13 de agosto de 2014

Dias.


   Passar pela faculdade, em meados de Agosto, deprime. Atravessar a avenida, olhar em redor e sentir o deserto, que se habita uma cidade vazia em que todos pereceram, remeteu-me a um filme de alienígenas em que sou o último ser humano, na Terra, a aniquilar. A custo, subi as escadas e passei a porta de vidro, automática. O frio de um átrio, amplo, absolutamente despido de vida. Detive-me por breves segundos a olhar o nada, o painel de azulejos coloridos ao fundo, D. Dinis, O Lavrador, que semeou o misto de sensações que dos últimos dias para cá me domina.

    Uniram no mesmo espaço a tesouraria e a secretaria. Paguei o absurdo que é um mestrado neste país e fiz a matrícula. Pela primeira vez, em quatro anos, tive direito a sentar-me numa mesa e falar frente a frente, sem divisórias de vidro e buraquinhos, que de sempre me reportam ao escorredor do macarrão. Analisando o meu certificado, perguntou-me a área do mestrado, explicou-me o que, porventura, já sabia (um ano lectivo e um de preparação da dissertação - não tivesse dúvidas e ter-me-ia matriculado online). Optei por um mestrado científico na área jurídico-criminal, aquela que me suscita maior interesse e em que me sinto mais à vontade.
    Não o faço convencido. Espero que me convença com o tempo. Creio que até por respeito a mim, pelo trabalho, pela dedicação e empenho, dispêndio de forças, seria injusto terminar por aqui ou enveredar por outro caminho. A par disso, não seria mais ou menos feliz (curiosa palavra) noutra área. Os mestrados têm um horário agradável, ao final da tarde, noite, o meu preferido. Aprendi a gostar de estar à noite no ano transacto, quando decidi assistir a aulas do horário pós-laboral como complemento às matérias do meu turno.

     Saindo da faculdade, e com uma cefaleia descomunal, herança materna, doía ao dar cada passo. Uma dor latejante, envolvendo as têmporas. Bebi um pouco da água da garrafa, tomei um comprimido (que não faz efeito; já fez...) e reparei que não conseguiria ir a pé até casa. Felizmente, levei o passe.
      Encostei-me na cama, não dormindo. Cortinas corridas, escuro. De quando em vez lá ia ao tablet distrair-me um pouco.


    Ontem, lanchei com a avó e a prima na Versailles. Agradeço a cada minuto o tempo fresco que se faz sentir. A dor de cabeça abrandou (que não passa). É tão incapacitante. A avó quis chamar o médico, há dias, mas recusei. Chamar o médico por uma dor de cabeça quando tantas crianças morrem por falta de assistência médica por esse mundo. Sou um homem ou sou um rato?
     Depois, pela tardinha, fomos até ao jardim do Campo Grande. Há anos que não entrava lá. Em casa de ferreiro, espeto de pau. Passo por lá todos os dias, ou quase. Fizeram obras. Um senhor, sem abrigo - era visível - sikh, de turbante, alimentava os pombos, que uma menina, que não devia ter mais de oito anos, se alegrava a tentar esmagar sob a roda da bicicleta. 

    " Tanta maldade num corpo tão pequeno... "

     Pensei alto. Perturbou-nos. A prima ainda quis chamar a miúda à atenção, mas adverti-a. Não nos compete fazer o trabalho dos pais que, complacentemente, deveriam estar a assistir à ruindade da filha. O Pedro Santana Lopes até estimularia (recordo-me de quando quis exterminar os pombos - que poderão ser uma praga urbana, sim).

      A uma semana de ir até ao sul, espero melhorar. Não que me sinta doente. Sinto-me abatido, apático. Concretizando, sinto o que sempre fui, porém, de forma agravada. E não quero proporcionar à mãe os piores dias do seu ano. Em pequeno, divertia-me com isto ou aquilo. Ano após ano, nada me prende a atenção ou me rouba um sorriso sincero.

