Há algum tempo que nada escrevo sobre o meu estado de espírito. Paulatinamente, comecei a evitá-lo, a ponto de raramente dedicar umas linhas a aspectos pessoais. Deixei de me sentir confortável. Parece que me perscrutam a alma. Ainda que tenha sempre mantido um saudável discernimento acerca daquilo que se compagina com um blogue que não pretende ser um diário, nem sempre devemos desabafar as nossas dores publicamente. Saber manter o recato é uma virtude.
Ando bastante instável. Uma viagem marcada, por um contratempo, acabou por não se concretizar, o que veio agudizar um quadro de disforia que tem assumido contornos preocupantes.
Outros, entretanto, seguiram ao seu destino. Fiquei inundado de cólera, em proporções que me têm sido imensamente prejudiciais. A situação não vem de ontem, mas de anteontem. Tenho negligenciado indícios que me parecem cada vez mais claros, e que me levaram, nesse sentido, a tomar uma decisão.
A mãe, o pai e a avó estão preocupados. Eu próprio. Já verifiquei que aguardar por uma acalmia, que não chega, tão-pouco é resposta. Daí que tenha dado um passo em diante, que certamente surtirá os seus efeitos.
Amanhã, para distrair um pouco, tenciono ir à Feira do Livro, um ritual anual. Provavelmente procurarei por algumas obras que me esclareçam quanto à mente humana e aos seus ainda insondáveis mistérios. Quando atentamos no passado recente e verificamos que há meras décadas se praticava a inominável lobotomia - curiosamente, técnica desenvolvida por um português - percebemos o quão distantes estamos no que concerne à compreensão do nosso intelecto e das patologias que o afligem. Somos uma caixa de surpresas, boas e más. Pegando nas palavras que, segundo a avó, um médico lhe fez chegar nos idos anos quarenta, «teria tudo para ser feliz, pudesse trocar o seu cérebro por outro».
Amanhã, para distrair um pouco, tenciono ir à Feira do Livro, um ritual anual. Provavelmente procurarei por algumas obras que me esclareçam quanto à mente humana e aos seus ainda insondáveis mistérios. Quando atentamos no passado recente e verificamos que há meras décadas se praticava a inominável lobotomia - curiosamente, técnica desenvolvida por um português - percebemos o quão distantes estamos no que concerne à compreensão do nosso intelecto e das patologias que o afligem. Somos uma caixa de surpresas, boas e más. Pegando nas palavras que, segundo a avó, um médico lhe fez chegar nos idos anos quarenta, «teria tudo para ser feliz, pudesse trocar o seu cérebro por outro».
Meu caro, tudo isto faz parte da vida. O tempo nos ensina a lidar bem ou pelo menos melhor com tudo isto. No meu caso pelo menos foi assim ...
ResponderEliminarBeijo grande ...
Esperemos que o ocaso da vida seja mais proveitoso.
Eliminarum grande abraço.
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ResponderEliminarTal como o Paulo Roberto, esses "assaltos" aparecem na nossa vida e fazem parte dela. Nem sempre as coisas correm de feição, serve a experiência de ultrapassar as dificuldades. Depois de ultrapassados, olhamos para esse acontecimento e notamos que eram redundantes... Fica calmo que tudo se resolve.
O que se passa é que temo não ser tão simples assim. Na verdade, há muito que a minha instabilidade se faz sentir. Terei algumas respostas em breve. Preciso falar, desabafar, ser orientado.
EliminarObrigado.
Gostei desta tua frase e irei rouba-la "Saber manter o recato é uma virtude."
ResponderEliminarGrande abraço amigo Mark
À vontade.
Eliminarum abraço, amigo Francisco.
Mark, tenho idade para ser seu pai. Compreendo que tenha problemas, mas sei que é um rapaz inteligente. Tem presente de que estes são os melhores anos da sua vida? É evidente que poderá ser feliz na minha idade, ou mais tarde, mas tente aproveitar agora. Procure ajuda se sente que necessita. Custa-me ver um jovem a sofrer. Procure ser feliz. Sinto um sofrimento na sua publicação, e isso aflige-me.
ResponderEliminarCumprimentos.
Tenho bem presente, sim, o que me provoca angústia, aflição. E não pretendo esperar muito mais pela leveza de espírito. Espero que a consiga alcançar brevemente, sendo possível. Não o sendo, que foi o que disse, há sempre esperança no futuro.
EliminarObrigado.
Cumprimentos.
Olha, faz termas... Faz bem ao corpo e à mente...
ResponderEliminarQuem sabe? :)
EliminarNem sempre é fácil falarmos do que sentimos, mas acredita que faz pensar, e causa menos transtorno em dizer o que sentimos frente a frente.
