À medida que o tempo arrefece, uma espécie de inquietude toma-me de assalto. Talvez recordações de infância ou saudades de quando a seguir ao outono viria o inverno e depois, de novo, a primavera.
Hoje, na rua, expirei o ar quente dos pulmões de forma a ver se o mesmo fazia o pequeno fumo pelo contacto com o ar frio exterior. Abotoei o casaco e coloquei as mãos nos bolsos enquanto caminhava. Ao caminhar, o ar frio embatia contra o meu rosto, ressequindo-me os lábios e afastando-me a franja do cabelo dos olhos. Em casa, ficaram os livros do teste de quarta e os apontamentos desfiados sob a luz âmbar do candeeiro da secretária da mãe.
Um rapaz amigo do Pedro está no passeio lateral a passear o cão. Separou-se da mulher e voltou à casa dos pais. Pretendentes não lhe faltam, mas a sua melhor companhia tem sido o grande canídeo branco. Vê-me e acena-me com a mão. O cão puxa-o impetuosamente para a frente e por pouco não se solta. Continuo a andar.
Uma gota de água cai sobre a minha cabeça vinda de uma varanda. Uma simples gota de água é o suficiente para afastar os meus pensamentos. Quando estamos impenetráveis, nunca o é assim tanto que não possa acabar.
Chego à cafetaria e peço o meu chá mais meia torrada com pouca manteiga. Antes, vou ao banheiro para dar um jeito no cabelo. Passo a mão na franja e gosto do efeito moldado que adquire sobre a testa. Os olhos ardem por ter estudado durante toda a manhã. Abro a torneira e ouço o som da água a correr. Molho o rosto e é como se voltasse à realidade de uma tarde interminável.
Queria desamarrar-me de mim próprio. Poder ver de novo o mundo de uma outra maneira, sem as concepções já conhecidas. Voltar atrás e redesenhar o futuro.
Senti frio, mas observei que o casaco continuava vestido e, porventura, abotoado. A mão, gélida, apertava com força a xícara quente do chá. A efusão de ervas verdes foi um doce aroma ao meu olfato apurado.
À saída, olhei para trás e vi a rua terminar numas luzes distantes. Senti a falta de um rumo definitivo.
O frio manteve-se em mim, mas agora com motivos sólidos: despi o casaco e rasguei o vento noturno enquanto me dirigia para casa.
Bolas!
ResponderEliminarQue transformação a tua...
Não me canso de ler as tuas divagações sobre ti próprio, tão adultas, quando comparadas com as de há um ano e pico atrás,onde te mostravas um ser humano extraordinário, mas eivado de nuances muito especiais, um tudo nada peculiares de um estado de espírito ainda recém saído da meninice.
Gosto muito do que leio de ti, aliás sempre gostei; mas agora és um Homem!
Adoro o modo como escreves! Vou acompanhar :)
ResponderEliminarDigo-te uma coisa: a maneira como escreves é simplesmente espectacular.
ResponderEliminarJá pensaste em escreveres um livro?
E estou a ser sincera,quando te proponho isto.
Agora quanto ao conteúdo do post: não percebo aqui o teu estado de espírito,pois só sigo o teu blog à pouco tempo,mas pelo que me parece trata-se de amor não correspondido,e agora estás a tentar seguir um novo rumo. Estou certa?
Bem,independentemente do que se tratar tenta usufruir de cada momento como fosse o teu último. Acredita que vais viver de uma maneira muito mais "verdadeira".
Beijinho*
p.s-sei que não me conheces de lado nenhum,mas se algum dia quiseres falar estás à vontade. Infelizmente também tenho experiências (e infelizmente estou a viver uma agora) menos boas.
Por isso,qualquer coisa já sabes =)
Tens aí um bichinho dentro Mark :) sortudo!
ResponderEliminarObrigado por me seguires :$
ResponderEliminarI only wanted you to taste my sadness as you kissed me in the dark.
ResponderEliminarTem um bom domingo rapaz.
Espero que um dia acabes o teu livro.
ResponderEliminarGostaria muito de o ler =)
E obrigada,é muito querido da tua parte o que me disseste =´)
E já agora: vou seguir o teu conselho. Vou ver como as coisas correm,vou esperar pelo o que o futuro me reserva. Só aí,é que irei arriscar.
Beijinho* e obrigada!! =)
Pinguim: Obrigado. Parece que cresci mais um bocadinho. (:
ResponderEliminarSpeedy: ... on the roof top that
rainy night. ^^
Tu também. (:
desafiar o vento, é quase como que desafiar a direcção de tudo o resto que o segue, nomeadamente tantas vidas que passam na ventania, mas desafiar o vento aquece;-)
ResponderEliminarEmanuel: É como desafiar-me a mim próprio. É a sensação de liberdade e de risco, uma vez que até ando meio engripado. ^^
ResponderEliminarObrigada do fundo do coração <3
ResponderEliminarOlha que é mesmo, enquanto que nós nem mudaríamos nadinha nessa pessoa... enfim, leis da vida!
ResponderEliminarOra aí está, Mark!
ResponderEliminarObrigadooo :D
ResponderEliminar