       Espero que daqui a vinte anos possa rir disto. A minha juventude, no seguimento da adolescência, é um caos. Uma década e meia terrível e perdida.

59 comentários:

  1. Ontem também estive na Faculdade. x)
    Acho que nunca tinha ido lá por estas alturas, mas há sempre uma primeira vez. Agora só em Setembro me apanham lá de novo.

    Quanto às dores de cabeça, bem sei o que isso é. É o pão nosso de cada dia...

    Abraço!

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    1. Por pouco ainda nos cruzávamos. Eu estive na segunda-feira. Nunca tinha ido em Agosto. Também só pretendo voltar nos finais de Setembro, quando as aulas começam.

      A mãe sofre de enxaquecas. Vou pelo mesmo caminho.

      um abraço, Ine.

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  2. Tanta tonteria junta, ja pensaste em marcar uns café com amigos para alegrar a alma?!

    Fazia-te bem :)

    Deixa a faculdade um pouco de férias lolololololololol

    Sai, vai ao cinema, teatro, apanha ar e sol :)

    Não gosto de te ver assim

    Abraço amigo

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    1. Eu não estou triste, Francisco. Eu sou assim e nem saberia ser de outra forma. Não somos todos iguais. :)

      Tenho saído. Até vou relatando por aqui. Para a semana já faço praia.

      um abraço. :)

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  3. Você é bem português, rs, fado e tudo o mais, essa tristeza que vocês têm. Pra dor de cabeça te aconselho rodela de batata fria na testa, infalível! :D

    Abraços!!

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    1. Batata na testa? Bom, não custa tentar. Já tinha ouvido falar em banhos de imersão em água fria. Um truque antigo.

      Humm, não sei. Eu herdei isto da avó paterna, que nem é a minha favorita. Não é a avó a que frequentemente me refiro (a materna). Herdei a personalidade dela e a melancolia. Mas sou assim desde pequeno. Tenho fases em que ando pior.

      um abraço e obrigado pelo truque. :)

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  4. Embora estejas mais em baixo, acredito que uma mudança de ares te fará bem. A mim fez-me, pelo menos. ;)

    Espero que já estejas melhor das cefaleias. :)

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    1. Nem estou mais "em baixo". Em criança, embora menos introspectivo, dada a tenra idade, era igual. :)

      As dores de cabeça, sim, incomodam-me. Um nadinha melhor. Têm abrandado. Obrigado, João.

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  5. Você é um rapaz melancólico, e não vejo nada de mal nisso.Quem disse que a gente tem q andar sempre com um sorriso no rosto?... Tem dias que a gente só quer ficar na nossa, sossegado, não falar nada,mas as pessoas não entendem isso, é a tal da ditadura da felicidade, sempre temos de aparentar contentamento e tal, como se fôssemos obrigados.

    Você é um menino bem alegre, adora uma piada boba e rir, quem te conhece sabe como você é. Gato, fica bem..tá?! :) E pelo que entendi, você vai tirar umas férias na praia, faz muito bem, tomar banho de mar é muito bom e limpa a alma. Aqui no Brasil tem essa história que sal purifica o corpo e nos limpa das energias ruins que nós vamos adquirindo no dia-a-dia.

    Te cuida, tuguinha e boa férias. :)

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    1. Palavras assertivas e acertadas. :) Por acaso já tinha pensado nisso: ditadura da felicidade. Todos temos de andar, necessariamente, de sorriso no rosto e aos pulinhos... Eu não sou assim. Não conseguiria. Navego nos meus pensamentos e sou absorvido por eles. Entendes-me tão bem. Miss you! Saudades das nossas conversas até às tantas da madrugada. :')

      Sim, aqui também se diz que o sal faz bem e que ajuda a purificar.

