No sábado passado, num centro comercial bem conhecido da capital, depois de fazer umas compras bem fúteis de coisas que não têm importância nenhuma nem trazem felicidade a ninguém, enquanto estava a andar, deparei-me com um rapaz na casa dos vinte anos, sozinho, sujo e com um ar de quem não vive no mesmo mundo que as "pessoas de bem", num mundo próprio e isolado. Estava e vivia como se mais ninguém existisse naquele momento. Parei para pensar naquele rapaz, e segui-o pelo centro, em busca de perceber um pouco mais daquele comportamento. Não parecia estar bem psicologicamente, agindo como uma pessoa com distúrbios. Mas não fiquei com uma sensação de repulsa, bem pelo contrário, apeteceu-me ajudá-lo. Ao andar, fazia círculos em torno do mesmo lugar, parava nas mesmas montras. Sozinho, tinha a sua cabeça como companhia. Era um rapaz com bom aspecto, elegante, mas a vida já tinha feito das suas naquele ser tão jovem ainda. Tinha saído do hipermercado, onde tinha comprado uma tablete de chocolate e umas maçãs, que comia desalmadamente enquanto percorria um lugar tão cheio e tão vazio. Talvez fosse a sua única refeição, afinal ninguém compra aquilo para comer enquanto anda no centro comercial. As mãos, limpava-as às calças, com uma naturalidade de quem não tem de manter aparências, de quem não está em sintonia com o mundo real. Instintivamente, pensei em falar com ele, talvez fazer-lhe alguma companhia e falar um pouco, mas detive-me, pois percebi que poderia não ser bem entendido. O medo da reacção travou-me os sentidos. E só eu reparei nele... Talvez ninguém olhasse para aquele ser humano tão abandonado, tão estranho, mas ao mesmo tempo tão solitário e necessitado. Depois de um tempo a segui-lo, decidi sair do centro comercial.
Talvez nunca mais o veja, talvez as nossas vidas nunca se cruzem, mas jamais me esquecerei daquele rapaz, tão novo, e que o medo impediu de chegar, de falar... e que arrependido estou.
Tens um grande coração. só quem não te conheça diz o contrário. bjitos lindo.
ResponderEliminarEsse sentimento é de quem se preocupa com o próximo... faz-me lembrar quando o menino lia os textos enquanto eu e a avó bebíamos chá. Beijinhos da tia
ResponderEliminarÉs grande!!! Abraxo =P
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