, quizás mejor, el ordenamiento jurídico. Representar al Estado en el extranjero tampoco es algo que no esté accesible a un diplomata. No hay ninguna ventaja en tener un rey o una reina en lo tocante a esta materia.


6º. El rey está mejor preparado para liderar el país en una guerra, al mando de las Fuerzas Armadas.


Este será el peor. Me hace pensar qué tipo de gente puede plantear algo así. Justifican su opción de régimen con las monarquías occidentales, y después me salen con una chorrada de este tipo. Una guerra en Europa occidental, ¿en serio? ¿Y qué va a hacer un rey en una guerra? ¿Ayudar a matar a más gente?


  Lo importante es que nos respetemos mutuamente, monárquicos y republicanos, pero... yo elegiría mejores argumentos.

17 de fevereiro de 2021

Características a combater.

 

  Esta publicação visa dois temas igualmente complexos, e pretende fazer uma comparação entre algumas das características dos povos espanhol e português. Desde logo, começaria com a nomeação de um juiz conhecido por, em 2010, ter manifestado uma posição polémica, mas legítima, sobre a homossexualidade e o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, que na altura se discutia, foi a votos e passou no crivo do parlamento (e inclusive do tribunal constitucional português). Falo-lhes de João Causpers. O que sucede é que não se trata de mais uma inócua opinião de um cidadão; trata-se da opinião pública de um indivíduo nomeado juiz do Tribunal Constitucional, órgão de soberania que zela pelo cumprimento da Constituição e cujas decisões vão além do jurisdicional: têm um conteúdo iminentemente político. Na opinião manifestada há dez anos, João Causpers tece uma série de observações que só se explicam na profunda ignorância de alguém que não viveu na primeira pessoa -como eu e muitos dos que não pertencem à estimada maioria heterossexual a que aludiu então- o preconceito, a injúria diária, os atentados mais vexatórios à dignidade. Também eu, homossexual, discordo de muitas das posturas que alguma da dita comunidade LGBT vem tomando; também eu sou crítico dos excessos. Confundir-se, porém, lutas pela igualdade, pelo respeito e pelo bom nome com um activismo teatral, histérico e por vezes inadequado não me parece responsável, e esperaria pelo menos uma opinião mais informada e esclarecida de alguém com um currículo que a isso obriga. Talvez estes dez anos tenham feito bem a João Causpers; entretanto, o que disse está dito, está sujeito à nossa interpretação, tal como o que vier a dizer, se vier a dizer alguma coisa. 

   A sua eleição provocou algum eco em Portugal, pelo que li, mas seguramente que aqui em Espanha provocaria mais, país onde declarações públicas homófobas, como neste caso, estão sujeitas a um maior escrutínio por parte da população. Parte de esclarecimento público, de informação e de consciência crítica. Os portugueses estão formatados para a inactividade, para que escolham por si, e aqui poderíamos perguntar o seguinte: são conhecidos os juízes do Tribunal Constitucional? O seu método de designação é conhecido igualmente? 


   Sigo já para outro tema, o das injúrias à coroa, crime tipificado no código penal espanhol que encontra correspondência também no código penal português, no capítulo dedicado às ofensas à honra do presidente da república. Nos dois casos, o bem jurídico tutelado não é o bom nome do titular do cargo, senão da instituição: a coroa, em Espanha, a presidência da república, em Portugal. Sucede que, em Espanha, confunde-se a coroa com o país, o respeito à coroa com o respeito a Espanha, e o rei é praticamente a personificação do país, a figura humana, se quiserem, de Espanha e da sua inquebrantável unidade. Há uma sacralização do cargo que, em Portugal, pelo espírito que preside ao regime republicano, de rotatividade dos cargos, de rejeição de privilégios de sangue e nascimento, de igualdade, não existe. Daí que, em quase quarenta anos de vigência do código penal português, não tenhamos um único caso  de condenação pelo crime de ofensas à honra do presidente, que em Espanha se multiplicam. Hoje mesmo se soube de mais uma condenação, desta vez de um artista de rap, pelo crime, entre outros, ao que parece, de injurias a la corona. Há dias, a estação pública TVE fez uma piada de gosto duvidoso, é certo, propositadamente ou por grosseria, sobre a princesa, comparando a sua saída de Espanha para completar os estudos com o exílio a que Juan Carlos se sujeitou. Pois pendeu sobre a TVE uma enorme pressão que levou ao afastamento dos jornalistas implicados e a um pedido de desculpas formal, no qual a estação garantia o compromisso com a coroa. Ora, digo eu, o compromisso de uma estação pública de televisão, para mais estando em causa a sua informação, deve estar com o povo espanhol, na busca por uma informação independente, rigorosa (que não foi) e, sobretudo, livre, que não é. O Estado espanhol tem sido condenado em instâncias internacionais por excesso de zelo no que diz respeito ao tal crime de injurias à coroa, que os partidos à esquerda do PSOE vêm tentando derrubar sem sucesso, por falta de solidariedade de um dos partidos do arco da governação, precisamente o PSOE, de espírito republicano nos princípios e monárquico na prática e nos posicionamentos.

   Em Portugal, provavelmente não se toleraria esta excessiva, quanto a mim, protecção jurídica de um cargo público e, por inerência, do seu titular. Críticas ao Rei de Espanha e à Coroa são perigosas e há quem as evite por temer a perseguição da polícia e das entidades judiciais.


  Se houvesse uma permuta, por assim dizer, de algumas das características dos espanhóis para os portugueses, e vice-versa, teríamos povos mais tolerantes, e nesse sentido mais perfeitos, seja lá isso da perfeição o que for, e seguramente que se viveria melhor, aqui e lá.

14 de fevereiro de 2021

Mi primera publicación en castellano.

