20 de outubro de 2009

Caim

Esta semana foi lançada a polémica obra de José Saramago, Caim. Obra essa que ainda não tive a oportunidade de ler, não podendo, por esse facto, fazer uma crítica fundamentada. No entanto, mais uma vez, José Saramago ousou enfrentar os padrões culturais ocidentais, mais concretamente a Igreja Católica. Acusou a Bíblia de ser um "manual de maus costumes", e eu não poderia estar mais de acordo com ele. Basta lermos umas breves passagens bíblicas para nos apercebermos que o ódio é uma constante, bem como a existência de um Deus que de sentimentos só conhece a cólera e a vingança.
É manifestamente claro que a Igreja Católica está a atravessar o seu pior momento e continua a perder fiéis incessantemente. As suas doutrinas medievais não se coadunam com as exigências dos tempos actuais, e a verdadeira crise de valores reside nessa instituição, que mais se preocupa com o controlo do nosso corpo e sexualidade do que propriamente pela salvação da nossa alma. Nessa instituição está bem patente o carácter imperialista, em que existe um líder máximo exalando poder e uma continuidade de senadores imperiais responsáveis pela manutenção de tão vasto império. Nem poderia ser de outra forma, afinal, a Igreja Católica é a sucessora de Roma. Martinho Lutero é actualíssimo e cada vez mais. Não reconheço nem nunca reconhecerei a Bento XVI e a seus sucessores o direito de intermediarem a minha relação pessoal com o que se poderá apelidar de Deus. Já estou como o Saramago; Bento XVI nunca bebeu café com Deus, conhecendo-O tanto como qualquer outro mortal.
Comunista, idoso e um pouco decrépito, mas "o homem" tem valor e a prova disso mesmo é o reconhecimento da Fundação Nobel, com a atribuição do Nobel (primeiro da Língua Portuguesa em literatura). Se não fosse uma voz demasiadamente incómoda, até Bento XVI gostaria dele.

1 comentário:

  1. Olá Marco Tiago!

    Pois, o Saramago é muito interessante. Mas eu acho que ele tem um problema a resolver com Deus (ou os deuses). Também Aquilino Ribeiro se dizia ateu, mas na sua obra Deus está sempre presente (mesmo para dizer mal ou para dizer que não acredita). Estou morta para ler! mas temos o Memorial...
    Até quinta e bom trabalho!

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