24 de janeiro de 2010

Dimanche (engager)...


Hoje resolvemos ir almoçar fora. Eu e a mãe. Temos o hábito de o fazer ao Domingo. Fomos a um restaurante simpático em Lisboa. À chegada, reparei logo que um homem no balcão olhava para mim. Ele bem tentava disfarçar, mas simplesmente não conseguia. Estava com uns amigos a beber cerveja e a ver a selecção de Angola a jogar (eu odeio futebol!). Era novo, perto de trinta anos, cabelo curto e até era engraçado. Confesso que não gosto de olhares tão fixos. Senti-me invadido na minha privacidade. A mãe estava de costas para ele, logo não se apercebeu de nada. Por vezes, eu olhava para ele só para tentar perceber a razão de tantos olhares. Numa dessas vezes, ele olhou para mim com um ar de "safado" e descarado. Atrevido mesmo. Pensei: "Olha, mais um...". Se os amigos soubessem... Aquele pseudo-hetero, convencional, armariado (provavelmente), bebia cerveja, via futebol e, ao mesmo tempo, tentava engatar um rapaz (eu) a almoçar com a sua mãe. Tive pena dele. Já estou habituado a situações deste género, mas incomoda-me tanta solicitude e tanto atrevimento. Não sei se será o meu lado elitista a falar, mas senti-me uma prostituta-de-bar-que-faz-strip-e-atrai-clientes. Aquele olhar: "Ena, um pedaço de carne!", reduz-me a um bocado de algo comestível. E a mãe falava, falava e falava...
Depois de comermos, a mãe adora beber o seu digestivo (whisky), mas eu fiz uma pressão enorme para sairmos. Lá bebeu aquilo bem depressa, entrámos no carro e fomos passear a Belém.
Já em casa, ao fazer umas fichas de Psicologia, continuei a pensar no que tinha ocorrido. Qual seria a história por trás daquele homem? O que o levaria a ser tão oferecido, não me conhecendo minimamente?
Talvez, como vive encoberto, é a única forma de conseguir alguma coisa.
Coitado.

1 comentário:

  1. Não podia, simplesmente, estar a olhar para a tua mãe? :P Tudo bem que ela estivesse de costas, mas ele podia estar á espera que ela se virasse :P

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