Na semana passada, para ser rigoroso no sábado, uns amigos convidaram-me para marchar pela cidade. Uma marcha de orgulho lgbt. Não, não marchei. Entretanto, dei com o final do evento na Ribeira das Naus, junto ao Tejo. Ouvi uns discursos e umas palavras de ordem, vi muita bandeira ondulando, balões multicores. Dezenas de jovens em pé e sentados na relva, confraternizando.
O activismo por causas nunca despertou em mim o interesse, nem pela afamada causa lgbt. Falar de sexualidade não é tabu, nunca o foi, mas faz parte da minha e da intimidade de cada um, pelo que sempre procurei manter certo recato quanto a esse assunto. No que diz respeito às marchas e às manifestações, estive numa em frente à embaixada da Rússia. Creio que aí há o que fazer. Temos pessoas em campos de trabalhos forçados, tidas como criminosas quando o único delito foi o de amar um ser do mesmo género. É absurdo, transtorna qualquer um. Associei-me por um imperativo de consciência. Já as marchas, não fazem sentido num país cujo ordenamento jurídico prevê leis iguais para hétero e homossexuais, proibindo toda a discriminação em função da orientação sexual. Os transexuais também podem sujeitar-se à operação de redesignação sexual e usufruem de protecção legal. Nessa matéria, estamos evoluidíssimos. Figuramos entre os mais avançados da Europa. As marchas, se tanto aqui, perderam o fulgor. E não se lida com o preconceito assim, no meu entender, mas educando as pessoas. Tão-pouco peço para que se escondam, é evidente, até porque a visibilidade da dita comunidade lgbt é manifesta. Há pessoas lgbt na televisão, na rádio, na imprensa escrita. Não se vêem na política e no desporto, é verdade.
Amanhã será o dia do arraial. Estarei presente, à partida. Passei por um há uns anos. Estive pouco tempo. Não custa ir e ver. Da mesma forma como não ligo a activismos, não os diabolizo. Encaro como mais uma noite quente de Verão, agradável, num ambiente descontraído, sem imposições ou horas de entrada e saída. Se não gostar, venho para casa, naturalmente. O conhecimento só enriquece.
Posto isto, eu faria tudo diferente. A opinião é livre e responsável: a sexualidade não deve ser uma bandeira, seja ela qual for, e nem deve ser motivo de orgulho ou de vergonha. Não devemos dar tanta importância àquilo que os outros pensam que fazemos na cama. Já passámos esse patamar de afirmação. A sociedade está cansada de saber que há homossexuais, transexuais (e perdoem-me os mais ais que há, que são muitos; não os conheço a todos). Não será promovendo marchas que lutaremos devidamente contra os obstáculos que se erguem diariamente a quem é homossexual e transexual, quer seja no local de trabalho, na escola ou na família.
Na lei, tudo está feito. Como referi acima, precisamos educar as pessoas para a diferença na igualdade, para a imperiosa necessidade de respeitar para colher o respeito. Esse trabalho faz-se desde tenra idade. A alguém formatado, e embora acredite que as pessoas possam mudar, o processo será mais difícil, mas igual. Educar, educar e educar. Leva o seu tempo. Portugal avançou substancialmente. Se compararmos à realidade do Estado Novo e mesmo à das duas primeiras décadas após Abril, facilmente verificamos o salto qualitativo.
Não me alongo mais. Um bom São João, sendo caso disso.
Concordo inteiramente com você meu caro Mark. Não sou ligado a ativismos sejam eles quais forem. Sem dúvida estamos em outro patamar. Hoje por aqui também vou celebrar o São João lá no Arraial de Santa Tereza. A festa promete, embora esteja com uma virose brava que me causou uma sinusite brava. Mas vamos assim mesmo.
ResponderEliminarBeijão
Gostei do dito arraial. Foi muito divertido. Fiz bem em ter ido. Assim posso falar com propriedade. :)
EliminarEspero que se tenha divertido, meu amigo, e que esteja melhor da virose.
um abração.
Andas muito saído e em boa companhia :)
ResponderEliminarAbraço amigo
É bom descontrair. Senti algumas pessoas muito tensas. :)
Eliminarum abraço, amigo.
Achei toda a gente muito contente e relaxada! E que multidão!!
EliminarEu falo entre as pessoas com quem fui. :)
EliminarSim, muita gente. Gostei imenso.
Algumas pessoas tensas ? Quem foram Mark ? ;)
ResponderEliminarVárias. :)
EliminarSó marchei no ano passado, com o meu namorado, porque foi mesmo a seguir ao evento de Orlando. Estava muita gente. E foi muito bonito. As pessoas nos prédios à janela, nos passeios, aplaudiam a passagem da marcha e pessoas de várias idades. Senti uma comunhão bastante grande. Este ano estava fora de Portugal.
ResponderEliminarEu nunca marchei. Fui à manifestação em frente à embaixada da Rússia.
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