24 de outubro de 2011

Let's talk about international issues...


Sou daquelas pessoas que acredita, tal como um muito conceituado professor que tenho este ano, que todos nós devemos ter uma educação cívica para além dos conteúdos programáticos das várias disciplinas. Algo, sobretudo, que nos leve a pensar como pessoas inseridas em sociedade e não apenas como máquinas incessantes em busca da média ideal.
Hoje, numa aula, debatemos assuntos da atualidade que, de certa forma, até estão relacionados com o conteúdo da cadeira. Como sempre procurei estar a par do que se passa pelo mundo, estas pequenas exposições em que ouvimos a opinião de alguém mais experiente, aprendendo, e também podemos intervir, são bastante úteis.

Mau grado não conseguir estar cinquenta minutos atento e aproveitaria mais as aulas. Uma amiga, a V., que odeia política internacional, não consegue estar quieta, em silêncio, durante muito tempo. A tarefa torna-se ainda mais árdua quanto temos um rapaz, gay, de pull-over cor-de-rosa a olhar para nós extasiado e um outro, mais distante, a gesticular num modo efeminado para uma rapariga (o que lhe valeria uma repreensão pelo incómodo na aula seguinte). Sim, há assim tantos e ainda mais. O do pull-over rosa choque (piroso) é discreto, até começar a andar...; o outro é: "Uau!, sou linda, chegay!". Disse tudo. (risos)
Falou-se das circunstâncias trágicas, eu diria, da captura e execução sumária de Kadhafi, o que configurou uma violação total dos direitos humanos e do direito internacional aplicado aos prisioneiros de guerra (conforme o estabelecido nas Convenções de Genebra) e - uma notícia melhor - do fim da atividade armada da ETA.

O conceito de Justiça diz-nos claramente que a análise dos factos, as provas e a aplicação das penas compete apenas e exclusivamente aos tribunais. Ninguém tem o direito de tirar a vida a alguém, menos ainda se não se tratar de uma sentença que transitou em julgado. Se existiam provas em como Kadhafi cometeu crimes sob a jurisdição do Tribunal Penal Internacional, entregassem-no a Haia para que tivesse um julgamento justo e equitativo. Que se retirem ilações para o futuro e que estas graves violações dos direitos humanos não tornem a acontecer.
O fim da atividade armada da ETA é um forte motivo de regozijo, pese embora defenda a plena independência e autodeterminação dos povos, como está estipulado na Resolução 1514 das Nações Unidas e na própria Carta da mesma. Se os bascos se consideram um povo distinto dos espanhóis, qual o motivo para que não lhes sejam atribuídos os mesmo direitos do Kosovo, das ex-repúblicas soviéticas em 1991, do Sudão do Sul, dos diversos países que compunham a ex-Jugoslávia, etc? Espero que a luta continue, de forma pacífica e com os meios legais e legítimos (através do recurso à atividade diplomática).

Uma das melhores qualidades de que fomos dotados (para mim, por Deus; para vocês, depende das crenças individuais) é, sem sombra de dúvida, a capacidade de discernir entre o justo e o injusto; o certo e o errado. O sentimento de Justiça é intrínseco a todos nós, exceto nas pessoas-animais sem qualquer tipo de código moral de valores e conduta.
A velha boa máxima cristã do "não faças aos outros o que não querias que te fizessem a ti", despudorada de interpretações levianas - e de algum preconceito antirreligioso* - faz e fará sempre todo o sentido.

*segundo as normas ortográficas vigentes


9 comentários:

  1. hummmm...essa do pull over rosa choque não gostei Mark looool eu tenho um lindo!!! ehehe
    E sim, Direito é cada vez mais um curso com frequência homossexual:-)

    Adoro direito internacional, então tive uma professora que era esposa do embaixador português na Rússia...olha um luschooo de senhora...louca de paixão... na primeira aula olha para mim:
    - o senhor, como se chama?
    - Emanuel...
    - Ah Emanuel como o Kant...ah mas deixe estar que o senhor é bem mais bonito...

    E era ver-me a descer naquela cadeira no auditório, cheio de vergonha.

    Mas olha quanto ao Kadhafi concordo plenamente contigo, mas infelizmente é o que podemos contar da civilização em que ele está inserido... é injusto no sentido mais teleológico do termo, e é-nos chocante assistir a estas barbáries mas...é a realidade de todo um povo.
    Quanto à independência dos bascos, já não posso concordar contigo...:-)

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  2. Emanuel: Assim, menciono-te pelo nome e não por "Meia Noite e Um Quarto". (: Era demasiado impessoal, apesar de poder recorrer sempre a "colega".
    O pull-over era realmente feio. Nada contra o cor-de-rosa (apesar de não me favorecer). :D
    Também adoro DIP: acho interessantíssimo e do mais atual que pode haver, numa época cada vez mais globalizada e em que progressivamente vamos perdendo a nossa soberania... Acho que as normas de direito internacional são cada vez mais úteis e necessárias.
    Oh, o comentário foi agradável, apesar de inconveniente. A senhora não mediu as palavras. :)

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  3. Olá Mark,

    Uma lufada de ar fresco este teu post. Grato pelos apontamentos culturais (e não só). Muita gente deveria ter consciência do que referiste.
    Quanto aos estereótipos "gays"... no comment!

    Até já

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  4. Sapo: Obrigado. :3
    De facto, qualquer um dos dois preenchia o triste estereótipo. :(

    ^^

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  5. "Estereótipos"

    serão estes escolha ou "exagero" de quem deles é portador? Acredito que não de todos. Afinal, se a orientação sexual não é escolha do indivíduo o mesmo se passa com o sujeito quanto aos chamados "estereótipos". Questiono a preocupação que parece existir em torno da igualdade dentro de um grupo em que a diferença reside na orientação sexual. Julgava que todos eram pessoas...

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  6. Paulo: Tens toda a razão e eu peço desculpa se em algum momento evidenciei o contrário. Longe de mim! Sempre defendi a liberdade de "ser" dentro da homossexualidade e, de facto, seria hipócrita se não o fizesse. Somos todos iguais e não faz sentido discriminar um indivíduo apenas por este não preencher o que se pré-determinou como aceitável segundo o seu género sexual. Resumindo: não concebo de forma alguma que se distinga seja quem for mediante critérios de preconceito. Aliás, sempre defendi algumas figuras públicas que sofrem preconceito por serem (e abomino o termo) "efeminadas", tanto em conversas particulares como na própria blogosfera. Luto e lutarei sempre contra todos os tipos de discriminação, mas admito que o caráter dúbio do que escrevi poderia levar a uma má interpretação. :(

    Mais uma vez, peço desculpa.

    Abraço. ^^

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  7. Se me permitem acrescentar algo também... quando me refiro a estereótipos refiro-me a aqueles que se apoiam na demasia da sua condição sexual, tornado-o num exagero e num artifício.
    Atenção! É muito importante saber distinguir muito bem a delicadeza e sensibilidade, com a histeria e o exagero (como se de uma necessidade de afirmação se tratasse)!
    Não me sinto confortável na posição de julgar os demais, pois tenho plena consciência o quão vlnerável a minha condição me torna. Porém, é facilmente denotável quem age assim por genuinidade e quem o faz por "artíficio" só para chamar à atenção e esse tipo de artifício a minha faz-me confusão.
    Mas ao fim e ao cabo são todos pessoas como referiste, Paulo. E quem melhor do que nós para compreender essa situação?
    Obrigado a ambos.

    Até já :)

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  8. Gays, há cada vez mais por toda a parte. E ainda bem.

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  9. sad eyes: Absolutamente de acordo. (:

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