      Semana que vem e rumarei até ao sul. O tempo em Portugal está péssimo. Nem parece Verão. Pelo que ouço, estará ventoso até ao final do mês. Provavelmente apanharemos dias ruins para a praia. :s

      um abraço graaande e obrigado!!

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    2. Eu também sinto saudades de conversar com você até altas horas, lindo. <3

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    3. Muita mesmo! :) Espero que estejas bem. Abraço ao Gui também!

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  6. Olha os conselhos do Francisco...ele tem toda a razão. Foste inscrever-te para algo que decidiste fazer e bem.
    Apenas isso, estás de férias, rapaz.

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  7. Para doR de cabeça comigo só mesmo o Nurofen faz efeito

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    1. Nunca tomei esse. Só Ben-u-ron, o célebre Aspegic (já em miúdo tomava o 1000 e não o 500, que não me fazia efeito). E devo ter tomado outros. :s

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    2. Filhos, assim não chegam a velhos!

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    3. Eu sempre senti que morreria "jovem" (aí pelos cinquenta).

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    4. Credo. Parecem dois velhos a falar da morte...
      O Ben-u-ron, e creio que o Aspegic tb, são apenas analgésicos. Ou seja, só "adormecem" a dor, mas não a tratam. O Nurofen e o Brufen, para além de serem analgésicos são outra coisa qq, cujo nome desconheço, que trata a dor. Penso que é isto, que os meus conhecimentos de farmácia são muito reduzidos. Mas se houver por aqui um farmacêutico que melhor nos elucide, a gerência agradece xD

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    5. O problema é esse. Não falar da morte. Morrer é tão natural como nascer. A mim, a morte não faz confusão. Virá quando tiver de ser.

      Não entendo nada de medicamentos, também, a par dos que tomo para a asma. :)

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  8. |||||||||
    - Uma década e meia terrível e perdida...
    SERÁ?
    O tempo, esse incomensurável espaço de perder de vista e sentidos vai encarregar-se de te fornecer as respostas.

    Boas férias, se possível sem dor de cabeça (sintomas de stress)...olha que não sou médico :-)

    Abraço

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    1. Esperemos que o tempo me prove de que estou errado! :)

      Muito obrigado, João Eduardo. Espero que esteja tudo bem contigo.

      um abraço. :)

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  9. Lembrei das vezes, que não são poucas, que ando pelo hospital quando não há mais pacientes pelos corredores, médicos atendendo e as luzes já estão mais fracas. No início até me dava uma certa angústia em andar nos corredores do hospital sozinho de madrugada, até agora não me sinto tão bem, mas, ao mesmo tempo, não me importo muito. Afinal, nunca vi nada demais.

    Quanto a dor de cabeça, melhoras. Apesar de ser médico, estamos muito longe para cuidar de você. Além disso, cefaleia não está em uma das minhas especialidades... rs

    Abraço!

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    1. Pois é, você é médico. Consultas à distância não devem dar bom resultado. :)

      Engraçado, eu também gosto de percorrer espaços vazios, tendencialmente à noite, como corredores de hotéis, por exemplo. O misto de solidão, angústia e medo que me envolve...

      um abraço. :)

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  10. Espero que a esta altura tua cefaleia já tenha passado, apesar de haver criancinhas morrendo, não é bom "brincar" com essas coisas e se elas forem frequentes, procure um médico para se certificar que não é nada realmente mais sério.

    O cenário que descreveste é meio comum para mim, vivo entre o contraste dos corredores ruidoso, com o silêncio que o período de férias trás... Por muitas manhas, sou o único a trabalhar naquele corredor, mas estranho é que gosto... parece que ouço melhor minhas ideias.

    Um grande abraço para ti! E em relação ao mestrado, tudo vai dar certo, e aos poucos vai descobrindo seus caminhos e escrevendo tua história, confia em teus instintos e segue em frente!.

