Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
Sophia de Mello Breyner Andresen in Poesia I, Editorial Caminho
Que bonito :) Eu amo a literatura portuguesa!
ResponderEliminarÉ uma grande poetisa portuguesa. Foi hoje trasladada ou transladada para o Panteão Nacional, um monumento português, dez anos após o seu falecimento.
EliminarAs ondas quebravam uma a uma
ResponderEliminarEu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim
Sophia de Mello Breyner Andresen, Dia do Mar, Assírio e Alvim
:)
:)
EliminarEu escolhi este porque me diz muitíssimo. Também fujo de tudo o que é profano e sujo. Às vezes, sinto-me à beira de um lamaçal, ao qual tenho passado incólume, além da nostalgia do que vivi e do que não vivi que está sempre em mim.
bonita homenagem, Mark
ResponderEliminarAlex :)
EliminarBela homenagem à maior poetisa portuguesa e soubeste escolher um belo poema do seu tema preferido - o Mar!.
ResponderEliminarTodavia o seu mais belo poema é aquele que mais que todos simboliza a data da Liberdade (opinião subjectiva, claro):
"ESTA É A MADRUGADA QUE EU ESPERAVA
O DIA INICIAL INTEIRO E LIMPO
ONDE EMERGIMOS DA NOITE E DO SILÊNCIO
E LIVRES HABITAMOS A SUBSTÂMCIA DO TEMPO"
Esse também é lindíssimo, João. Além de excelsa poetisa, Sophia foi uma opositora feroz ao regime salazarista. Grande Senhora!
Eliminar||||
ResponderEliminarFica aqui mais um poema:
@ Fundo do mar @
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I
Caminho
Maravilhoso, como toda a obra de Sophia!
EliminarObrigado, João, pelo contributo! :)
grande Sophia. imortais palavras.
ResponderEliminarbjs.
Sem dúvida. Merece as honras de Panteão - ela sim.
Eliminarum beijinho.
As "franjas do mar"... isso é uma das coisas que me encantam.... muito bom caminhar pela beira do mar, contemplá-lo..
ResponderEliminarEu já tinha lido alguma coisa da Sophia, mas não sabia que ela era portuguesa... shame on me, me deixei levar pelo nome e achei que fosse de outra região! Mas o que só faz aumentar minha admiração pelo teu país! :-)
Grande abraço!
A Sophia tinha origens dinamarquesas, daí o seu sobrenome estrangeiro para um lusófono. :) O mar era tema recorrente na sua escrita!
Eliminarum abraço grande. :)
Aprendi a ler com os poemas de SMB, textos magníficos
ResponderEliminarUma grande Poetisa mesmo
Paz à sua alma
Abraço amigo Mark
Paz à sua alma.
Eliminarum abraço. :)
Gostava tanto da Menina do Mar que professora de português nos lia sempre um bocadinho na aula como "recompensa" pelo nosso esforço :) Saudades :)
ResponderEliminarÉ um conto lindo. :)
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