Sábado à noite, nada para fazer, decidi procurar algum site para ver um filme. Não tenho por hábito fazer downloads de filmes. Não sou fanático por cinema; gosto, porventura, de ver um ou outro filme, mas só o faço, geralmente, passado algum tempo sobre a estreia. Pesquisei e consegui dar com um site que tem filmes disponíveis, recentes, evitando-se descarregar no pc. Confrontado com as várias opções, escolhi o filme Diana, com meses, um fracasso na crítica.
Os filmes que são fiascos suscitam-me a curiosidade. Os bons têm o selo de qualidade; os maus levam a que os queira ver para tirar as minhas próprias ilações. O site não travou, contrariamente ao que esperava; a imagem é bastante boa e o som também. Premi f11 e ali fiquei. Um copo de leite morno, uma tosta, paz inquebrável.
A crítica destruiu o filme, com destaque para a imprensa inglesa, naturalmente. Todos sabemos do peso de Diana de Gales no imaginário dos britânicos, esperando-se que, mesmo decorridos dezasseis anos sobre a sua morte, uma interpretação tão intimista provocasse reacções polémicas e negativas. Os norte-americanos, dado o distanciamento afectivo, conseguem, aqui, ser bem mais racionais. Creio que o que impulsionou a má recepção no Reino Unido foi o facto de se tratar da Princesa do Povo, do mito, a única capaz de fazer tremer o sólido reinado de Isabel II. Se a Rainha temeu, temeu quando os ingleses questionaram o silêncio da Casa Real naquele fatídico último dia de Agosto.
Muito se falou acerca da prestação de Naomi Watts. Dito por si, a actriz procurou dar um ar o mais realista possível à sua Diana, e no meu entender conseguiu. Não convenceu. Péssima interpretação, dizem. Não partilho dessas opiniões. Em boa verdade, era muito pequeno aquando da morte de Diana, mas vendo - e já vi - vídeos seus, analisando os seus olhares, semblantes, posturas, diria que Naomi se aproximou muito da falecida Princesa. Momentos houve em que parecia uma Diana de Gales ressuscitada, e não apenas fisicamente. Numa das cenas, quando Diana aterra na Austrália, caminhando na passadeira vermelha, cri que estava a ver Diana. A altura, o vestido, o cabelo imaculadamente arranjado, reportaram-me de imediato à Princesa. Disseram ainda que Naomi "transformou a princesa em alguém da plebe sem interesse". Convinha perguntar, digo eu, se Diana não seria uma mulher desinteressante. Não está em causa o seu activismo social, a sua bondade. Nas relações pessoais, muitos a consideravam uma mulher fútil. Não posso esquecer uma entrevista de Cavaco Silva, num dos programas de Herman José, em que o na altura ex-Primeiro-Ministro diz claramente que Diana, vendo o Drº Mário Soares de suspensórios, numa visita oficial, desatou às gargalhadas. Qualquer um de nós reagiria assim, não direi que não; ninguém espera uma reacção destas da então futura Rainha-consorte da Commonwealth.
O filme em si não é bom, assuma-se. O enredo é fraco, demasiado centrado na suposta relação de Diana com um cirurgião paquistanês, de seu nome Hasnat Khan. Dodi Al-Fayed aparece perto do final, quando Diana já não mantém o namoro com o médico, procurando esquecê-lo. O que mais estranhei foi o pormenor de Diana cozinhar quase por obrigação. Tendo assessor de agenda, mordomo, seguranças na sua residência oficial, por nenhum momento vemos as empregadas de Diana. Pelo filme, há imensas cenas de Diana na cozinha a fazer o café da manhã, o jantar. Duvidoso.
Perturbou-me o assédio dos paparazzi. Aí, creio que houve um realismo impressionante. As fotos que todos conhecemos de Diana a fugir pondo a carteira à frente do rosto, correndo carregada de sacos, são primorosamente retratadas no filme. É a violação sistemática do direito à reserva da vida íntima elevada a grau máximo. Não sei como seria aqui em Portugal.
Não esqueceram os pequenos príncipes, que aparecem no filme despedindo-se da sua mãe após uma estadia com ela. O olhar de Diana vendo o avião particular a descolar é tocante.
Se o objectivo era o de recriar Diana de Gales, foi atingido, quanto a mim. A história poderia ser outra, mais convincente e interessante, todavia Naomi Watts esteve razoavelmente bem. Como Diana, agradou-me. Nem todas podem ser uma Meryl Streep, uma Glenn Close ou ainda uma Kate Winslet (a última com interpretações desastrosas...).
É um filme que se vê. Já vi bem, bem piores.
