A dias de findar o mandato à frente dos destinos da nação mais poderosa da Terra, julgo ser oportuno fazer um balanço destes oito anos de presidência do Partido Democrata.
Quando Obama chegou à Casa Branca, em Novembro de 2008, escrevi sobre isso. Era um adolescente encantado com a vitória do primeiro afro-americano, ludibriado pelo capital de esperanças que configurava eleger um homem com um historial de confluência religiosa na família, o que seguramente facilitaria o diálogo ecuménico, de extrema importância no Médio Oriente (os Estados Unidos viam-se em mãos com o conflito no Iraque). Bush foi um dos piores chefes de Estado. Interessava-lhe estimular conflitos, invocar pretensos eixos do mal. Obama herdou o pior dos legados. Urgia reformar a administração, retirar no Iraque, apaziguar os ânimos e melhorar a imagem do país junto dos seus aliados e até dos seus inimigos.
Obama foi um sonho que não se concretizou. Fez justiça na revogação de políticas discriminatórias; conseguiu reduzir os impostos, primeiramente, e impulsionar a economia (meio na crise despoletada em 2008); tentou universalizar o acesso dos cidadãos mais carenciados aos cuidados básicos de saúde; protegeu os imigrantes, mas no essencial não lhe conhecemos uma medida que o perpetue na história. Se compararmos as expectativas depositadas com a obra feita, veremos que Obama passou pela presidência tal qual muitos dos seus antecessores, sem nenhum feito de registo. Na política externa, não refreou o ímpeto belicoso dos EUA. Deu o seu aval a uma intervenção armada na Líbia, enquanto retirava do Iraque e do Afeganistão, que cedo mergulharam no caos. Nem a morte de Bin Laden trouxe maior tranquilidade e paz. Pelo contrário. Regressaram ao Iraque e envolveram-se na Síria, controlados em parte pelo Daesh. De igual modo, não encerrou Guantánamo, ainda que o quisesse.
Entretanto, aproximou os EUA de Cuba, reatando as relações bilaterais com a ilha. No Irão, conseguiu negociar o fim do programa nuclear de Teerão. Em simultâneo, a Rússia procura expandir-se na Europa de leste. Nem o fato de "polícia do mundo" lhes assenta adequadamente, uma vez que fica demonstrado que a ingerência suscita o descontentamento em potências rivais e o desejo de afrontar esse papel de que se investiram, à margem das Nações Unidas.
Teremos uns EUA mais justos e solidários? Diria que sim. Convivem melhor negros e brancos, heterossexuais e homossexuais, nacionais e estrangeiros. Obama foi o rosto da tolerância. A igualdade é-lhe cara. Está-lhe na massa do sangue. Quis e idealizou um país em que todos pudessem viver pese embora as suas diferenças raciais, sexuais e socioeconómicas.
É o fardo do intervencionismo e do espírito beligerante que carregará nas costas, bem como os seus sucessores. As décadas de interferência produziram estes frutos, situação que Trump soube interpretar, prometendo que fará de tudo para diminuir a presença dos EUA nos conflitos internacionais. Caricato, porque os EUA começam a sentir-se reféns, quando têm sido carrascos.
Belas palavras como sempre!
ResponderEliminarAbraço!
Obrigado, Pedro. :)
Eliminarabraço.
Penso que fez um trabalho excelente e organizou a casa.
ResponderEliminarGrande abraço amigo
Respeito, mas não concordo. Quanto à política externa, falhou rotundamente. Não passou de um "wannabe". Nas medidas mais caseiras, sim, não foi dos piores.
Eliminarum grande abraço, amigo.
Infelizmente sei pouco da política interna nos EUA, mas a questão económica foi mesmo muito complicada.
ResponderEliminarQuanto à política externa não acho que teve maus resultados, o mundo é que muda muito rápido e nem sempre existem olhos suficientes para controlar tudo o que se passa.
Veremos o que acontecerá nos próximos 4 anos, mas à partida a coisa parece feia.
Abraço
Eu tenho uma tia-avó a morar nos EUA há perto de setenta anos.
EliminarNão diria que teve maus resultados, mas ficou aquém do que se esperava. Nem Guantánamo fechou.
um abraço.
Guantánamo é um assunto delicado. Não se trata apenas de fechar uma prisão, acho eu.
ResponderEliminarTrata-se de vontade política. Simples. A prisão de Guantánamo não respeita as convenções internacionais no que respeita ao tratamento dos detidos. Obama quis encerrá-la, mas, pelo que sei, continua lá, com a CIA a proceder a interrogatórios que não se sabe bem em que moldes são efectuados.
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