15 de agosto de 2018

Jardim do Torel & The Bookshop


   De entre os jardins de Lisboa, o pequeno Jardim do Torel é um dos que me é mais encantador. Pelo tamanho diminuto, pela inacessibilidade e pela vista. Situado perto do Campo dos Mártires da Pátria, chegamos lá através do Elevador do Lavra ou subindo a encosta, o que só aconselho à tardinha.

  Tem sido o meu refúgio pelas tarde. Sento-me num dos seus bancos a ler. Só os lisboetas sabem como é difícil encontrar um lugar que seja calmo para pôr a leitura em dia. O Torel, a menos que surjam uns quantos desordeiros, é calmo. A fonte de baixo estava seca da última vez que lá estive. Alguns turistas aproveitam a sombra e estendem-se confortavelmente na pouca área relvada que está disponível. Por estar situado ao alto da encosta, proporciona-nos aragens frescas. As noites também têm estado particularmente frias para a época.

  O Jardim do Torel surgiu de uma quinta do desembargador Cunha Thorel, rico homem. Já no século XX, o espaço foi cedido à Câmara Municipal de Lisboa, que se decidiu pela sua requalificação em jardim e miradouro, simultaneamente.

Captada por mim, há dois dias.
 
   Ontem, fui ao cinema. Vi o The Bookshop, inspirado num romance de Penelope Fitzgerald. É quase uma alegoria à determinação de uma mulher comum, normal, em abrir uma livraria num vilarejo pejado de pessoas estranhas. O autorrecluso enigmático, sobre o qual circulam todo o tipo de estórias, a megera requintada, o dandy esquisito e inescrupuloso. Creio que só encontramos semelhanças com a nossa realidade nos comentários toscos e quadrilheiros das vizinhas.

   Lição de moral: nem sempre, por melhor intencionados que sejamos, conseguimos vencer forças maiores, sobretudo quando elas têm tentáculos e se conjugam para nos destruir. Ficamos sem saber qual o interesse de todos naquela Casa Velha, o que ela terá, a par da antiguidade, de tão extraordinário que mereça tantos golpes baixos para minar uma livraria que só traria bons hábitos de leitura a um aglomerado populacional que certamente deles precisaria.

  Gostei das interpretações dos actores, nomeadamente de Emily Mortimer e Billy Nighy. Há uma cena em particular, enquanto ambos tomam chá, em que senti tamanha emotividade no discurso e na expressão facial de Billy, aqui no charmoso e galante Edmund Brundish. De igual modo, a fotografia surpreendeu-me pela positiva. Paisagens magníficas, embora escuras e cinzentas, da Irlanda do Norte. Inexcedível.

6 comentários:

  1. Tem toda a razão. É um dos espaços verdes mais bonitos no centro de Lisboa.
    E a vista é das melhores que a cidade tem para oferecer, apesar de não ser virada para o rio!!!!
    Deveria ir lá mais vezes também, mas está um pouco fora de mão.
    Mas é um mimo este espaço.
    E, sempre que lá vou, fico sempre com vontade de regressar, mas ... raro acontece.
    E os imóveis antigos daquela zona fazem-me sonhar sobre uma Lisboa abastada, burguesa, que já não existe, pelo menos ali.
    Umas boas leituras e um bom feriado
    Manel

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    1. Olá, Manel.

      Sim, as construções circundantes ao jardim são belíssimas. Tirei uma foto a uma delas, que infelizmente não carreguei aqui na publicação.

      É um mimo de espaço, como referiu, e ainda relativamente desconhecido para os turistas. Não tem as enchentes de outros.
      Está fora de mão, pois é. Até para mim.

      Obrigado, Manel. Bom feriado para si.

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  2. Gosto muito desse jardim de Lisboa?! ;)

    Abraço amigo e boas leituras ao final da tarde

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  3. Programação intensa e agradável com certeza. Hoje aqui é feriado dia da padroeira da cidade N S da Boa Viagem. Vou ao Museu Abílio Barreto e a uma Feira Gastronômica na Praça do Museu.

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    1. Muito bem. Aproveite o dia. Também é feriado em Portugal. Assunção de Maria.

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