Foi com algum espanto e pesar que li as polémicas declarações do senhor Cardeal Patriarca, Dom José Policarpo. Não é que não tivesse a certeza relativamente à tão comum hipocrisia católica, mas é lamentável que um homem com as responsabilidades que este senhor tem, possa dizer arbitrariamente aquilo que lhe vai na alma. Não me parece ser o melhor caminho para o diálogo inter-religioso, afirmar que o casamento entre raparigas católicas e jovens muçulmanos é um problema enormíssimo para a Cristandade. Também acusou o Islão de não estar aberto ao diálogo; mas haverá religião mais dogmática que a Igreja Católica, com as suas verdades únicas e inquestionáveis? Recuso-me a comentar a forma verdadeiramente infeliz com que usou a palavra "Alá".
Não sou propriamente um defensor do Islão, criticando até vários usos primitivos e condenações chocantes para qualquer ocidental, mas um homem que é tão somente a figura máxima da Igreja Católica em Portugal não pode ter este comportamento, fazendo-me lembrar as Guerras Santas do séc XII, adaptadas à realidade dos nossos tempos.
Numa altura em que o fanatismo religioso assume proporções imparáveis um pouco por todo o lado, estas declarações insensatas tem de acabar para que não se volte a repetir a infelicidade destas palavras que só promovem o ódio e o desrespeito pelas convicções e religiões das outras pessoas.