28 de julho de 2019

The Lion King.


   O Rei Leão nunca foi o meu filme favorito da Disney. Vi-o, como todos da minha geração, em pequeno. Acredito que seja o filme de animação de eleição da maioria. A mim, contudo, nunca fascinou, nem convenceu.

   Tenho um amigo que me disse não querer ver este live-action com medo de sair completamente defraudado nas suas expectativas. Teme, em suma, que o remake lhe estrague as memórias de infância.

    Inversamente àquilo que sucedeu com o Aladdin, esta recriação d' O Rei Leão ficou, quanto a mim, perfeita. Foram absolutamente fiéis ao original (aperceber-se-ão disso nos pormenores), o que é bom. Não inovaram. Não se puseram com invenções que, no mais das vezes, só nos levam a sair completamente decepcionados - o que no meu caso seria impossível, só podendo sair a ganhar, e saí. Os efeitos computorizados atribuem ao filme uma percepção de realidade e uma minúcia que o desenho-animado dos anos 90 não tinha, porque nem podia ter. A banda-sonora, que, sim, sofreu alterações, ficou interessante. Não tem o impacto das canções épicas da versão original, mas a escolha de Beyoncé Knowles foi acertada.




    O facto de o remake ser maior do que a versão original ajuda a explorar melhor as personagens. Nala, a mãe de Simba, as hienas e o próprio Scar, o icónico vilão, que continua malignamente cínico, são-nos dados a conhecer com mais profundidade. Claro que encontramos todos os personagens, como o divertido Zazu, o feiticeiro Rafiki ou os destrambelhados Timon e Pumba, que nos sacam risadas a bandeiras despregadas com a sua sagacidade e que continuam divertidíssimos. O contexto da convivência difícil entre hienas e leões, que se verifica realmente nas savanas africanas, ganhou outra dimensão, inclusive nas cenas de luta entre os animais, ultra-realísticas. Eu vejo, aqui, a computorização como um acrescento à fantasia.

   A cena da morte de Mufasa, uma das mais emocionantes da história da Disney e até, direi eu, da cinematografia em geral, continuará a comover. Os efeitos conseguiram extrair da cena o que ali se jogava: toda a maldade de Scar, o desespero de Mufasa e o profundo pesar e sentimento de culpa que se abatem sobre Simba. É o apogeu do filme em realismo e drama.

   Acredito que alguns esperassem mais, talvez algumas diferenças face ao original. Sendo O Rei Leão um símbolo da cultura pop e um filme quase de culto, intergeracional, o realizador temeu que quaisquer mudanças pudessem causar um efeito de afastamento das pessoas das salas de cinema. Fez muitíssimo bem em seguir o guião original. A falta de expressão no rosto dos animais é um ponto que poderia ter sido melhor trabalhado, é verdade, contudo é importante que as pessoas percebam que a tecnologia não faz milagres. O resultado final da antropomorfização nunca é perfeito. O desenho-animado, e já o disse aqui noutras publicações, permite uma liberdade que a procura pela perfeição ainda não atingiu. Os bonecos, em itálico, ficaram pouco expressivos? É provável que sim. Julgue-se, porém, o filme no seu todo. Eu nunca vi uma savana tão natural, tão real, tão viva e criativa numa animação por computador.

   Sob pena de ser torturado - estou a brincar convosco - superou o original. Eu aprendi verdadeiramente a gostar d' O Rei Leão com esta versão. Antes tarde do que nunca. Um trauma de infância que superei, afinal, como não gostar deste filme?

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