7 de outubro de 2011

Encontros imeditados... no bar.


Nunca fui de ficar a conversar no bar da faculdade. Aquele ambiente inóspito de pessoas nervosas devido às aulas, testes, exames e afins, não tem um efeito sedutor em mim. Há quem passe horas a conversar no bar da faculdade e depois há quem prefira ir para o Saldanha, Campo Pequeno e El Corte Inglés, etc, com as amigas: eu. Hoje, surpreendentemente, conseguiram convencer-me a ficar no bar depois das aulas. Por sorte, fizemos todos a matrícula ao mesmo tempo de forma a ficarmos juntos na mesma sub-turma e conseguimos. Esta tarde, então, proporcionou-se uma conversa amigável entre mim, uma amiga, um colega nosso e o R. (há imenso tempo que não falava dele diretamente). Conversa puxa conversa e acabámos a falar de homossexuais na faculdade. Ultra constrangedor. A minha relação com o R. está mais do que fria; podem adivinhar o clima estranho que ficou no ar, para além, evidentemente, do caráter polémico do tema. De facto, naquela faculdade há imensos gays visivelmente assumidos, outros semi-assumidos, os discretíssimos que só com gaydar apurado são percetíveis e ainda aqueles que todos sabem que o são, exceto eles mesmos que se negam terminantemente. Resumindo: há imensos gays e lésbicas. O R. depressa arrumou uma desculpa para se subtrair à agradável tertúlia e eu também saí pouco tempo depois.

Não foi uma desculpa esfarrapada da minha parte. Combinei realmente lanchar com a avó e ainda tinha de passar pela livraria da faculdade para comprar mais um livro (comprei onze livros em cinco dias, coisa pouca...). Estava muito bem a procurar o livro quando esbarro l-i-t-e-r-a-l-m-e-n-t-e com um rapaz giríssimo. Alto, muito alto, louro de olhos esverdeados. Por pouco não deixo cair os cadernos. Ele, simpático, pediu-me desculpas todo sorridente e começou a fazer-me perguntas.





"Então, és caloiro?" - Não.

"És de Lisboa?" - Sim.

"Estás em que ano?" - 2º.

"Estás a ter dificuldades?" - Não.

Eu respondi quase em monossílabos de tão constrangido. Eu sei que as coisas neste universo funcionam meio rápido (anda um há meses a convidar-me para cafés e eu nada porque não houve aquele clique - mora perto de mim), mas assim tão rápido? Por mais que tente ser simpático, tenho consciência de que fui quase grosseiro com o rapaz. Eu reparei logo que ele é - no mínimo - bi ou então gay naquela categoria discretíssimo, contudo não me conhece de lado algum e desatou a fazer-me perguntas. Um pouco de discrição nunca fez mal a ninguém. Não gosto de fazer o «papel de difícil», nada disso, apenas acredito que deve haver tempo, empatia, no fundo, algo que inicie o processo de conhecimento entre duas pessoas.
Terminou dizendo-me que era do 3º ano, deu-me o número de telemóvel e disse-me que se precisasse de ajuda para não hesitar em contactá-lo.
Em um momento, de estranho passou a quase amigo com direito a lugar na lista de contactos no telemóvel. Atualmente, terá se ser tudo assim tão fugaz?


13 comentários:

  1. Eu acho que ele foi simpático e se está interessado em ti, bem... a culpa é tua... ninguém te mandou fazer o género do rapaz =p (pelo menos à primeira vista)

    Abr

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  2. O amor é definitivamente algo mais do que esquisito!

    Compreendo-te, comigo passa-se o mesmo...
    Há dias em que estamos tão perto de "qualquer coisa" e outros há, que, é melhor nem sequer falar neles, porque são de uma frigidez incrível.
    Vivemos uma vida de "Quase" como diria Mário de Sá-Carneiro

    Oxalá, alguém, um dia consiga resolver este dilema do "tão perto e tão longe"

    Diogo

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  3. Miguel: :)

    Diogo: Disseste uma verdade maior do que aquilo que julgas, provavelmente. (: A minha vida é realmente uma vida de "Quase" e de "exceções". Aliás, faço uma breve menção a isso num dos textos mais recentes. Parafraseando-me, "tenho sido uma grande e honrosa exceção durante toda a minha vida". :)

    Abraço a ambos. :3

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  4. julgo que foi natural.
    chama-se empatia... e a conversa foi sobre faculdade, pelo que não teve nada de mal :p

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  5. As coisas acontecem...
    Não é preciso andarmos à procura, basta não desperdiçar oportunidades.

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  6. sad eyes: Sim, a conversa não teve mesmo nada de mal, eu estranhei apenas o caráter rápido em que tudo se processou. Digamos que se estivesse no lado contrário, o dele, não teria coragem para abordar alguém que não conhecia de forma tão direta. :)

    pinguim: Cada vez mais me convenço disso mesmo. Não adianta planear muito o que queremos da vida. Ela sempre nos surpreende... No fundo, somos encaminhados por ela. Como disseste, as coisas acontecem.

    Abraço a ambos. :3

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  7. Mark,

    concordo com o Sad Eyes e Pinguim. Ainda existem pessoas simpáticas. Por exemplo, em cidades do interior, é frequente encontrares pessoas assim (ex: Viseu).
    Permite-te.
    Não racionalizes tanto. Não fez nada de anormal e foi gentil. Já tu... ai, ai. Por isso, toca a usar o nº de tm e marcar um café. Pode até nem ser homossexual mas pode vir a ser um grande amigo!
    Ousa.
    Força.

    Abraço.

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  8. Paulo: De facto, quem sabe... Mas olha que aqui nas grandes cidades não é muito natural veres assim tanta simpatia espontânea e desinteressada. Há exceções, claro. :)
    Sim, vou enviar-lhe uma sms. Não perco nada e sempre é mais um amigo.

    Abraço. ^^

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  9. Por experiência própria, porque já fui alvo de algo do género, digo-te: ele está interessado...e se calhar sabe mais de ti do que julgas.

    Uma das pessoas que me fez isso, apelidei-o carinhosamente de Stalker34...sem ele saber claro.

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  10. Meia Noite e Um Quarto: Talvez, também estranhei tanta solicitude, mas não quero fazer grandes juízos de valor. O olhar dele denunciou algum interesse, basta saber em que medida. :3

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  11. Há oportunidades na vida que te aparecem às 7h da manhã. Tu dizes sim, ou não. Ou arrastas a oportunidade até ao fim do dia, ou ela vai-se embora e tu nem com a morada dela ficas.
    As oportunidades viajam. É tudo um teste.

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  12. Herético: O pior de tudo é eu saber que tu tens absoluta razão, mesmo extrapolando o mesmo para a vida em si. As tuas palavras trouxeram-me a inevitabilidade do grande jogo de vencer e perder de que se trata a vida...

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  13. Num dos livros que mais me marcou, a Profecia Celestina, enaltece-se o valor das pequenas coincidências do dia a dia, e como elas podem ter o poder de mudar a nossa vida se as seguirmos. Esta pode ser a tua oportunidade, não necessariamente em termos de relações, mas, quem sabe, um bom amigo.

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