13 de maio de 2019

Plaire, aimer et courir vite.


  Há um mês que não punha os pés no cinema. As aulas não me têm permitido e as frequências começam já esta semana - a propósito, não estranhem alguma ausência nas publicações, nas respostas aos comentários e nas visitas aos seus espaços. Não vou ter tempo para nada até ao final do mês.

  Plaire, aimer et courir vite, em português, "Agradar, amar e correr depressa", é o típico filme que aborda a temática gay. Não vão aos anos 80, ficam-se pelos 90, também no auge da epidemia de HIV / SIDA. E é neste contexto que um romancista (Pierre Deladonchamps) conhece um miúdo, deixando-se apaixonar, o que só percebemos para o fim, que durante o filme há uma sucessão de rapazes e de engates que nos deixa confusos.

  O filme acaba mal (ohhhhhhhh!), mas vale pela fotografia, em Paris, pelo enquadramento romântico-cultural e para quem gosta do submundo gay, além daquele processo inicial de conquista entre dois homens. O resto é realmente mais do mesmo. A abordagem poderá ser outra, mas não há, efectivamente, nada que o torne inovador. Aliás, diga-se de passagem, o "acabar mal" já é habitual em filmes gay, sobretudo quando envolvem o HIV / SIDA. Não seria fácil acabar bem no dealbar dos anos 90.


   O que verdadeiramente temos é um à-vontade com uma característica típica do mundo gay: a promiscuidade. Sabemo-lo. Só falta que tenhamos coragem de o dizer. E o realizador soube deixá-lo evidente sem recorrer quase à pornografia. Ficou tudo devidamente tratado de forma, como direi, composta, sem nos provocar constrangimentos na sala de cinema. Acima de tudo, há uma inocência, uma candura e a tal conquista que são tão bonitas.

   Os retratos crus do estágio final da infecção também nos são costumeiros nestes filmes. Aqui, uma vez mais, não somos poupados àquela realidade tão dolorosa física e emocionalmente, pelo impacto que tinha numa comunidade já de si tão discriminada. Um lado preconceituoso que o realizador, Cristophe Honoré, quis esbater com a aparente normalidade com que o filho do protagonista encarava a homossexualidade do progenitor. São quase pequenos hiatos do presente transpostos para trinta anos atrás.

   Há tempo para termos uma visão diferente daquilo que o sexo deve simbolizar nas nossas vidas. A dado momento, Arthur (Vincent Lacoste), já tomado pelos efeitos do álcool, que é quando as verdades emergem, faz-nos pensar se fará sentido nos reprimirmos tanto, afinal, o sexo, o desejo e até os actos lascivos menos reflectidos fazem parte da vertiginosa aventura que é viver tendo hormonas. Para quê tanta repressão, segundo os personagens, se a vida, no fundo, é uma banheira sem fundo de aflições?

4 comentários:

  1. Seguramente que há caso de grande felicidade em Relações Gays, mas que há muita promiscuidade, traição, faltas de respeito, etc etc há de tudo e para todos os gostos ;)

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    1. Somos uma comunidade extremamente promíscua. É verdade, e só ganhamos em admiti-lo.

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