22 de fevereiro de 2018

The Post.


   Estava curiosíssimo com o filme, essencialmente por três (bons) motivos: Mery Streep, jornalismo e presidência Nixon / início de Watergate. Streep é uma das minhas actrizes favoritas - creio que é uma das favoritas de todos. O primeiro contacto que tive com ela, parece-me, foi com o She-Devil. A partir daí, fui aos antigos e continuei a segui-la com atenção. O jornalismo porque tenho uma paixão imensa pela área - seria sempre um jurista fracassado - e ainda acalento o sonho de me especializar em Comunicação Social. Aquele ambiente de redacções fascina-me, muito embora prefira a vertente televisiva. A segunda metade do século XX, concluindo, com a Guerra do Vietname e a derrota norte-americana, com tudo o que acarretou, configura um dos períodos históricos que mais interesse me suscita, e o filme conjugou todas essas características.

  Tratou um assunto bastante actual, até na realidade política portuguesa: até que ponto o interesse público se sobrepõe à necessidade que o Estado tem de manter determinados segredos apenas na sua esfera de conhecimento? E o que ali estava em causa era mais do que morder os calcanhares do poder; milhares de jovens americanos eram enviados como carne para canhão, alimentando as fileiras de uma guerra que se sabia perdida. A coragem do Washington Post, que não foi pioneiro, e de outros que lhe seguiram, é admirável. Nixon não era um homem que lidava bem com o natural assédio da imprensa. Atacava ferozmente todos os que se lhe opunham, o que não deixa de ser caricato numa democracia que se diz sólida como a norte-americana, acostumada a escrutínios profundos por parte da opinião pública. Portugal, em 1971, estava ainda a viver a Primavera Marcelista.

  Streep está nomeada, e justamente, para Melhor Actriz. Fenomenal, como nos vem habituando. A sua presença, até de boca fechada, muda um filme. Tom Hanks (o elenco era de luxo) aborrece. O filme é ele mesmo aborrecido na primeira parte, para uma segunda que nos prende a atenção até ao derradeiro momento. Spielberg teve uma boa ideia, adaptando o célebre escândalo do Pentagon Papers para o cinema, mas fico na dúvida se The Post tem arcaboiço, no seu conjunto, para levar a estatueta.

6 comentários:

  1. Curioso mas pela atuação de Mery Streep. Hanks e Spielberg não curto.

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  2. Gostei. Não percebi a nomeação.
    Talvez tenha sido uma nomeação politica. os tempos não são bons para a liberdade de imprensa.

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    1. É provável. Quem tem o poder sente sempre a tentação de calar a boca dos opositores. Até por cá.

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  3. Ainda me falta ir ver esse

    abraço

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