A crítica destruiu o filme, com destaque para a imprensa inglesa, naturalmente. Todos sabemos do peso de Diana de Gales no imaginário dos britânicos, esperando-se que, mesmo decorridos dezasseis anos sobre a sua morte, uma interpretação tão intimista provocasse reacções polémicas e negativas. Os norte-americanos, dado o distanciamento afectivo, conseguem, aqui, ser bem mais racionais. Creio que o que impulsionou a má recepção no Reino Unido foi o facto de se tratar da Princesa do Povo, do mito, a única capaz de fazer tremer o sólido reinado de Isabel II. Se a Rainha temeu, temeu quando os ingleses questionaram o silêncio da Casa Real naquele fatídico último dia de Agosto.
Muito se falou acerca da prestação de Naomi Watts. Dito por si, a actriz procurou dar um ar o mais realista possível à sua Diana, e no meu entender conseguiu. Não convenceu. Péssima interpretação, dizem. Não partilho dessas opiniões. Em boa verdade, era muito pequeno aquando da morte de Diana, mas vendo - e já vi - vídeos seus, analisando os seus olhares, semblantes, posturas, diria que Naomi se aproximou muito da falecida Princesa. Momentos houve em que parecia uma Diana de Gales ressuscitada, e não apenas fisicamente. Numa das cenas, quando Diana aterra na Austrália, caminhando na passadeira vermelha, cri que estava a ver Diana. A altura, o vestido, o cabelo imaculadamente arranjado, reportaram-me de imediato à Princesa. Disseram ainda que Naomi "transformou a princesa em alguém da plebe sem interesse". Convinha perguntar, digo eu, se Diana não seria uma mulher desinteressante. Não está em causa o seu activismo social, a sua bondade. Nas relações pessoais, muitos a consideravam uma mulher fútil. Não posso esquecer uma entrevista de Cavaco Silva, num dos programas de Herman José, em que o na altura ex-Primeiro-Ministro diz claramente que Diana, vendo o Drº Mário Soares de suspensórios, numa visita oficial, desatou às gargalhadas. Qualquer um de nós reagiria assim, não direi que não; ninguém espera uma reacção destas da então futura Rainha-consorte da Commonwealth.
O filme em si não é bom, assuma-se. O enredo é fraco, demasiado centrado na suposta relação de Diana com um cirurgião paquistanês, de seu nome Hasnat Khan. Dodi Al-Fayed aparece perto do final, quando Diana já não mantém o namoro com o médico, procurando esquecê-lo. O que mais estranhei foi o pormenor de Diana cozinhar quase por obrigação. Tendo assessor de agenda, mordomo, seguranças na sua residência oficial, por nenhum momento vemos as empregadas de Diana. Pelo filme, há imensas cenas de Diana na cozinha a fazer o café da manhã, o jantar. Duvidoso.
Perturbou-me o assédio dos paparazzi. Aí, creio que houve um realismo impressionante. As fotos que todos conhecemos de Diana a fugir pondo a carteira à frente do rosto, correndo carregada de sacos, são primorosamente retratadas no filme. É a violação sistemática do direito à reserva da vida íntima elevada a grau máximo. Não sei como seria aqui em Portugal.
Não esqueceram os pequenos príncipes, que aparecem no filme despedindo-se da sua mãe após uma estadia com ela. O olhar de Diana vendo o avião particular a descolar é tocante.
Se o objectivo era o de recriar Diana de Gales, foi atingido, quanto a mim. A história poderia ser outra, mais convincente e interessante, todavia Naomi Watts esteve razoavelmente bem. Como Diana, agradou-me. Nem todas podem ser uma Meryl Streep, uma Glenn Close ou ainda uma Kate Winslet (a última com interpretações desastrosas...).
É um filme que se vê. Já vi bem, bem piores.
tenho curiosidade em ver, tenho que tirar um tempinho para tal :)
ResponderEliminarVê-se bem. :)
EliminarTambém gostei bastante :D
ResponderEliminarFiz um post, quando fui ao cinema ver o filme :D
Abraço amigo Mark
Pois, realmente não há motivos para tanta crítica desonesta e parcial. A actriz saiu-se muito bem enquanto Diana, eu diria.
Eliminarum abraço, Francisco. :)
LOL Dei uma gargalhada mal vi o título do teu post no meu blog. Ontem à noite também vi esse mesmíssimo filme. xDD
ResponderEliminarE concordo a 100% contigo: alturas houve em que parecia a própria Diana. O enredo, de facto, poderia ter sido outro.
Sabias que ela morreu no dia do meu aniversário? lolol
Abraço, querido Mark! :D
Oh, que engraçada coincidência! :D
EliminarComo Diana convenceu-me em absoluto. A história é fraquita. Com tanto a explorar, perderam tempo com a suposta relação com o médico. Evitável.
Não, não poderia saber, ahah. :D Mas ainda bem que o dizes, eheh. Não me esquecerei. :)
um abraço, dear Ine.
Não assisti esse filme. Quero muito ver. Eu lembro da morte da Diana e do funeral. Lembro dos príncipes caminhando com o Charlie atrás do carro que tinha a defunta princesa. :(
ResponderEliminarDe fato precisamos de tirar nossas conclusões. Eu ouvi dizer que era um filme horrível!
