Parece que foi ontem que tudo aconteceu. No fundo, pouco mudou na minha forma de ser desde que te foste embora. O meu âmago é igual, talvez os pensamentos sejam menos obtusos e a consciência mais nítida do que outrora.
Continuo a guardar - e a rever - os álbuns fotográficos de anos e anos que me pareceram felizes, pese embora germinasse, em nós, a semente da discórdia. Foram anos de felicidade, vividos e sentidos como se perdurassem para sempre, não esgotados na sua plenitude, pois a certeza de que seriam infinitos era um ponto assente. Os sorrisos eram verdadeiros, o amor também, mas aprende-se, com o tempo, de que nada é para sempre e que todas as certezas são refutáveis.
O amor também pode ser um pedaço perecível de coisa nenhuma. Acontece por todo o lado, esgota-se, acaba.
Continuo a sentir os aromas dos teus perfumes, a textura sedosa dos teus fatos, o brilho dos teus sapatos escolhidos cuidadosamente e ao pormenor.
Concebi um intervalo de tempo entre o passado e o presente, transformando esta lacuna numa breve despedida. Apenas uma despedida, breve, muito breve, como as que trocávamos por vezes de manhã. A despedida pressupunha o teu regresso, assim como eu, hoje e amanhã, pressuponho o teu amor.
um pai é sempre um pai...
ResponderEliminarmark, sem palavras :o LINDO!!!
ResponderEliminarApetece-me repetir o comentário da Cláudia.
ResponderEliminarComo gostava de poder ter sentido toda essa beleza, mesmo que angustiante, em vez do intenso medo.
ResponderEliminarJá telefonaste hoje ao teu pai?
Já lhe disseste que sentes a sua falta?
Força.
Um abraço com ternura.
O cerebro humano é espantoso. Apaga certas memórias de forma permanente, mantém outras para toda a vida. E essa é uma bonita memória para manter.
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