Ontem, a convite do meu caro RPB, da Nova Portugalidade, fui convidado a estar presente numa conferência, no Palácio da Independência, subordinada ao tema que consta no título da crónica. A Nova Portugalidade é um projecto de índole cultural, que já deu as caras pela imprensa portuguesa, e que conta com o apoio de várias entidades e individualidades do nosso meio público, nomeadamente de Dom Duarte Pio de Bragança, que era para ter estado presente na conferência de ontem, mas que não pôde por motivos de força maior.
Foi uma honra para mim ser convidado para a palestra, em primeiro lugar porque sou seguidor, e admirador, da Nova Portugalidade. Aliás, e permitam-me a inconfidência, fui convidado a participar no projecto, que envolve pessoas creditadas e versadas em história, direito e ciência política, sobretudo. O meu medo de arriscar, talvez, e a minha aversão a compromissos terão pesado no adiamento da decisão, que não declinei o convite. Gostaria imenso de participar activamente, todavia, e embora saiba estar à altura do desafio, só aceitaria, sem hesitar, sabendo que poderia entregar-me de corpo e alma a um projecto que nos consome tempo e empenho a mil por cento.
A conferência teve lugar no salão nobre do palácio, com a visualização de slides à medida em que a oradora nos convidava a conhecer a missão dos jesuítas portugueses, e não só, no Oriente. Falou-se nos sacrifícios, na apostasia, na dificuldade que o cristianismo teve para se impor na China e no Japão. E falou-se, também, em Martin Scorsese e no filme Silêncio, que presumo ter assistido há exactamente um ano por este dia, mas cuja review é apenas do dia 22. Podem consultá-la aqui.
Demorou uma hora, razoavelmente, e foi esclarecedora. Claro que, a incautos, alguns anacronismos poderão passar despercebidos. A oradora falou em Espanha e em Itália no século XVI, quando nem uma, nem outra existiam. O Reino de Espanha remonta ao século XVIII, com os Borbón, e Itália foi reunificada só no século XIX. Entre outras imprecisões.
Não posso dizer que tenha ficado a saber muito mais sobre a actividade missionária da Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola no século XVI, e extinta pelo crescente de poder e riqueza, já no século XVIII, até ter sido recuperada no início do século XIX. A Companhia de Jesus constituía um contrapoder ao poder, rivalizando, com a coroa, em prestígio e influência. Não se limitava a deter o monopólio do ensino; comercializava, avolumando-se os negócios. No zénite do absolutismo, do centralismo régio, não havia lugar a uma ordem que podia influenciar os vassalos contra a coroa. Pombal tratou de expulsar os religiosos, num gesto em que foi seguido por outras cortes europeias, pressionando a Santa Sé à sua extinção, o que se verificaria décadas depois.
Após o término da conferência, explorei um pouco o Palácio da Independência, que merecia estar melhor preservado. A tinta está a lascar e os indícios de deterioração são visíveis. Ainda assim, não esconde a sua... portugalidade.
Todas as fotos foram captadas com o meu iPhone. São minhas e de minha autoria. Uso sob permissão.
Sim, creio que o Marquês de Pombal expulsou todos os jesuítas porque eram muito amigos dos Távoras. Também foi nesse palácio que foram feitas as reuniões para as primeiras revoluções em Portugal, nomeadamente o 25 de Abril e depois o 1º de Novembro para que Portugal não caísse no Comunismo da URSS creio eu
ResponderEliminarNão os expulsou por serem amigos dos Távoras; expulsou-os por serem influentes; por, talvez até, terem influenciado os Távoras.
EliminarSempre ricos estes patrimônios históricos, mesmo quando retratam as mazelas de uns e outros ...
ResponderEliminarPois é.
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