18 de agosto de 2018

Aretha Franklin (1942 - 2018) & Madonna (1958).


   Não podemos dizer que tenhamos sido surpreendidos com a partida de Franklin. A Diva da Soul estava doente, moribunda, vinda de uma luta de oito anos contra um carcinoma no pâncreas - um dos piores, para quem não sabe. Com uma expectativa de meses, a cantora viveu oito anos. É uma grande perda para a soul music e para a música negra, em geral. Aretha Franklin possuía um timbre inconfundível. Inspirou tantas outras artistas, e tinha uma carreira consolidada de várias décadas.

   A autora de Respect procurou, em 1985, imprimir um tom mais popular e jovial ao seu registo. Saiu-lhe um dos maiores êxitos, Freeway of Love, que vos deixo aqui em baixo e que é a minha favorita do seu repertório.


   Madonna, a outra rainha, desta feita da Pop, completou 60 anos de idade no passado dia 16, o mesmo da passagem de Franklin. E se Aretha Franklin era, sobretudo, uma artista de outras gerações, Madonna é de todas elas. Vejo pessoas bem mais velhas, e outras mais novas, do que eu a seguir a carreira da irreverente performer, que anda nestas lides há mais de trinta anos. É de 1958, do ano da minha mãe e de outro grande artista já falecido, o lendário Michael Jackson. Lançou-se no mercado em 1983, com o álbum homónimo. De lá para cá, entre polémicas, ousadia e muita criatividade, Madonna atravessou mil estilos, reinventou-se várias vezes e não tem parado de nos surpreender. A morar em Lisboa, adivinha-se que o próximo álbum tenha influências do fado e da morna, estilos assumidamente do gosto da cantora.

   Gosto de várias das músicas de Madonna, e tenho mesmo alguns álbuns. Escolhi a Like A Prayer para vos deixar aqui. Uma das minhas predilectas. É uma canção de 1989, do álbum Like A Prayer, e suscitou uma enormíssima polémica pela letra, também, e particularmente pelo controverso vídeo. Madonna beija um santo de cor, que se transforma em homem e com quem faz amor dentro da igreja. Pelo meio, aparecem-lhe os estigmas de Cristo nas mãos, há um coro gospel e as cruzes a arder do Ku Klux Klan. João Paulo II, Papa de então, apelou ao mundo católico para que banisse o vídeo e às autoridades italianas para que não deixassem Madonna pisar em solo italiano. Outros tempos, em que não havia internet e nem a sociedade de consumo estava tão massificada. Hoje em dia, nada é mais polémico do que por uns cinco minutos, e os artistas caíram na vulgaridade total. Madonna tinha as suas causas, mexia com o sagrado e mordia os calcanhares da religião. Os que se lhe seguiram gostam de escandalizar por escandalizar, sem qualquer elegância ou motivação.


6 comentários:

  1. Só falta a "diva" da Dana International que ganhou a eurovisão ahahahhahahahahahhahaha

    Grande abraço amigo

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  2. Cresci ao som do gospel de Mahalia Jackson, do soul de Aretha Franklin e dos duetos de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, e, ainda que saiba que não são eternos, faz sempre alguma estranheza vê-los partir, pois tinha-os como imortais, afinal tinham-me acompanhado ao longo de anos e anos.
    Claro que continuo a ouvi-los de forma esporádica, contrariamente ao que faziam os meus pais - lembro como um dos momentos mais felizes da minha vida ver os meus pais dançar ao som de "What a wonderful world" de Armstrong. Parecia que o que sentiam naquele momento não iria terminar nunca (enganei-me, claro!).
    Quanto a Madonna não conheço o suficiente. Não acompanhei a carreira e só conheço uma ou outra coisa dela - "Like a Virgin", ou algo parecido, será o que melhor recordo (sei que será uma heresia, mas ... não se pode acompanhar tudo na vida e há tantas e tantas coisas tão fantásticas), no entanto não me deixou qualquer marca. Temo que se a ouvir cantar não reconhecerei.
    Sei que a senhora acampou em Lisboa, já mexeu com a política de estacionamento da zona onde vive, mas espero, e desejo, que seja muito feliz por cá. Seguramente não a incomodarei na rua nem nunca lhe pedirei qualquer rabisco.

    À guisa de lendas, há muitos, mas mesmo muitos anos atrás, encontrei a tomar chá (lanchar, talvez?) em Seteais uma outra diva, Gloria Swanson, que, esta sim, me impressionou terrivelmente com a sua inesquecível interpretação de Norma Desmond no meu filme de culto de sempre: "Sunset Boulevard".
    Uma boa semana
    Manel

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    Respostas

    1. Olá, Manel.

      Não conheço alguns dos nomes que mencionou, como Mahalia Jackson e Gloria Swanson. Os demais, conheço. A eterna Ella Fitzgerald! Que diva!

      Heresia alguma. Será heresia ouvi-la, hehe. É uma cantora pop. Sem desmerecer o estilo, o jazz, a soul, o blues, etc., são bem mais interessantes. Eu, infelizmente, sempre consumi muita música pop. Queria refinar mais o meu gosto musical...

      Sem o querer, o Manel deixou-me aqui dicas de músicas e de intérpretes. Muito obrigado!

      Já lho disse, mas repito-o: os seus comentários são tão interessantes. É muito bom tê-lo como leitor!

      Cumprimentos, e uma óptima semana também.

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