11 de julho de 2016

A participação de Portugal no Euro 2016. (II)


    No momento em que Portugal conseguiu passar aos oitavos-de-final, escrevi sobre a campanha até então. Tratou-se da primeira parte de um artigo duplo. À medida em que íamos crescendo na competição, em qualidade e em confiança, pensei em voltar a debruçar-me sobre a nossa participação, mas fui adiando, adiando na expectativa de saber até onde chegaríamos. Chegámos à final, e vencêmo-la.

    Duvidei. Como a maioria dos portugueses. O nosso desempenho na fase de grupos não convenceu. Na partida seguinte, na qual defrontámos a Croácia, a esperança aumentou, num jogo sofrido, com um golo de Ricardo Quaresma aos '117 minutos. Deparámo-nos com a Polónia, seguidamente, e conseguimos marcar cinco grandes penalidades após mais um prolongamento. Estávamos nas meias-finais. Com o País de Gales, mostrámos toda a nossa competência, ganhando por duas bolas a zero. A final, o doce sonho, tão perto e simultaneamente tão longe. Portugal foi depreciado, menosprezado, pela imprensa francesa.  A meio de calúnias e de maledicências várias, a profecia de Fernando Santos estava cada vez mais perto de se concretizar: sair de França apenas a dia onze, e em euforia.

     O derradeiro jogo foi o que todos pudemos assistir: um confronto sujo, com infracções desportivas gravíssimas: lesões deliberadamente infligidas sobre o adversário, Portugal. A arbitragem, à semelhança do que havia ocorrido transversalmente ao longo do torneio, ostensivamente beneficiou a selecção francesa, que nem assim conseguiu confirmar o favoritismo de quarenta anos sem perder frente a Portugal e de ganhar todas as competições sediadas em território francês. Somos campeões da Europa. Demos essa vitória aos milhões de portugueses que residem em território nacional e, sobretudo, aos muitos milhões espalhados pelo mundo; no caso, concentrados em França.

    Cada partida foi disputada à exaustão. Empatámos cinco dos sete jogos no tempo regulamentar. Os três primeiros sem qualquer desenvolvimento. Nos dois que se seguiram, com a Croácia e a Polónia, vencemos no prolongamento e nos remates da marca de grande penalidade, respectivamente. Apenas com Gales conseguimos suspirar. Frente à desditosa França, Cristiano Ronaldo saiu lesionado, Quaresma foi consecutivamente alvo de faltas, porém Éder - o patinho feio que se tornou bonito, como referiu Fernando Santos - encaminhou Portugal, aos '108 minutos, para o primeiro lugar do pódio do Campeonato da Europa, pela primeira vez nesta modalidade.

     Todos os nossos jogadores estão de parabéns. Seria injusto mencionar alguns, mas não resisto em fazê-lo. Pepe, na defesa; Renato Sanches, no meio-campo; Nani, Quaresma e Ronaldo, enquanto avançados; Rui Patrício, incansável, na baliza. Uma enormíssima selecção. E não sou tomado por esta apoteose. Friamente, digo-o: da defesa à última linha, a selecção portuguesa tem um grupo de inestimável valor. Disputaremos a Taça das Confederações, em 2017, e, no ano seguinte, o Campeonato do Mundo. Não imagino o que o futuro nos trará, tão-pouco se Fernando Santos permanecerá ao leme dos destinos da selecção nacional, todavia confio. Confio em que possamos ir mais além.

     Comemoremos. O desporto é o que é. De norte a sul, passando pelas ilhas, Portugal celebra. Porque o futebol tem esta magia. Uma magia que perpassa fronteiras.
    
     Hoje ouve-se um fado. Um fado corrido.


9 comentários:

  1. Nunca acreditei que chegaríamos tão longe, mas fiquei contente por teres ganho :)

    Grande abraço amigo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu julgo que ninguém acreditou, inicialmente.

      um abraço, amigo Francisco.

      Eliminar
  2. Acreditando ou não, chegaram. Parabéns pela conquista. Amei por aqui.

    Beijão

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É verdade. O nosso primeiro Campeonato da Europa. E que venha o do Mundo!... (sonhar não custa)

      um abração, amigo.

      Eliminar
  3. Eu faço parte dos que não acreditavam na seleção mas mesmo assim torcia por eles e o último jogo foi a cereja no topo do bolo, que não se viu mas que se comeu e saboreamos todos :-)

    ResponderEliminar
  4. Lindo texto Mark. Eu achava que Portugal não conseguiria chegar à final, confesso, mas chegou e ganhou. Foi um lindo gol do Éder. E eu achei bom Portugal ter ganhado. Eu torci pra essa seleção e fiquei feliz que Portugal tenha ganhado. Parabéns a vocês

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá, Tiago.

      Nem é preciso assinar para reconhecer a sua escrita. :)

      Foi. Foi um lindo golo. Muito obrigado por nos acompanhar e ao nosso futebol.

      Sim. A vitória teve um efeito extraordinário nas pessoas. Os portugueses não são particularmente eufóricos; vê-los a festejar é uma raridade.

      um abraço.

      Eliminar
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar