15 de julho de 2018

Campeonato do Mundo de 2018 (V e última parte).


   O Campeonato do Mundo terminou com a vitória de uma das favoritas iniciais, a França, num jogo com seis golos. O factor surpresa, que perpassou a competição, não se repetiu na derradeira final de Moscovo. Pelo que fez ao longo da prova, a Croácia merecia ter erguido o troféu. Jogou melhor, não desistiu - mesmo a sofrer por 4x1 - e procurou igualar o marcador até ao último minuto. Não nos esqueçamos de que esta Croácia vinha de três prolongamentos e de duas decisões nas marcas de grande penalidade. Foi um campeonato do mundo muito desgastante para o país dos Balcãs. 

  A França foi crescendo em favoritismo. Não fez um torneio deslumbrante. Na fase de grupos, não impressionou em nada. Nas fases finais, após afastar a Argentina, nos oitavos, por quatros golos, e o Uruguai, nos quartos, por dois, e com o afastamento do Brasil, é que começou a cimentar aquele que seria o trajecto até ao troféu de 1974, que o anterior acabou por ser roubado, não tendo sido recuperado.
  Duvido, muito sinceramente duvido, que Portugal conseguisse dobrar esta França. A selecção de Didier Deschamps, de 2018, é substancialmente diferente da que Portugal encontrou na final de Saint-Denis. Deschamps que, ele mesmo, se junta à restrita lista de homens campeões do mundo enquanto jogadores e treinadores, igualando o brasileiro Mário Zagallo e Franz Beckenbauer, alemão. Mbappé, eleito o mais jovem jogador do torneio, também é, com Pelé, o campeão com menos idade. Tem 19 anos, e nasceu exactamente em 1998, ano em que a França foi campeã, em casa, pela primeira vez.

   Se, quanto à Inglaterra, julguei que estava a ir mais além do que o esperado, a Bélgica e a Croácia, na minha opinião, tiveram um desempenho global superior ao da França. Modric, excelente, enormíssimo atleta, leva, e merecidamente, a bola de ouro de melhor jogador do Mundial de 2018. O domínio que tem da bola e a sua capacidade de ler o jogo e de desvendar soluções a meio campo tornam-no num dos melhores do mundo, titular indiscutível na equipa merengue. O que Modric teve, que Portugal não tem, é um conjunto de peso. A selecção croata é de uma qualidade inquestionável. Um plantel de luxo.

   E deixo Portugal para o fim. O que é que falhou? Tudo. Houve outras desilusões, porventura maiores, como a Alemanha ou a Espanha. Portugal nunca se afirmou como candidato. É, foi-o, um outsider. Jogámos mal, como sempre, na fase de grupos, e despertámos, diz-se, no jogo com o Uruguai, que provou ser melhor. Quem ganha, ganha quase sempre com mérito. Podemos dizer que a França jogou melhor do que Portugal na final do Euro 2016, mas o golo que entrou foi nosso. E por isso somos campeões da Europa e a França não pôde fazer a dobradinha. Há que ser lúcido. Temos jogadores que não justificam a aposta de Fernando Santos. Jogadores dos quais esperávamos mais em campo. Se chegámos aos oitavos-de-final, devemo-lo a Ronaldo, que nos permitiu sonhar mais um bocadinho. E Ronaldo está a envelhecer. A sua saída para a Juventus, que muitos julgam uma má opção do Real, está mais do que estudada e calculada. Ronaldo marcou menos golos na última época, sendo o melhor marcador de sempre do Real Madrid. O clube é altamente competitivo, e Ronaldo, por um pequenino pormenor que ninguém domina - a idade - teria quebras sucessivas, e naturais, no rendimento. Retirou-se a tempo da liga mais competitiva do mundo. Na selecção, quando Ronaldo sair, antevejo décadas iguais àquelas em que nem sequer chegávamos às fases finais. Certamente que muitos se lembrarão delas. Não temos alternativas. Não temos promessas. Não temos nada. Apenas a incerteza de um futuro cinzento no que respeita a estes grandes torneios da UEFA e da FIFA.

   A mim, o Campeonato do Mundo deixará saudades. Recordo que apenas num jogo houve um empate sem golos: no quinto jogo do grupo C, da fase de grupos, quando a França (curioso dado…) e Dinamarca já estavam ambas apuradas para os oitavos. Foi quase um jogo de gestão de esforço.
   Acompanhei todos os jogos, literalmente todos, com duas semanas a três por dia: às 13h, 16h e 19h. No dia 16 de Junho, houve quatro jogos, com um às 11h. Uma maratona, que fiz por gosto. As ligas de clubes não me atraem. Gosto razoavelmente das ligas espanhola, inglesa e italiana, bem assim como da Liga Europa e da Liga dos Campeões, o campeonato da Europa de clubes. Gosto, gosto, apenas pelos Euros e pelos Mundiais. Junte-se-lhes a Copa América. Acompanhei a Centenário, de 2016, e acompanharei, claro está, se vivo for, a de 2019. Teremos um Euro 2020 inédito, com jogos em doze países, e um Mundial 2022 no Médio Oriente (Qatar), disputado em Novembro e Dezembro para contornar o Verão daquela região do globo.
   Parece-nos muito, e de facto muito se passa em quatro anos, mas o relógio é impiedoso. Já começou a contar.

4 comentários:

  1. Respostas
    1. A França é um país que, historicamente, fez mal a Portugal, muito, sobretudo com as invasões, responsáveis pelo nosso atraso estrutural. Impediram a industrialização portuguesa atempadamente. Pelo menos a isso obstaram, e muito.

      Eliminar
  2. O tempo não pára para ninguém

    Tive pena da Croátia e da Bélgica ;)

    Gostava de ter visto Inglaterra e França na final confesso...

    Depois da Alemanha ter ficado pelo caminho, qualquer equipa poderia ganhar. Gosto muito da selecção alemã...

    Abraço amigo e até ao próximo Campeonato na Copa América :) Que ganhe o Brasilllllllllllllllllllllllllll

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu gostei da final. Só não gostei que a França tivesse ganhado. Queria que tivessem perdido com a Croácia.

      um abraço.

      Eliminar