19 de julho de 2014

O Futuro.


   Aproximando-se o final, em passos verdadeiramente largos, agudizam-se as inquietações acerca do pós-licenciatura. O bom de tudo isto é que não sou o único a viver momentos de incerteza. Falando com algumas pessoas, muito embora a grande maioria saiba o que quer, sempre se encontra um por outro que ainda não se decidiu. No meu caso, o problema é não ter um leque de opções, melhor dizendo, não estou indeciso entre um ou outro caminho. Não sei, efectivamente, o que seguir.

   Com efeito, começa a preocupar-me. A época de inscrição para os mestrados está prestes a iniciar e sou compelido a arriscar uma segunda parte no universo jurídico. O lado mais racional indica-me uma carreira na área da comunicação social, algo relacionado com jornalismo. Há tempos, um rapaz amigo passou-me um site de uma universidade que tem uns mestrados com interesse. Caros, é verdade. Não queria nada sujeitar os pais a encargos. Já cumpriram com a sua obrigação, proporcionando-me o acesso ao ensino superior e arcando com as despesas inerentes durante estes quatro anos. Sei que não hesitariam caso lhes comunicasse uma decisão. Apenas creio que não é justo.

   A faculdade dispõe de gabinetes de orientação, de saídas profissionais, aos quais não recorri porque desconfio da utilidade em ajudar. O facto é que sou complicado, terrível para tomar decisões. Foi assim há quatro anos. Optei quando não podia adiar mais. Nunca senti, como quase todos, um apelo. Dou para tudo e não dou para nada. Há quem saiba, desde cedo, que quer ser advogado, médico, radiologista, farmacêutico, professor. Eu não. Sequer dizia que seria isto ou aquilo quando me perguntavam, o típico dos adultos ("O que queres ser quando fores grande?"). Bem como nunca acreditei no Pai Natal. Sei lá, sou esquisito. Não me vejo em tribunais. Nem a leccionar. Tampouco a estar dias a fio metido num escritório, saindo às dezoito, enfrentando filas de trânsito para chegar a casa, comer algo rápido e refestelar-me no sofá ou na secretária em frente ao pc. Não, não, não! Pensando em profissões, nenhuma é do meu interesse, excepto estas: repórter, pivot de noticiário, apresentador de programas informativos, debates, até um talk show - algo com interesse, claro. O lado negro é a fama, que rejeito, que nunca me seduziu, devo dizer até que me arrepia. Seguindo, seria por concretização pessoal, vocação, jeito.


    A oral de quinta correu bastante bem. Subi dois valores. Objectivo alcançado. A parte má foi estar desde as dezassete até às vinte e uma dentro de uma sala, morrendo de calor. Em si, a minha prova demorou meia hora. Sendo melhoria, o professor perguntou-me tudo. O regente, senhor de alguma idade, experiente. Até prefiro. A oral pelo regente será, no limite, mais justa. Como sou assíduo, senti que tomou esse detalhe em consideração, aliás, apontando a falha a tantos que lá estavam, para oral de passagem, e que pensam que chega ler os manuais. É insuficiente e os professores, tarde ou cedo, acabam por memorizar os rostos dos alunos que estão pelas suas aulas ao longo do semestre. Não foi condescendente, no entanto, não é isso que espero ou que pretendo.
   O calor era tanto... Recordo-me de uma prova oral, no primeiro ano, em que a gravata desbotou na camisa. Chegar a casa, despir a roupa, tomar um banho e descansar era o que pairava durante aquelas intermináveis horas. A minha foi a primeira. Resultado, tive de esperar por todos. Só no final deliberam e comunicam os resultados. A etapa da deliberação não teve lugar desta vez, visto que era só um a realizar as provas.

    Na quarta há mais.


17 comentários:

  1. Tem que pensar bem Mark! Afinal é uma decisão que vai tomar por toda sua vida. Eu lembro de você falar que não curtiu Direito. Talvez agora seja a altura de mudar pra algo que te faça feliz :)

    Abraços!!

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    1. Sim, hei-de sair desta encruzilhada. :)

      um abraço.

