23 de maio de 2018

You Were Never Really Here.


   Desconcertante. É o melhor adjectivo que me ocorre para descrever este filme. Um mercenário, solitário, que vive com a mãe e que recebe dinheiro para aplicar a vindicta privada, ou seja, fazer justiça em nome de quem lhe paga. Um homem que é uma verdadeira máquina de matar, impiedosamente, embora atormentado, e como não poderia deixar de ser, por memórias fortíssimas e permanentemente presentes ligadas a um passado de violência. O filme é de uma brutalidade extrema, perturbador, profundamente inquietante. Joe, monossilábico, sombrio, aparentemente impenetrável a qualquer emoção, cheio de cicatrizes pelo corpo e suicida frustrado, é interpretado, na minha opinião magistralmente, por Joaquin Phoenix. O filme, diga-se, recebeu ovações entusiastas no Festival de Cannes. Bem dirigido, de excelente fotografia, disse o que havia a ser dito sobre o desempenho de Phoenix

  Este sujeito, que nos atemoriza pelo olhar vago e numa primeira impressão desprovido de qualquer sentimento bom, consegue ser terno com a mãe, já idosa, e com as raparigas que salva dos mais hediondos esquemas de abuso sexual. Em momento algum somos levados a odiar Joe. Lynne Ramsay, mais uma vez, depois de We Need to Talk about Kevin, a trazer-nos um estado de profunda perturbação mental, com todas as consequências inerentes, em meio de uma sufocante atmosfera neo-noir. Joaquin Phoenix terá, aqui, um dos melhores papéis da sua carreira.

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