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    1. Sim, passou. Tenho estado bem, felizmente. :)

      Obrigado, Latinha, muito obrigado mesmo!

      um abraço. :)

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  11. Cabrona da miúda. Fosse minha filha e levava logo.
    Boa sorte para o mestrado. é na lusófona?

    Opa, tu escreves mesmo bem. Parabéns.

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    1. As crianças não se educam através da violência, mas de admoestações, repreensões. Por isso digo que a paternidade é uma tarefa complexa, que envolve tempo, disponibilidade, e muita, muita paciência. A decisão de ter um filho não pode ser tomada levianamente.

      Não, é na Clássica.

      Obrigado, Pipe. Escrevo normal. :)

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    2. Tive de rir com o "cabrona da miúda". LOL

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    3. Eu acho que um par de estalos nunca fez mal a ninguém. Levei alguns, e só me fizeram bem. Mas como para tudo na vida, tem de haver conta, peso e medida. E no caso da miúda dos pombos, não é caso para tanto. Digo eu... LOL

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    4. Esqueci, em cima, de referir a maturidade, essencial para se ter e educar uma criança.

      Não aceito. Aliás, o nosso Direito Penal contempla a figura do chamado "direito de correcção", cada vez mais restringido, que consta na lei civil, de forma implícita. É uma das causas de justificação que afasta a responsabilidade jurídico-penal, todavia, o agente, os pais, no caso, terão de actuar com uma finalidade educativa. O castigo tem de ser criterioso, proporcional, e moderado, nunca podendo atingir a dignidade do menor. Não sei como podemos considerar as "estaladas". Parece-me manifestamente excessivo. Admito as vulgarmente conhecidas por "palmadas", numa certa idade, sim, e o comum "castigo no quarto", que não será sequestro, evidentemente, se respeitar o que referi. Devo te dizer, porém, que a lei alemã afasta totalmente a possibilidade de se infligir qualquer tipo de violência nos menores, logo, este hipotético "direito à correcção" já não é universalmente aceite como causa justificativa. A lei alemã afasta as ofensas à integridade física, o que as "estaladas" são (é um comportamento ilícito e típico). Estarão excluídas as condutas que não sejam típicas, ou, sendo-o, que não o sejam materialmente em função da insignificância ou adequação social, onde incluo os "castigos no quarto" por um tempo.

      Enfim, perdoa-me esta explicação, mas é Direito Penal. Já vai sendo a minha área.

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    5. Foste bastante técnico na explicação, mas creio que apanhei o essencial. Contudo, o legislador nunca teve, com toda a certeza, uma criança pequena a seu cargo. Um par de estalos bem dados, nomeadamente quando alguma criança tenta bater a um adulto é bastante bem dado. Acredita que levei por bem menos que isso, e estou bastante agradecido aos meus pais (pouco letrados) e avós (analfabetos), porque graças a isso, hoje sou um homem com um mínimo de educação e respeito pelo outro. Vejo à minha volta muita gente que nunca as levou, e que hoje se nota que lhe fizeram muita falta.

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    6. Bom, referi apenas o que o Direito diz sobre o assunto. :)

      Claro que teve. O legislador é pai, mãe, foi filho/a.

      Oh, depende. As bofetadas creio que são excessivas; mais, para se chegar a tal ponto, imagino o que terá falhado. A educação começa na mais tenra idade. Violência gera violência.

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    7. Continuo a achar que os legisladores que legislam tal coisa não têm realmente filhos: "pariram" crianças que entregam em ATLs, OTLs, AECs e outras siglas do género, às quais pagam balúrdios para os educarem. Daí não saberem que um par de estalos nunca fez mal a ninguém. Continuo a dizer: eu levei-os e não me fez mal nenhum, pelo contrário.

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    8. Muahahah, olha, eu também passei muito tempo em infantários e considero-me uma pessoa educada. :D E, nos colégios, entrava perto das 8h e saía (já mal me lembro!) às 18h e tal (transporte privado). Só via os pais à noite.