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  2. Parabéns pelos resultados.
    Quanto às opções, mais tarde ou mais cedo terás que as tomar. Estou certo que o bom senso prevalecerá.

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    1. Espero que sim. Não posso equivocar-me de novo. Obrigado. :)

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  3. Então... as vezes olhamos para o longe em busca de respostas, e elas estão muito mais perto do que imaginamos, e se você olhasse ao longo desses últimos anos de graduação o que você tem feito, ao que tem dedicado mais atenção?! Alem disso, eu penso que a prática difere um pouco da nossa vivência na faculdade, permita-se investigar... se possível frequente os ambientes, quem sabe alguma coisa não te grita aos olhos?! ;-)

    Boa sorte ai... um grande abraço.

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    1. Grande comentário. Certíssimo. É isso mesmo, Latinha! Obrigado!

      um abraço grande!

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  4. Umas férias ajudam ;) para reflectir :)

    Abraço

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  5. parabéns pelo fim de mais uma etapa, Mark, bem sucedida, como mencionaste. quanto ao futuro, os pais só querem o nosso melhor, mas muitas vezes não pensam na nossa felicidade. será a profissão com mais saída, mais empregabilidade, mas quanto a sentirmo-nos realizados, verdadeiramente felizes com isso, é difícil. claro que há pessoas que juntam o útil ao agradável e conseguem trabalhar em algo que gostam. outras adaptam-se, acabam por gostar, e outras, a maioria, fazem porque não têm outra saída.
    a opção quanto ao teu futuro só tu podes fazê-la, medindo os prós e contras... quanto à fama que a comunicação social traz, bem, isso é relativo. temos o caso do Diogo Infante e daquele jornalista da Sic, de que não me lembro do nome - o que casou em Toronto há sete anos e agora oficializou a relação cá - que não são muito incomodados pelas chamadas revistas cor-de-rosa. o que é preciso é saber gerir isso.
    bjs.

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    1. Pois é. Infelizmente a maioria das pessoas nem faz o que gosta. A vida é dura e temos de nos sujeitar àquilo que se proporciona. No meu caso, a minha formação não garante empregabilidade. Se garantisse, até teria sido uma boa aposta.

      Odeio a dita "fama". Não em relação à minha sexualidade. Não é tanto isso. É mesmo a invasão da imprensa. Inventam histórias, perseguem, publicam fotos que captam aqui e ali. É muito invasivo. Com o reconhecimento do público eu lidaria bem, com a abordagem nas ruas. É o lado bom. :)

      um beijinho.

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  6. Também sempre fui muito indeciso nas minhas escolhas e também não tenho a mínima ideia do que vou seguir daqui um ano e meio, quando termino minha especialização, que também decidi no ultimo segundo. Mas uma hora nós decidimos o melhor! Rs

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    1. O meu nome do meio é "indeciso". Em tudo, ahah.

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  7. Não sei como serão os teus gabinetes de orientação vocacional, mas a minha experiência com isso não é muito boa. No secundário recorri e fiquei na mesma. Um,a vez fiz um teste numa revista (Forum Estudante, acho eu), e deu que tinha vocação para, entre outras coisas, padre... LOL

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    1. Eu também não sei como são. Sei que há porque umas simpáticas senhoras andaram pelos anfiteatros a entregar uns panfletos com a informação. :) No secundário não recorri. Os chamados testes psicotécnicos (ou algo assim).

      Padre? Ahahah Teria eu mais vocação do que tu, embora não seja católico. x)

      Admira-me que uma revista inclua "padre" num teste sobre vocações profissionais. Ser padre é religioso, transcendental. Que revista pouco credível, ahahah.

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  8. Espero que esteja tudo a correr bem! :)
    Olha, também não sou grande fã dos gabinetes de orientação vocacional, um teste deu-me para turismo e acho que, sinceramente, é das saídas que menos aprecio na minha área.
    Vou tentar ingressar em ciências da comunicação, a ver vamos! :)

    r. É uma boa música e ainda se ouve muito bem! :)

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  9. Admiro a tua persistência, coragem e afinco. Tomara muitos jovens serem como tu.

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