18 de março de 2020

Olá!


   Não, não desapareci, e nem o blogue findou a sua actividade. Estou bem, de quarentena, ou perto disso, e em Espanha, onde permaneço desde as últimas três semanas. Não tenho tido muita vontade de escrever, eis a verdade, contudo, lembrei-me dos que me acompanham e resolvi deixar algumas palavras, não fossem ficar preocupados, até pelo pânico generalizado que se instalou em todo o mundo. Quando saí de Portugal, já se falava da pandemia, mas estava longe de imaginar que o pico de infecções se deslocaria lá do Sudeste Asiático para as nossas cidades, para os nossos bairros, na pior das hipóteses.

  Como têm sido estas semanas? Há um misto de sentimentos. Andei por Vigo, Ourense (onde permaneci duas semanas), Santiago de Compostela e agora estou em Pobra de Trives, uma vila pequenina da província de Ourense, a cerca de 70 quilómetros da cidade. Por circunstâncias pessoais e também, de certa forma, para escapar, ou tentar, à pandemia, muito embora Espanha já seja o quarto país mais afectado após a China, o Irão e a Itália. Há cerca de duas semanas, adoeci. Estive a antibiótico. Pensei no pior. Afinal, era mais uma das partidas da minha caríssima asma. Isso levou a que adiasse a minha ida a Santiago de Compostela para a semana seguinte, impossibilitando que a conhecesse quando queria. E ainda me falta Pontevedra. 

   A Galiza é uma região encantadora. Notei diferenças acentuadas entre os grandes polos urbanos, como Ourense, e os rurais, ou semi-rurais, como Trives, da língua usada nas comunicações diárias às relações interpessoais. Os galegos da cidade são descontraídos, vaidosos. Usam o castelhano, que consideram quase uma língua culta; os do mundo rural, pelo contrário, são mais discretos, menos eufóricos e bastante mais simples, inclusive no modo como se apresentam e vestem. E falam galego. Julguei que encontraria mais semelhanças com os portugueses. Há algumas, evidentemente, mas não aconselharia a que aumentassem muito a fasquia, que poderão sair desiludidos. Em Ourense, a primeira impressão que ressalta é a de que a malha urbana está melhor estimada. Há vida nas ruas. Sendo apenas a terceira maior cidade da Galiza, tem avenidas que bem poderiam ser de Lisboa.

    Para não mais me alongar, relato a situação actual em Espanha: já estamos em estado de alerta, portanto, impedidos de sair à rua. Apenas o podemos fazer para suprir necessidades básicas, como uma ida ao supermercado ou à farmácia. Em Portugal, pelo que soube, os órgãos de soberania decidir-se-ão no mesmo sentido, visto que o número de infecções não pára de aumentar.

    Nos próximos dias, espero começar a actualizar o blogue com os passeios que dei, os lugares que conheci, apesar de o ânimo, meu e geral, aqui e aí, por toda a humanidade, ser pouco. Estamos a viver algo novo, a que nos acostumámos apenas a conhecer através dos livros de História. Estamos a viver o que viveram os nossos pais, avós e bisavós com a gripe espanhola, os racionamentos, os medos.

     Cumprimentos a todos, sorte, saúde e força para o que aí vem.

3 comentários:

  1. A situação está crítica no mundo inteiro. Moro em Brasília, capital do Brasil, e aqui já foram tomadas medidas drásticas, antes que o pior venha a acontecer.
    Bom restante de semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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  2. Bom estares de volta

    Abraço amigo e diverte te

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  3. Que aventura, Mark. Cuida-te e não facilites, ainda por cima, tendo asma. Abraço

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