15 de setembro de 2011

Gosto de caminhar e escutar a sabedoria da brisa tímida.


Passeei, passeei como há imenso tempo não o fazia. Acordei cedo (como de costume), tomei o café da manhã e saí. Em casa só restava a Ana a começar as suas limpezas. A mãe sai mais cedo, num ano em que nem férias na praia tirou, contra a sua vontade e a minha.
Quase que desaprendi a conduzir. Já não o fazia há algum tempo. Perdi um pouco a prática.
Comecei por um centro comercial, espaços que cada vez menos são do meu agrado. Lembro-me de passear horas a fio, com as minhas colegas do secundário, pelos centros comerciais mais badalados (e de bem...) de Lisboa. Lembro-me, inclusivamente, de cenas engraçadas passadas à entrada da loja X ou do espaço Y. Hoje, passando pelos mesmos sítios, sinto uma indiferença gritante, só não suplantada por alguma nostalgia que ainda perdura. Comprei umas roupas porque realmente precisava de dar uma renovada. Neste ano, tenho diminuído nos gastos de uma forma incompreensível, se mo dissessem há um ano atrás, e verdadeiramente impressionante. Eu precisei de comprar roupa. Precisei! Nunca antes tinha precisado porque simplesmente não chegava ao ponto de precisar. Surpreendido comigo. Demorei uma hora, quando anteriormente demorava umas cinco, no mínimo dos mínimos...

Hora de almoço? Uma sandwich daquelas completas num café-restaurante em que entrei e prontinho, quando, numa outra época, comeria refeição de prato porque - palavras que com certeza diria - "refeições rápidas não são para mim". Não eram, meu bem, não eram.
Acabei a tarde a caminhar num jardim de Lisboa, a comer um gelado e a pensar, pensar, pensar. Pensar que tenho mudado tanto que até aos meus olhos parece um absurdo. Ganhei maturidade, talvez, mas perdi brilho. Tenho a noção disso. Até no blogue é visível. A minha escrita era diferente, por vezes fútil, eu sei, mas sem dúvida mais alegre. Também eu o era e já não o sou tanto.

Pela primeira vez, temi o futuro. Temi-o porque se mudei tanto em um ano, o que poderei mudar em dez? Ficarei apático? O pior (ou melhor) de tudo, é que tenho a consciência do processo todo pelo qual estou a passar. A prova do mesmo é este texto. Muitos têm dito ao longo de toda a minha vida - e continuam a dizê-lo - que sou inteligente. Sinceramente não o acho. Porque a inteligência não se observa apenas na capacidade de auto-análise, mas também na forma como lidamos com a mudança, sem a lamentarmos, tenhamos ou não noção dela. Tenho consciência de que estou a mudar, uma lucidez tão alva quanto o branco translúcido de um lençol imaculado, mas jazo inerte perante isso.
De algo, porém, tenho a certeza: não é uma mera fase. Seja o que for, é para mudar algo de forma substancial. Só não sei como.



4 comentários:

  1. Calma, está tudo bem!
    São transformações inerentes ao jovem adulto que começa a tornar-se adulto. A luz, o sorriso... esses manter-se-ão!
    Quanto à comida, regressa aos antigos hábitos . Caso contrário, daqui vão umas palmadas :)

    Abraço

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  2. Podias ter-me convidado. Teria sido um dia diferente... para os dois. LOL

    Mas nada de sandes rápidas. Nada como um prato de comida. :)

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  3. Uma só frase resume tudo: estás mais adulto!

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  4. Este é um dos prazer e das honras em ler um blogue desde que nasce: o poder acompanhar a evolução de quem o escreve.

    És um rapaz bastante inteligente, culto, acima da média. Digo-o porque é a verdade. É o que penso e o que sinto. Lido com muitas pessoas, de todas as idades e escalões sociais no meu meio profissional e, verdade seja dita, nunca conheci um rapaz da tua idade tão inteligente como tu.

    Tu mudaste e cresceste ao longo do tempo. Se em 2008 parecias um rapaz mais "elitista" e "consumista", agora mostras um lado mais humano e mais próximo das outras pessoas. É uma mudança que decorreu gradualmente. Não mudaste da noite para o dia. As tuas vivências fizeram-te crescer em aspectos que, à uns anos atrás, certamente considerarias impossíveis.

    Não deves ter medo do futuro.

    Daqui a alguns anos, quando releres todo o teu blog, sorrirás para ti mesmo e sentirás orgulho do teu percurso.

    Estás no bom caminho e tenho a certeza que vais alcançar facilmente todos os objectivos a que te propões. ^w^

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