ResponderEliminarEspero que já esteja tudo mais tranquilo, é que há dias que são como as 4 estações de um ano...
Depende do nosso interlocutor...
EliminarSim. É como dizes. Há dias e dias. Desde finais de 2014 que ando em sobressalto. Sempre andei, a bem ver, mas piorou desde então, e até conheço o motivo.
Amigo,
ResponderEliminarSabe que de certa forma fui atrás de algum "auxilio" por conta de uma situação parecida com a tua... Essas instabilidades são complicadas, mas elas geralmente trazem ensinamento e crescimento! Se há instabilidade, há algo em excesso... e se já está podendo falar sobre isso, talvez seja o sinal de que estejas pronto para começar a desatar esses nós. Nem sempre é fácil, eu mesmo busquei a ajuda de um psicologo durante uma época... Há quem diga que eu deveria voltar! eheheh
Mas procure expor, li uma vez que nossa salvação está em nossos maiores medos! Se precisar conversar, xingar ou parceria para ficar olhando o vai e vem do mar... podes contar comigo. Mas quem sabe não é tempo de começar a externar essas aflições?!
Fica bem, fico na torcida por ti e estamos juntos! :)
Abração Grande.
Que retire alguma experiência destes anos, que não têm sido nada fáceis.
EliminarExacto. Vejo assim. Se admito que há um problema, que o há, é um primeiro passo para a sua resolução.
Muito obrigado, querido amigo. Sabe, já tenho uma mão cheia de bons amigos brasileiros que espero vir a conhecer pessoalmente. :)
Estamos juntos!
um abraço enorme.
Se sente que necessita de ajuda não hesite! Obtenha-a rápido, pois estas situações, se não resolvidas, têm o péssimo defeito de se instalarem e dominarem as nossas vidas.
ResponderEliminarApesar de não religioso (creio que o epicurismo não é considerado religião :-) ... ), não acredito que estejamos aqui na terra para andarmos a bater com a cabeça nas paredes.
Mas terá de ser com alguém que confie plenamente e seja profissional!
E concordo consigo, é importante preservar a nossa intimidade, ainda que por vezes se tenha a tentação de se dizer em demasia.
Mas é indispensável que isso suceda com a pessoa certa.
Desejo que encontre a pessoa certa, e ... vá em frente, não hesite
Manel
Não hesitarei. Fi-lo por demasiado tempo. Bom, em minha defesa, devo dizer que só por estes dias tomei realmente a noção da extensão, digamos assim, do problema.
EliminarCurioso, não o sabia epicurista. :)
Quando referi não me sentir à vontade a explanar sobre a minha vida pessoal, não pretendi aludir aos profissionais de saúde. Ao blogue, por exemplo.
Muito obrigado, Manel.
Tu já sabes a minha opinião quanto ao tema. Espero sinceramente que fiques melhor rapidamente e quando quiseres, eu estou aqui - à distância de uma sms, uma chamada, etc.
ResponderEliminarUm forte e terno abraço.
Eu sei, João. Obrigado. :)
Eliminarum abraço fraterno.
Mark, tem formação, cultura e competência para uma carreira profissional interessante.
ResponderEliminarEmocionalmente, tem de viver a sua vida como lhe der prazer e felicidade. Não é possível ser feliz se não formos autênticos, mesmo que isso seja um choque para mentes preconceituosas. Seja feliz, porque essa juventude passa a correr..... Um beijinho. Lídia
Olá, Lídia. Como está a senhora? Espero que se encontre bem.
EliminarSabe, ainda que pareça um cliché, sempre fui fiel a quem sou. Estas minhas inquietações nada têm que ver com a sexualidade ou com inseguranças a nível profissional; há aqui "assuntos" por resolver, e a minha vida não seguirá em frente se não atacar os males desde já.
Muitíssimo obrigado pelas suas palavras.
um grande beijinho.
Mark, adoro essa sua forma tão formal "como está a senhora?" . Pois estou bem, embora esteja a passar por uma situação difícil. O meu pai está muito doente, apesar de ter quase 90 anos, não é fácil assistir ao sofrimento daqueles que amamos. Agora estou em Trás os Montes na minha terra natal, com os meus pais. Quando estiverem Lisboa temos de tomar um café. Seja feliz. Não m beijinho. Lidia
ResponderEliminarFaço votos de uma rápida convalescença ao senhor seu pai, Lídia. Noventa anos é, de facto, uma provecta idade. Já sabemos em como ficamos particularmente vulneráveis a partir de certa idade.
EliminarCom certeza. É só combinar esse cafezinho. :)
um beijinho.