Abraços!!
Eu li que o funeral da Diana foi um dos acontecimentos televisivos de maior relevo de sempre. Milhões e milhões de pessoas viram pela televisão em todo o mundo.
EliminarO filme não é muito bom. O desempenho da actriz merece que se perca uma hora e tal, sim.
um abraço.
Não vi o filme Mark, portanto não posso opinar. Contudo, a impressa inglesa é feroz e não sei se aguentaria metade daquilo que ela aguentou.
ResponderEliminarSe quiseres, vê. Tem algum interesse no que diz respeito a Diana.
EliminarA imprensa inglesa é realmente feroz. Até se vê na agressividade dos tablóides... Põem a nu a vida das pessoas...
Sim, a imprensa portuguesa, apesar dos seus tabloidezecos, ainda é mais respeitadora que a britânica pela vida particular de cada um...
EliminarSem dúvida. São os tais 'brandos costumes' de que tanto se fala. Somos mais moderados e respeitadores, felizmente!!
EliminarNão vi, nem me interessa ver. Há filmes magníficos em exibição actualmente em Lisboa e por essa razão seria sempre um filme preterido.
ResponderEliminarEste já não está em exibição, creio, e também não me levaria ao cinema. Aliás, poucos conseguem. :)
EliminarGosto na Naomi mas este não vi nem me desperta muito a curiosidade.....
ResponderEliminarEla não se saiu tão mal quanto disseram. :)
EliminarEu também gostei do filme e achei-a fantástica. Passado uns minutos, esqueces-te que estás a ver uma actriz. Gostei do argumento, acho um período curioso da vida dela e a relação com o médico paquistanês revela mais sobre ela do que sobre ele. E depois tem aquele desfecho que, para além da tragédia, nos põe a pensar onde é que estaria hoje, se não tivesse morrido.
ResponderEliminarExacto! Foi a minha primeira constatação: a Naomi foi bastante convincente como Diana de Gales. A crítica britânica foi injusta. Desvalorizaram um trabalho que presumo árduo. A actriz tentou ser o mais fiel possível a Diana.
EliminarA história já achei mais fraquinha. Mas, visto por essa perspectiva, desconstruíram-na, tornando a Princesa numa Diana 'mulher', vulnerável a paixões, que rompe as meias, que prepara pré-cozinhados no microondas, que relaxa no sofá enquanto vê séries. :)
A sua morte foi muito precoce. Não viu o que faltava do crescimento dos filhos, o casamento do herdeiro, o neto, e o que ainda está para vir: William enquanto Rei de uma imensidão de países. Seria uma rainha-mãe muito amada e cheia de prestígio. Conta-se que o William prometera à mãe devolver-lhe o título de Sua Alteza Real, que Diana perdeu com o divórcio, assim que ascendesse ao trono. :)
Olá Mark
ResponderEliminarConfesso que nutro alguma simpatia pela rainha Isabel II. Muitos criticam-na pela forma como lidou com Diana. A bem dizer todos veem o lado de Diana ninguém se coloca no papel da rainha nem tão pouco pensam no que estava realmente em jogo e na responsabilidade que a senhora tinha e tem. É certo que a lillibeth não soube lidar com a nora, tornando-lhe tudo demasiado inacessível. Mas repito, a Diana também não soube levar a rainha. Vê a Sophie, Countess of Wessex.
Quanto à imprensa a Diana também a utilizou quando lhe deu jeito.
Diogo
Olá Diogo!
EliminarEu não tenho nada contra a rainha Isabel II. Ela cumpre o seu papel. Já se sabe que a monarquia britânica é bastante formal, rígida.
Creio que Isabel II não soube se adaptar aos novos tempos. Não esperava o divórcio dos filhos, provavelmente. Tanto Diana como Sarah Ferguson deram-lhe algumas dores de cabeça...
Sim. No filme há uma parte em que Diana fala com um paparazzo. Na minha opinião, que vale o que vale, ela foi uma vítima do assédio da imprensa e depois tentou manipulá-la à sua maneira, tentando controlar algo. Muito naquela do 'se não os podes vencer, junta-te a eles'.
Não sei o que se passou, mas acho que não cheguei a submeter o meu cometário anterior... eu escreve outra vez...
ResponderEliminarDizia eu, que também já vi o filme e achei que o realizador lhe deu o cunho da princesa e a actriz se caracterizou muito bem.
Mas no geral não achei que fosse um filme muito bem conseguido!
É essa a minha constatação. A actriz esteve bem, a 'Diana' foi conseguida. O pior foi o enredo... :s
EliminarVi o trailer do filme, e na altura achei a interpretação da actriz até bastante boa. Uns dias mais tarde li na crítica cobras e lagartos, e acabei por não ir ver o filme. Fica para uma próxima oportunidade. Ainda assim, foi uma morte prematura, de uma pessoa que ainda tinha muito para dar não só ao mundo, mas sobretudo à fria monarquia britânica.
ResponderEliminar