4 de abril de 2020

Espanha (parte 2) - Santiago de Compostela.


     Durante esta estadia na Galiza, adoeci justamente uns dias antes de ir a Santiago de Compostela. Nesse sentido, tive de adiar a viagem para a semana seguinte, até que, no dia 8 de Março, lá se concretizou. 

    Santiago de Compostela é uma das cidades mais importantes da Cristandade, onde se acredita estar sepultado o corpo de um dos apóstolos de Jesus, São Tiago Maior. A sua catedral medieval, em estilo românico, aliada à fé, certamente tornarão este destino bastante apetecível, pois conjuga arquitectura, história e religião. Eu visitei-a por uma combinação de factores, e também por ser a capital legal e administrativa da Galiza, sede do poder autonómico e do parlamento galego.

Mosteiro de São Martinho Pinário

      A catedral de Santiago está em obras presentemente. Dificilmente conseguirão apreciar a fachada. Entretanto, recomendo a visita pelo seu interior, onde está a cripta do apóstolo. Recomendo ainda a visita ao museu da catedral. Poderão encontrá-los na Praça do Obradoiro, mesmo em frente ao Palácio Raxoi. A praça, aliás, é lindíssima. Mui espanhola. Num dos lados, precisamente à direita do Palácio Raxoi (à esquerda da catedral, portanto), têm a Pousada dos Reis Católicos, que em tempos idos funcionou como um hospital. Conta-se que os monarcas consideraram que Santiago não dispunha de um espaço digno para acolher os peregrinos cansados e feridos, ordenando a sua construção.

O Palácio Raxoi

     Todo o centro histórico de Santiago, Património da Humanidade desde 1985, é digno de uma visita atenta: a Praça das Praterías, a Porta Santa, o Arco de Mazarelos, a Capela das Ánimas, a Casa do Cabido, o Convento de São Francisco, a Igreja de Santa Maria Salomé... Ali, num único quarteirão, verão um conjunto arquitectónico deslumbrante, de inestimável valor.


Panorama da Catedral de Santiago

Foto panorâmica da Catedral de Santiago

Monumento a Rosalía

   Tendo tempo, o que não é fácil, não menos importante seria visitar o Parque da Alameda, sobretudo o Passeio da Ferradura. No Parque da Alameda, há uma, bom, duas estátuas com um significado social curioso: chamam-lhe As dúas Marias. Trata-se, na verdade, de uma escultura que homenageia duas irmãs da cidade que, pelos anos 50 e 60, se passeavam pelo centro histórico sempre pelas duas da tarde, provocando os transeuntes, sobretudo estudantes, com as suas roupas garridas, que contrastavam com o cinzentismo dos hábitos e costumes da Espanha franquista. Naturalmente, foram vítimas da repressão e da maledicência popular. Desde 1994 que ornamenta o parque. Por ali, no Passeio da Ferradura, homenageia-se outra figura ímpar da cultura galega, desta feita das letras: Rosalía de Castro, um dos principais nomes do ressurgimento da língua galega, vulto da literatura deste idioma tão íntimo do português, venerada sobretudo pelos círculos nacionalistas.


As dúas Marias

  A par, claro está, de todo este património que Santiago tem para nos oferecer, retenho principalmente a sua luz. Santiago tem um encantamento especial. É provável que seja uma soma de todas aquelas energias, cada uma vinda de um canto do mundo, a conferir à cidade uma aura magnética, pura, leve. Não tem nada a invejar a Lisboa.

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