Aproveitando estes primeiros dias de aulas
em que nem todas são leccionadas, ainda, fui ao cinema depois do almoço. Em
todo o caso, poderia ir ao final da tarde. A essa hora começa a arrefecer e não
se torna tão agradável.
O P. entrou no politécnico,
revestindo esta ida ao cinema numa espécie diferente de
comemoração. Escolhemos, evidentemente, os cinemas UCI no El Corte Inglés.
Optámos pelo Mordomo por diversos motivos: gostei da sinopse, além de conter
uma participação especial da Mariah. Segundo o P., o filme tem recebido boas
críticas, o que, assistindo, dá para compreender.
Começando pela história, não
querendo desvendar nada de forma significativa, aborda a segregação racial nos
E.U.A, ao longo do século XX. Nesse sentido, o enredo desenvolve-se em torno de
um pequeno rapaz, afro-americano, nascido numa exploração agrícola de senhores
brancos, que sente desde cedo o peso da discriminação. Rolando pelas
desventuras da vida, acaba na Casa Branca como mordomo dos sucessivos
presidentes, trabalhando para as várias administrações por mais de três
décadas. Este papel coube a Forest Whitaker que o desempenhou com distinção.
Está rigorosamente de parabéns.
A sua esposa, no filme, é
Oprah Winfrey. Não considerei a actuação como algo fora de série. Pouco esforço
fez para ser diferente. Quase que vi a apresentadora versão dona de casa /
classe média. Não esteve mal, antes isso. Momentos houve em que creio mesmo que
esteve bem, acima do que esperava.
O filme conta com inúmeras
participações especiais, nomeadamente os colegas de trabalho do mordomo e todo
o staff presidencial, incluindo os presidentes e respectivas
famílias. Nomes como Robin Williams, Lenny Kravitz, Jane Fonda, como
primeira-dama de Ronald Reagan, etc. Aliás, pelas interpretações, quase que
poderia dizer que Ronald Reagan foi um bom presidente. Para os
norte-americanos, com certeza que sim; para os restantes terrestres, visto que
o Presidente dos E.U.A é meio como um líder mundial, tenho as minhas dúvidas.
No filme, inclusive, Reagan é tomado por momentos de lucidez... Nem sempre a
sua consciência concorda com várias das políticas adoptadas por si...
A Mariah, pois bem. É
importante que se diga que não é actriz, nem de raiz, nem de coisa nenhuma. É
cantora. Aventurou-se pelo cinema, em 2001, com Glitter, e não correu lá muito
bem. Se é verdade que a sua interpretação não é memorável, não é menos verdade de que todos os actores, até os melhores, têm maus filmes; todos os cantores, até
os melhores, lançaram péssimos álbuns. Ela não é diferente e as críticas que
lhe foram dirigidas escondem o respeito que, no fundo, fãs e não fãs nutrem. Só
criticamos aqueles de quem esperamos o melhor. Entendi eu assim a maledicência
em torno de Billie Frank, a sua personagem em Glitter, e a Mariah, que se
esforçou a partir de então para dar tudo o que sabe - e a mais não é obrigada.
Fez de assistente social no filme Precious, em 2009, sendo extraordinariamente
elogiada, e não foi uma mera participação especial. Falou, falou, muito e bem.
Falou tanto e tão bem que permitiu a Mo'Nique uma das cenas que viria a dar-lhe
o ingresso para o Óscar de Melhor Actriz Coadjuvante no ano seguinte. No
Mordomo, nem me recordo se fala, mas o seu papel tem um impacto tal, logo no
início, que marca o drama até ao final. É impossível esquecer-se daquela mãe
quando deparamos com o mordomo velhinho e sofrido.
Teria mais uma aula. O P. fez
o favor de me acompanhar até ao campus universitário. Pelo meio, parámos no
Campo Pequeno a conversar. O vento, todavia, estava muito desagradável. Deu
para comermos umas pipocas que distribuíam na rua.
Irá tratar da matrícula nesta
semana que se avizinha, agora que tem a confirmação de que entrou. Está
empolgado; não noto alterações substanciais no seu humor, contudo. É bom. Não
cria expectativas como eu quando entrei. Saem todas defraudadas.
A pilha de livros que já
tenho por comprar...
O Mark a comer pipocas distribuídas na rua...
ResponderEliminarTenho dito, o namorado é uma ótima influência sobre este rapaz.
Por acaso estavam óptimas. Eram doces. :D
EliminarRepito: Ótima influência.
EliminarLOL, és demais. :)
EliminarBom regresso às aulas é com o Continente ahahahahahahahahahaha
ResponderEliminarFiquei com curiosidade acerca do filme, e mais acima com os desenvolvimentos com o P.
Tanto tempo numa sala escura?! Um toque de mãos, um beijo roubado etc etc estou a tentar nabos da púcara :b ahahahhahaha
Abraço
Vale a pena ver o filme. Pronto, não é um 'filmão', mas vê-se bem...
EliminarNada de beijos. Demos as mãos, sim. Não relatei para não estar sempre a centrar-me nesses pormenores. Não quero ser repetitivo. :)
abraço.
