4 de agosto de 2017

Venezuela.


   A Venezuela vive tempos conturbados. Desde que Chávez faleceu, o mentor da Revolução Bolivariana, e de que Maduro assumiu o poder, que a situação no país se deteriorou. O último episódio da interminável novela prende-se à eleição para uma Assembleia Constituinte que terá poderes para elaborar uma nova Lei Fundamental. Esse acto eleitoral não foi reconhecido pela comunidade internacional, não só, mas também, por suspeitas de fraude. O que Maduro pretende, em verdade, é perpetuar-se e à sua ideologia, limitar os poderes do Ministério Público venezuelano e silenciar a oposição. Tem havido uma campanha suja, difamatória, para se equiparar a oposição a Maduro, por parte de apoiantes do presidente venezuelano, quando não fazê-la passar por uma quadrilha. Maduro conta com o suporte de vários esquerdistas radicais, designadamente, em Portugal, do PCP.

    A posição de Portugal tem sido a de se procurar um consenso com os parceiros europeus sem, contudo, lesar os interesses dos cerca de quinhentos mil portugueses e luso-descendentes que residem naquele país do continente sul-americano. Compreendo as reservas do Governo. Acautelar a segurança dos cidadãos nacionais é uma prioridade. Portugal não pode entregar nas mãos de Bruxelas toda a sua política externa. Somos um país de emigrantes. Temos de contar com represálias aos portugueses se o Governo se manifestar contundentemente contra Maduro. Demos, todavia, um passo acertado, no meu entendimento, ao nos termos posicionado contra a eleição para a Constituinte.

    Temo que o país siga um caminho dramático de guerra civil. Para lá se encaminha. Nesta matéria muito sensível, temos de ter a sensibilidade de pôr de parte as diferenças políticas. O regime de Maduro é atroz, é tirânico. As simpatias ou antipatias com os EUA não devem condicionar o nosso humanismo. Falamos de uma ditadura. Falamos de um homem que pretende subverter a Constituição e a democracia aos seus ditames. O povo venezuelano merece-nos o respeito e a solidariedade nestes momentos particularmente delicados. Também lutámos pelo estabelecimento de uma ordem democrática e respeitadora dos direitos humanos, muito embora vivamos há décadas em democracia e esses nos pareçam ser valores seguros, adquiridos.

     Não sei até que ponto o eventual embargo económico / petrolífero possa prejudicar Maduro. Vejo as sanções como mais um castigo sobre o povo venezuelano. Uma intervenção armada também seria um acto hostil desmedido e precipitado - e imprudente - na medida em que o intervencionismo externo, máxime no Médio Oriente, produziu o caos social, superlativo ao que se viverá, direi eu, na Venezuela. O que me é garantido, sim, é que não podemos encarar esta eleição como um acto de soberania legítimo, reagindo apática e indiferentemente à agonia dos venezuelanos, correndo ainda o risco de ver Maduro exportar o seu modelo para os vizinhos. O Brasil terá eleições em 2018. Lula espreita o poder.

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