      Eu nunca levei porque nunca precisei, se calhar. :)

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    9. Ou se calhar precisaste e não as levaste... lolololololololol

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    10. Agora vou ser vulgaríssimo como as notas de cinco euros: pois ficai sabendo, Excelência, de que nunca é tarde para se levar umas palmadas. LOL Interpreta no sentido que queiras. (:

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    11. Mas o que é isto, Mark Miguel?

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    12. Ahahah, um devaneio, caro Ine. :D

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  12. Mark, será impressão minha ou estás a oferecer me umas palmadas????????????
    Loooooooooool

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    1. Não, Horatius, até porque, segundo contas, já levaste as tuas. Eu é que ainda não levei, mas nunca é tarde para se levar palmadas. :)

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    2. Ok, vou abster-me de comentar aquilo que me ocorreu.
      É melhor deixar esta conversa por aqui, agora que está nas notas de 5€, antes de que chegue às moedas de cêntimos... LOLOLOLOL

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    3. Tens uma mente sórdida. :) Deixei a interpretação ao teu critério. Ai, já nem uma pessoa pode brincar. :)

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    4. Mark, desde que se deixou as palmadas às crianças que esta conversa se tornou uma brincadeira pegada... lololollool

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    5. Meus amores, eu não queria dizer nada, mas isto está a ficar demasiado óbvio... :x

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    6. Mea culpa, que comecei a brincadeira. Mas vocês não dão uma "abébia". Não se pode brincar, ME-DO. LOL

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    7. Então não se pode, homem? É o que mais falta faz. xD

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    8. Eu acho é que há brincadeira a menos... loooooooooool

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  13. Talvez pelo quanto contigo me identifico, em nada me pareceste triste ou melancólico pelo que não irei abordar este aspeto. É curiosa a diferença das secretarias nas faculdades - recordo que quando terminei o curso, a da minha também assim transformaram - e a das escolas. Nas 3 últimas escolas onde lecionei, os pais ou alunos tem contacto direto com os senhores funcionários, numa ou duas cadeiras almofadadas. Creio que no ensino universitário, embora não seja este o exemplo para a minha afirmação, falta faz inspeção. Ouço falar de cada situação... Ainda nesta semana, no facebook, estive a trocar mensagens com uma ex-aluna, agora enfermeira em Inglaterra, à qual puseram em causa a epilepsia e até mesmo o tumor cerebral. Como tal, mais crises epiléticas teve. Não deve o professor(a), que do ramo da saúde é, ser responsabilizado pela destruição de neurónios que nela causou? E a humilhação na turma? Também tive uma de Geologia Geral que um dia tentou "esticar-se". Sem sorte. Fiz aquilo que seguramente, até então, nenhum aluno lhe tinha feito: levantei-me, virei-lhe as costas e saí da sala. Lá fora chovia. Como tudo tinha deixado na sala, com o céu aproveitei para lavar a alma, chorando.
    Um aspeto que ninguém focou e cuja frase utilizada me parece a adequada refere-se à criança que mais do que um par de estalos merecia. Sim, existem crianças diabólicas ou más. Não entendo quem diz que todas são "anjos". Sim, sim... Neste ano, numa substituição de uma professora que teve um acidente, fiquei com um 1º ano. Assustado fiquei dado não ser o meu nível de ensino mas constatei que não tenho grande dificuldade em me adaptar para ensinar e brincar. Preparado não estava para os mal educados que encontrei. Uma menina talvez com 5 anos, durante o intervalo, à colega chamou "filha de p#t?". Ao chamá-la à atenção, olhou-me tipo "vai mas é passear". Enquanto isso, eu pensava: -"Se tivesses mais 5 anos, sentias o peso da minha mãe nessa cara!". Sim, venham pais reclamar que os chamo mal educados e formados. O curioso é, a existência dos que vergonha não têm.
    Não acredito que deste domingo a uma semana, tudo recomeçara uma vez mais...

