Começaram, hoje, as orais de melhoria. Saí de uma há poucas horas. Como acontece nestes casos, escolhemos um tema que apresentamos ao júri. Esta modalidade de orais é substancialmente diferente das mais comuns, designadas por de passagem. Nessas, os professores correm a matéria, aferindo, assim, os conhecimentos dos alunos. Entende-se. Estas baseiam-se no dito tema que é escolhido livremente desde que esteja inserido no contexto da disciplina. O objectivo é tão somente o de reforçar a nota.
Não será fácil. Quero fazer melhorias a tudo, mais a umas quantas do primeiro semestre e a duas do ano passado que, por incúria, não fechei. Talvez pelo cansaço, não escolhi todos os temas a apresentar. Sentia-me bastante preparado para a de hoje e consegui subir dois valores. Fiquei com a nota que queria, mas não deixaram de avançar pelo programa da cadeira. Quase que fui testado uma segunda vez, onde, no teste e na avaliação contínua, demonstrei o que sei. Por levarmos um trabalho de pesquisa preparado, para expor oralmente, não significa que não tenham liberdade para tocar noutros pontos que considerem relevantes.
A manhã esteve amena, no entanto, decidi deixar o fato no closet. Escolhi uns jeans escuros, camisinha branca, gravata, blazer fresco e assim fui. Um sapato casual e prontinho. Ser finalista permite-nos um certo à vontade. Já se vê professores de pullover e, meses atrás, vi um assistente de ténis. Fiquei, ficámos boquiabertos. Está para cair "um santo do altar". São os novos tempos que atravessam a faculdade, a renovação de que tanto se fala aqui e ali.
Sou fiel a algum cuidado na indumentária. Um professor de ténis, assuma-se, não é um quadro agradável. Há que ter em consideração os cursos. Num de Geografia fará todo o sentido; Letras, por exemplo, em que os visuais são alternativos, ousados, irreverentes. Agora, imagine-se um juiz que vai julgar uma causa, a nossa causa, de ténis. É puro preconceito, eu sei, eu sei, mas exige-se um pouco de rigor. Só falta dar aulas mascando pastilha elástica!
Gosto do formalismo no trato. Gosto da distância respeitosa que nos distingue dos professores, não necessariamente numa lógica de superior / inferior. Nada disso. Hoje, eles; amanhã, eu, quem sabe. Perde-se valores a cada década. Ao ritmo com que perdi o temor natural, que os alunos sentem, ao encarar dois ou três docentes com ar sisudo. As orais despojaram-se desse estigma. É o hábito. Correu bastante bem. Até é uma ajuda, visto que falo pouco. O ponto fraco que encontro em mim.
Estou exausto. Dormi mal, acordei cedo e tenho a mente cheia de palavras que quero jogar fora. Daqui a dias tenho outra, e outra, e outra...
Preciso de sol, mar e sumos gelados.