Passei a noite em claro. O teste de quarta fez-me pensar que nem tudo é tão claro quanto parece. Sabes, é como quando um castelo de certezas se desmorona perante um indício de erro. Fiquei surpreso quando vi tanta determinação e confiança quando esperava que fraquejasses mais uma vez. Estranha sensação a de querer ser incomodado. Sentia o nervoso miudinho de ver uma escrita tão impetuosa e certeira. Afinal, estávamos com uma evolução nítida.
Ligaram as luzes do anfiteatro. Anoitecera. Olhei e vi as rugas de expressão do teu rosto e aquele tique tão engraçado de leres e releres a pergunta vezes sem conta. Será mesmo assim; o que isto quererá dizer? - pensas, concentrado. Descortino os teus pensamentos, mas a expressão facial é tão reveladora que nem precisaria de algo mais para afirmar que não entendeste tudo do princípio ao fim. Paras e desenhas algo no canto inferior esquerdo da folha. A visão periférica acabara de me dizer que olhaste para mim, mas eu antecipei-me e desviei certeiramente o olhar.
Que hábito de considerar as minhas respostas sempre incompletas. Quando falta algo, retomo a ideia anterior acrescentando o que considero estar em falta. Não que queira dar substância, afinal, "isto não é um restaurante em que a lagosta é ao peso". O professor chega a ser cómico de tão mau.
- Tens folhas de teste a mais?
Tenho.
- Podes me dar uma?
Não gostas de sussurrar, outra característica que não partilhamos, mas a densidade do teu teste dá a ideia de uma noite inspirada. Agora, olhando pelas altas janelas que se erguem sobre a madeira envelhecida da parede, pequenos feixes de luz são visíveis na rua. Uma luz alaranjada, cor de fogo, que rompe a espessa negritude.
Vejo pessoas correrem apressadas, outras terminando rapidamente de escrever à medida que trocam ideias desconexas. E o som, abafado, soa-me na cabeça a uma velha fita de cassete ouvida vezes sem conta.
A 2. ficou por concluir. Desço e entrego.
Espera... Tens algo a dizer.
- Correu-te bem?
Fazia frio lá dentro. As portas, abertas, agitavam o ar no interior do auditório, levitando e afastando gradualmente um enunciado esquecido em cima da bancada. Passam por trás de mim com um ligeiro empurrão.
Saí sem ver a exposição à entrada. Não comprei o livro que queria, nem a peça de artesanato tradicional para a avó. Só eu e a rua à minha frente. Passei por debaixo das luzes alaranjadas que via do interior e que iluminavam a calçada molhada. Deixei a vontade lá dentro e trouxe a certeza de que a noite iria ser longa.
Determinação, inquietação ou dúvida...?
ResponderEliminar...Um abraço.
Um pouco das três num início de noite de novembro.
ResponderEliminarAbraço. ^^
Essa cabecinha anda mesmo confusa...
ResponderEliminarMark, a inquietação e as dúvidas nestes contextos fazem-nos sofrer! Valerá a pena?
ResponderEliminarForça!
Eu não gosto, eu amo! Gostaste do post?
ResponderEliminarNão sei, Paulo. Por vezes, acho que não. ^^
ResponderEliminarAbraço. ^^
Oh... és um querido **
ResponderEliminarobrigada eu :D
ResponderEliminarA tua escrita está cada vez mais elaborada e tenho um pressentimento de que em breve te poderás aventurar a escrever algo mais do que textos para o blog, ou até mesmo começar com uma compilação seleccionada de alguns deles.
ResponderEliminarMuito obrigada por seguires! =D
ResponderEliminarE quanto à pessoa especial,só não falta oportunidades por aí. Quando menos esperares encontras uma,acredita =)
Um grande beijinho*,e obrigada!
Um rapaz com um blogue, é muito raro. Adorei o que escreves! Vou seguir-te.
ResponderEliminarAh! caso queiras responder ao meu comentário, responde no meu blogue para ter notificação. :)
Um grande beijo.
Muito obrigado, Pinguim. Vocês têm-me em tanta consideração que até fico envergonhado. :$ Ainda bem que regressaste. (:
ResponderEliminarMuito obrigada Mark :) Um beijinho, vou passar cá sempre que houver um post novo :p
ResponderEliminarADORO *_* , sigo, segues o meu o: ?
ResponderEliminardetesto avaliações!! detesto!!
ResponderEliminarA minha técnica estava toda na arte de fazer um bom rascunho/esquema da resposta, assim dava pa controlar melhor a matéria que era essencial.
Emanuel: Também odeio avaliações. :x Mas, no fundo, compreendo-as: de outra forma não teriam bases para nos transitarem de ano e, por fim, nos darem o tão ansiado diploma. (:
ResponderEliminarEu sempre escrevi imenso nos testes. Nas disciplinas histórico-jurídicas, então, cheguei a escrever três folhas de teste mais uma parte de uma quarta. Mas olha que a ideia do rascunho/esquema é ótima. ^^