 

   Esta será mi primera publicación en castellano en el blog (o español, como le queráis  llamar). El castellano y el gallego son dos idiomas oficiales en Galicia, que es donde yo vivo, y los voy a necesitar para mi ingreso en la universidad aquí, cuando vaya a estudiar mi carrera. Independientemente de eso, serán siempre dos idiomas decisivos y esenciales para mi futuro en España. Asimismo, compré varias gramáticas de castellano y gallego, y los estoy estudidando con mucha ilusión. Intento usarlos en forúns y grupos de personas que los dominan para que pueda seguir mejorando.

    Hay múltiples desafíos en esta jornada. Además de una nueva carrera, tener que aprender dos idiomas al mismo tiempo. Como mi intención es trabajar en periodismo o comunicación audiovisual aquí en Galicia, creo que usaré sobre todo el gallego, lo que hace que esta lengua sea igual de importante. No le doy primacía al castellano, aunque deba decirles que me resulta más fácil el idioma de Cervantes al de Rosalía de Castro. 

   El gallego es muy intuitivo para un portugués por sus semejanzas. El portugués y el gallego, como sabéis, son dos idiomas de una misma familia, o siguen siendo un mismo idioma (no hay consenso entre los filólogos en esta cuestión en virtud de estar bastante politizada). Sin embargo, las similitudes pueden representar una mayor dificultad. Simultáneamente, estamos todos más acostumbrados al castellano en nuestro cotidiano.


     Futuramente, me gustaría publicar también en estos dos idiomas, aparte del portugués, claro. Creo que lo voy a empezar.

5 de fevereiro de 2021

Guerra dos Tronos.

 

    Não há muitas actividades para desenvolver no rural galego, ainda menos em contexto de pandemia. Quando morava em Lisboa, ia frequentemente ao cinema, esporadicamente ao teatro, assiduamente a museus, exposições e palestras. Aqui, não há nada disso. As cidades mais próximas distam 70 e 30 km, num e noutro sentido.

   Já nos meus derradeiros dias em Portugal, mas sobretudo aqui, comecei a ver séries. Há umas semanas, começámos a ver Guerra dos Tronos, a épica produção do canal americano HBO que tanto sucesso fez ao redor do planeta. Desde logo, estranhei, uma vez que não gosto especialmente do género fantasia. E não é que a série é realmente boa? Tem fantasia, tem-na, mas eles fizeram aquilo de uma forma que a mim, particularmente, caiu bem. Provavelmente porque mistura história ficcionada, mitologia, intrigas palacianas, conflitos, religião. Vamos terminar hoje a sexta temporada e, assim espero, iniciar a sétima e penúltima.

    Sem contar muito, que quem saber vê, Guerra dos Tronos passa-se algures no início da nossa era, num continente ficcionado chamado Poniente (ou Westeros), dividido entre várias casas senhoriais que dominam vastas áreas feudais (os Sete Reinos) sob o ceptro da família Lannister, que vive em Desembarco do Rei. É precisamente nos domínios da coroa que está o Trono de Ferro. A série centra-se no assédio de várias das casas nobiliárquicas ao trono. 

    A violência é transversal a todas as temporadas, o que se compreende tendo em conta que o autor se inspirou claramente na Idade Média europeia, que não foi exactamente uma época de tolerância. A religião não existe como a conhecemos, ainda que George R. R. Martin -o autor da saga literária que deu origem à versão televisionada- tenha introduzido elementos do cristianismo e do paganismo. A fé predominante em Westeros consiste na adoração a sete deuses. Há personagens, entretanto, que professam outras crenças.


   Pressinto que Guerra dos Tronos tenha estabelecido um novo interesse em mim, ou pelo menos esbatido o desprezo pelo género fantasia (que não era mais tão inflexível desde American Horror Story). Derrubou alguns preconceitos que cultivava. Nem toda a fantasia é infantil. Nem toda a fantasia é um sem-sentido total. A conjugação de vários elementos, medievo e fantasia, religião e paganismo, tolerância e extremismo, resultou numa produção fantástica, muitíssimo bem dirigida e realizada, excepcionalmente caracterizada e interpretada.

3 de fevereiro de 2021

Rumos.

 

   Este desabafo é muito íntimo, muito pessoal. Creio que há muito tempo que não falava tão franca e transparentemente de mim. A idade das grandes exposições ficou lá atrás (que nunca foram tão grandes assim). Perdi a necessidade de contar aqui o que me angustiava.

    Pela primeira vez na vida, sei o que quero; sei o que quero de futuro, sei o que quero para mim, após anos, muitos, de instabilidade e devastação emocional, de crises existenciais, de fracassos autoinfligidos por teimosia e inércia. Pela primeira vez, gozo de uma tranquilidade e certeza inabaláveis. O futuro desvenda-se-me ante mim com uma clarividência total. Quase que consigo apalpar cada degrau. Já defini mentalmente cada etapa.

   O primeiro passo, de suma importância, dei-o o ano passado, quando bati com a porta e deixei tudo, rigorosamente tudo, para trás. Não vim com uma mala de cartão como a outra (pelo contrário até, com bastante segurança), mas não é menos verdade que cheguei aqui com a roupa que trazia vestida. Sem medos. Falta, entretanto, concretizar o que comecei, e agora não depende exclusivamente de mim, mas do meu marido, que não se pode ausentar do rural galego. Preciso da cidade. Preciso da cidade para me começar a dar sentido, para fazer surgir um eu que não existe e que idealizo há tanto, oh, tanto tempo, e que teima em não sair dos projectos que se sonham e se adiam. 

    Os mais próximos aconselham-me a ter paciência. É difícil ter-se paciência quando se vê o copo meio cheio, ou meio vazio, e com o tempo a correr atrás. Impiedosamente.