31 de dezembro de 2022

O ano, o ano terrível.


    Neste fim de ano não irei, pela primeira vez em muitos anos, fazer uma revista aos doze meses. Foi um ano tão horrível a título pessoal que inclusive por uma questão de dignidade me irei poupar a essa tarefa. Houve temas nacionais e internacionais que naturalmente mereceriam uma pequena abordagem em jeito de síntese, em todo o caso, o que me aconteceu sobrepõe-se a tudo, e portanto 2022 ficará entre as minhas piores recordações.

   Quero desejar-lhes um ano novo com o que peço para mim: tranquilidade e paz de espírito, o que menos tenho e o que mais necessito. 

    Vemo-nos em 2023, creio eu. O blogue tem estado um pouco à margem da minha atenção. Definhou como eu. Se me recupero, é provável que o recupere. Sem promessas.

30 de dezembro de 2022

Cem anos da constituição da União Soviética.


   A União Soviética foi formalmente criada há cem anos, a 30 de Dezembro de 1922. Surgiu dum ideal de igualdade social que nunca se concretizou, quiçá porque a igualdade seja uma utopia, uma bonita utopia cujo sonho de alcançar é meritório. Do sonho veio o pesadelo, e uma vez mais matou-se em nome de uma ideologia. É o que temos feito desde que existimos, portanto, mais do que escrever uma efeméride de exaltação ou condenação, quero tão-somente recordar a constituição de um Estado que escreveu, em autoria ou co-autoria, todos os manuais de História do século XX.

27 de dezembro de 2022

Vigo.


  Gosto muito de Vigo. Vigo, que é a maior cidade da Galiza, lembra-me Lisboa pela azáfama, aquilo a que os espanhóis chamam bullicio (termo que também existe no português). Necessito dessa azáfama, barafunda se quiserem. Cresci numa cidade, sou urbanita. Vivi durante três anos no rural, num meio pequeno, e a experiência não foi boa. Fui feliz por lá, é certo, porém, sentia sempre a falta não só de todos os serviços que uma cidade tem como também daquele ritmo que muitos consideram o pior lado das cidades.


Um boneco de neve natalício enorme


 Agora vivemos numa cidadezinha agradável, com 14 mil habitantes, com todos os serviços. Vigo, entretanto, mantém-se como o meu paradigma de cidade a viver na Galiza. Gostaria de me mudar para lá no médio-prazo. Não sei se será possível, uma vez que comprámos aqui um apartamento. Vai-se vendo. 


Quem não gosta de um urso? 


    O presidente da câmara de Vigo (aqui chamam-lhe alcalde) é um obcecado com a iluminação natalícia. Não será apenas obsessão; vai buscar milhões com aquilo em retorno do turismo. É um negócio. Vigo transforma-se. São tantos os adornos, as luzes, os artefactos, que a cidade fica um mimo (para quem gosta, naturalmente). As tragédias pessoais ainda não conseguiram roubar-me o carinho quase infantil que nutro pelo Natal, daí que tenha decidido ir a Vigo ver as luzes. Em Lisboa, fazia-o quase diariamente. Não me cansava de descer as avenidas para desfrutar da cidade reluzente.


Que esta estrela os ilumine

   Deixo-lhes algumas fotos do meu percurso por Vigo, da minha rota natalícia.

24 de dezembro de 2022

Feliz Natal.


   Há algum tempo que não venho aqui. O blogue, confesso, já não me é útil. Ainda me lembro dele, de outra forma não estaria aqui, mas não é o que foi durante 14 anos. É bem provável que nos tempos vindouros equacione se o mantenho ou não. Enfim, esses balanços ficarão para o Ano Novo. 

    No Natal mais triste da minha vida, estou a tentar ir buscar forças onde não as tenho. Espero que vocês o passem melhor que eu, com a família ou quem quiserem. A família são aqueles que escolhemos para ter ao nosso lado.

    Deixo-lhes uma foto da minha estadia de ontem em Vigo, quiçá a cidade mais natalícia da Europa, e os votos de um Feliz Natal.



7 de dezembro de 2022

A campanha de Portugal no Mundial 2022.


   Talvez seja precipitado da minha parte fazer desde já uma análise à participação de Portugal neste campeonato do mundo de selecções. A competição não terminou, tão-pouco para o nosso país. 

   Portugal, ontem, goleou a Suíça. Praticámos um futebol que eu nunca vi, e há quase vinte anos que acompanho as prestações de Portugal nestes torneios. Temos jogadores com muita qualidade; um meio campo de ouro, uma defesa eficaz. Somos candidatos ao título. Podemos ficar pelo caminho, chegar à final, ganhar. Ganhar, porém, não é uma utopia. Vale o que vale, claro. Há sempre quem não goste de futebol, do mediatismo do desporto-rei. Respeitável. Temos outros problemas no país. Correcto. Uma coisa não invalida a outra, não é o que se diz? Dos nórdicos aos africanos, todos vibram com aquele objecto esféricos que se movimenta aos pés de 22 jogadores. Por algum motivo será, digo eu que nada sei.

   Ronaldo é um impresentable, como dizem os espanhóis. Menino mimado, arrogante, egocêntrico, prefere sair-se bem num jogo, ele, ao sucesso colectivo, de Portugal e dos seus companheiros. Fernando Santos foi sensato e demonstrou firmeza ao mantê-lo no banco. Foi (é) um grande jogador, o melhor, sabemo-lo, mas há que preparar o futuro da selecção. Ronaldo não é eterno, Portugal continuará a precisar de vitórias se quiser alcançar o lugar que merece entre as grandes selecções. Além disso, a selecção  não é propriedade de Ronaldo e família. É um conjunto de atletas que vestem a camisola da sua nação. Quando um jogador, por melhor que tenha sido ou for, não pode contribuir, independentemente do motivo, fica no banco. O interesse supremo é o do conjunto e, no limite, o do país, no que a esta competição se refere. Reacções de desagrado, mal-educadas, só desonram quem as tem. 

      Veremos até onde chegamos. Com ou sem Ronaldo.