Esse filme deve ser bem interessante. Na verdade aqui é igual, discriminação racial e racismo todo dia. E olha lá que o Brasil é bem multicultural. Negro sempre recebe menos pelo mesmo trabalho. Aqui a lei pune severamente quem discrimina pela cor da pele mas na prática ninguém faz nada quanto a isso sabe.. E o tempo vai passando e o Brasil vai se desenvolvendo com esses traços primitivos.
ResponderEliminarBoa sorte aí pro P. na faculdade dele! Abraços!
O filme aborda questões fundamentais para quem quer entender e saber mais sobre o século XX e, mais concretamente, sobre a sociedade norte-americana, país de 'liberdades e conquistas'. É um país extremamente complexo. Tão precursor nuns aspectos, tão atrasado noutros. Vi cenas que até me custa a acreditar que tenham acontecido na realidade. Um autêntico apartheid à 'boa' moda da África do Sul. Terrível.
EliminarO Brasil... o Brasil é o espelho da sua colonização: primariamente, brancos, negros (escravos) e indígenas, aos quais se acrescenta alemães, italianos, japoneses, etc, já durante o século XIX. E portugueses, claro está, mas dei ênfase ao papel destes como colonizadores. Emigraram para aí, sim, e muito. Salvo erro, foram a comunidade mais numerosa após a italiana. Claro que os portugueses que chegaram ao Brasil pós-1822 já não são considerados colonos.
O racismo é uma das consequências da colonização. O negro, quando alcançou a liberdade, continuou a ser tratado como tal. E o Brasil foi dos últimos países a abolir a escravatura, com a Lei Áurea de 1888. Tardíssimo. Bem, Portugal aboliu-a nos tempos do Marquês, mas só na metrópole. O Marquês, 'espertalhão', manteve a escravatura nos restantes domínios. No seu ódio à grande nobreza, pensou: "querem criados, paguem!". Lá fora, foi outra conversa... A abolição total deu-se só em 1869.
Agradeço em nome do P. :)
abraço.
é um filme que está na minha watchlist.
ResponderEliminarpor acaso gostei bastante da mariah no precious. também foi das poucas coisas que alguma vez vi dela, mesmo a nível musical pois não gosto do tipo.
boas aulas para ambos :)
É um filme bastante dramático. Tem cenas fortíssimas logo de início.
EliminarA Mariah esteve muito bem no Precious, provando que todos erram e falham. Só não erram as máquinas; os humanos, ah isso garantidamente. :)
Obrigado. :)
grande e desaproveitado elenco. a música do Rodrigo Leão que não pode concorrer aos óscares, porque não é original. mas irei ver, agora não sei quando...
ResponderEliminarbjs.
Desconhecia isso da música do Rodrigo Leão... Oh! :|
EliminarO elenco é de luxo, sim, mesmo contando com os 'não' actores profissionais.
beijinhos.
Um filme a ver, sem dúvida.
EliminarUm dos interesses é tb a bso do rodrigo leão, mas não sabia que não podia concorrer aos óscares, o que é uma pena.
Abc
Também desconhecia essa situação. É lamentável. :|
Eliminarabraço, sad. :)
Bem, só tenho a dizer que tenho saudades de ter de comprar livros para a faculdade... :(
ResponderEliminarDeve ser da licenciatura... Todos vocês dizem que têm saudades da faculdade; eu estou ansiando que termine. :)
EliminarPor acaso estou curioso para ver esse filme.
ResponderEliminarMas, ó Mark, o menino não acha que, em vez de Mordomo, o filme devia chamar-se "A Criadagem"? loool xDDD
Eu ADORO comprar livros para a Faculdade (e outros também xD)!
Abraço! :)
LOOOOOOOOOOL és tão mau comigo. xDDD
EliminarVai! É interessante. Vemos uma realidade com a qual nunca tivemos contacto (e ainda bem!).
Para a faculdade já gostei mais... :)
abraço. :)
Também me interessa o filme que tem, segundo a critica uma boa interpretação do Forest W.
ResponderEliminarJá não estou nada a ver a Ophra a fazer cinema, mas enfim, dos americanos tudo se espera, principalmente se têm dinheiro e influências...
Ele saiu-se muito bem no filme, de facto. :)
EliminarEm relação à Oprah, surpreendeu-me pela positiva, apesar de tudo!
Olá Mark!
ResponderEliminarEspero que as aulas continuem a correr bem... quanto aos livros devo confessar que sempre foi a minha parte preferida e ainda hoje olho para a estante e sinto uma grande nostalgia dos momentos em que comprei cada um deles!
Quanto ao filme também me parece bastante interessante. Tenho é pena de não ter tempo para o ver! :'(
Abraço
Olá Rúben! Obrigado. :)
EliminarCompreendo. Acredito que também venha a sentir essa nostalgia de futuro. Eu gosto realmente de estudar e tenho consciência de que sem esforço não se consegue nada. Estou é um 'nadinha' farto. :)
abraço. :)
Já tinha lido a resenha deste filme, mas não tive chance de assistir, parece interessante! abs
ResponderEliminarÉ muito interessante. :)
Eliminarabraço.