    Se puderes, junta-te ao meu FB. O link termina nos meus dois primeiros nomes.

    Abraço.
    Paulo

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    1. Pois, no colégio os pais também tinham contacto directo com os directores. Na faculdade, na secretaria, há uma divisória de vidro com uns buraquinhos - o dito "escorredor do macarrão".

      Bom, aos professores já está vedado o direito de correcção que mencionei acima. Cabe a pais, a tutores. Aliás, há um diploma legal que proíbe expressamente qualquer acto de violência física sobre os alunos por parte dos professores. Teria de ir à lei, que não tenho à mão, mas sei que é o que o nosso ordenamento jurídico dita sobre essa matéria.
      A educação compete aos pais, não aos professores. Claro que um professor, no meu entendimento, goza do direito penal e constitucional (e até civil) à legítima defesa, mesmo que perante inimputáveis, ou seja, um professor pode e deve defender-se de um/a "matulão/ona" que atente contra a sua integridade física ou mesmo vida, o bem jurídico mais valioso.

      um abraço. :)

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    2. O problema é que, nos nossos dias, os mais novos são de uma falta de educação...
      Estou a ser injusto. Recordo em 99/2000, uma colega entrava na sala de aula, com os alunos de uma turma do 5º a darem-lhe pontapés nos sapatos/ténis. Nas minhas, tinha um grupo de raparigas, umas 3-4, que adoravam dizer alto e a bom som os palavrões mais "pesados". Comigo sentiam o peso da mão. Sempre disse: -"Não distingo rapazes de raparigas!". Há um certo estigma associado ao sexo masculino. Existem pais que tentam colocar os filhos "no lugar" mas estes, logo os acusam na GNR. Na escola, não os podemos colocar fora da sala de aula (imagina em turmas de 30!), os diretores, na generalidade, nada fazem ficando as "pestes" a gozá-los e... os miúdos, passam mais tempo connosco do que com os pais. Aliás, na generalidade, os pais limitam-se a fazê-los. Repara como o MEC procurou agradar-lhes: dia 9 logo começam as aulas! Tanto há a dizer...

      Big hug :)

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    3. As aulas do ensino básico começam no dia 9? Cedo.

      Sim, os miúdos, hoje em dia, não respeitam ninguém. Não reconhecem autoridade nos pais, nos professores, nos educadores. É um problema grave, que afecta toda uma geração e os alicerces em que assenta a nossa sociedade. Estes miúdos mal educados, desordeiros, sem valores como o do respeito e o do civismo, serão os futuros homens e mulheres de amanhã. Fico apavorado quando penso assim.

      É a parte má da Revolução de Abril. O país mudou e as mudanças positivas ultrapassam largamente as negativas, mas uma das negativas que percebo é exactamente esta: esvaziou-se o valor sagrado do respeito. Passámos de uma sociedade de terror, em que os miúdos respeitavam porque tinham medo e sofriam castigos corporais e psicológicos, para uma com jovens que agridem pais e professores, verbal e fisicamente. O oito e o oitenta.

      Liberdade pressupõe responsabilidade. Talvez estes jovens devessem ser menos livres.

      um abraço. :)

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  14. A minha faculdade sofre do mesmo mal... Mas ainda se vê uns estrangeiros graças às escolas de verão! ;)

    Boa sorte para o mestrado ;)

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  15. O Jardim do Campo Grande ficou muito agradável com as renovações recentes, apesar de ainda não estarem terminadas. Só lamento que o Caleidoscópio vai ser transformado num McDonalds. :(

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    1. Sim, foi uma requalificação boa. Há muitos anos que não entrava no jardim. Está agradável.

      Pois é, o mítico Caleidoscópio. Eu pensava que ia dar origem a uma zona de estudo para estudantes. Um McDonald's? Por favor... Que mau gosto. Podiam fazer uma livraria, uma biblioteca. Que tristeza.

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