13 de janeiro de 2010

Chupa em Chuva


O dia de hoje foi incrivelmente fascinante, apesar do mau tempo que assola Portugal. Para mim, começou bem cedo. Tive de ficar em casa (é preferível à minha mãe faltar na empresa) porque, apesar de viver há pouco tempo na casa nova, a verdade é que já está a dar dores de cabeça. A canalização da toilette tinha problemas, e a única solução foi chamar um canalizador. E quem ficou para o receber? Eu! O homenzinho por acaso foi simpático, mas rapidamente chamei a Ana (empregada) para tratar de o acompanhar e explicar-lhe detalhadamente os problemas. Ao mesmo tempo recebo uma SMS do Filipe:
"Temx de falar. Há mta koisa por dizer. Se puderx falta a escola pk kero falar ctg hj.."
Estranhei. Há imenso tempo que não trocávamos mensagens e se não tivesse sido na passagem de ano, provavelmente não nos tínhamos visto. Decidi ir. Telefonei-lhe e marcámos um encontro no Centro Colombo (que eu odeio!) para as 13 h. Ainda dava tempo. Fui ao salão aqui perto de casa aparar o cabelo.
Quando cheguei à Catedral do Consumismo Pindérico (LOL), ele já lá estava. Apertámos as mãos (que macheza, hein?!) e entrámos. Perguntei-lhe o motivo de tanta urgência, e ele disse-me que era importante que reatássemos a nossa amizade e continuássemos a falar e a sair como bons amigos. O que é que eu poderia dizer? -"Acho bem." Fomos ao Mac comer qualquer coisa. Fiquei-me pelo Sundae de morango. E chegou. Abusei no Natal. A fome também não era nenhuma. Enquanto estivemos sentados, elogiou o meu corte de cabelo. Disse-me que estava melhor do que quando tinha 15 anos, numa época em que cortei os meus caracóis e o usei curto.
O Filipe também mudou muito. Quando o conheci tinha 16 anos, ou seja, um ano mais velho do que eu. Está (ainda) mais giro, mais maduro e confiante. Lembro-me bem do sucesso que fazia na escola...
Quando acabámos de comer, passámos pela Hussel, onde comprei dois maravilhosos chupa-chupas. E a verdade é que abri logo um, ao lado do Filipe e, como devem compreender, com os curiosos do costume a olharem. Pouco me importou. Quis relembrar a forma espontânea e divertida dos meus 15 anos. E ele, outrora muito discreto, também não se importou com a minha aparente extroversão. Continuo a pensar que ainda há muito por dizer.
No fim, despedimo-nos, e ele perguntou-me: -"Aquele Diogo gosta de ti?". Continuei a andar. Já me tinha afastado o suficiente dele. Ele não tinha guarda-chuva, logo ficou à chuva. Até que parei. Olhei para trás e vi-o molhado, triste, a olhar para mim com um verde intenso no olhar.
Respondi: -"Eu não gosto dele."
Desci as escadas do metro a suspirar, com o chupa na mão.

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