13 de novembro de 2016

A Rapariga Dinamarquesa.


   Bem sei, bem sei, o filme estreou há cerca de um ano, sensivelmente. Não sendo um apaixonado por cinema, por mais estranho que pareça, espero que os filmes sejam emitidos nuns canais premium que assinei. Gosto de ver uma boa obra à noite, munido de uma chávena de chá ou de leite quente. Aguardar impacientemente por uma estreia sucedeu pouquíssimas vezes. A última deu-se com o Maleficent, em 2014, portanto, e foi uma decepção na história, compensada pela actuação magnífica da senhora Jolie.*

    Mas estou aqui para falar noutro filme. O título, em si, pouco me disse. Considerei simplista - desconhecia que era biográfico. Na medida em que não presto atenção, tão-pouco sabia sobre o que versava a história. Ontem, verificando os filmes que foram exibidos durante a semana, dei com este, e resolvi ir ler a descrição. Pensei: "Bom, todos já o viram, deixa lá perder aqui duas horas".

     Entediante no início, fui começando a intuir o desenvolvimento. Um jovem garboso, pintor, casado com uma rapariga, lá está, dinamarquesa. Veste-se de mulher para posar para a esposa, e ganha-lhe o gosto. Okay, muito giro. Não, não tão banal. O filme aborda a transexualidade nos anos vinte do século passado, com tudo o que acarreta, como a cirurgia de redesignação sexual - a primeira, mal sucedida, num experimento absurdo com as limitações científicas e médicas da época. Há, a meio, um amor impoluto e sublime que sobrevive a tudo, até à evidência de que não estamos perante um casal composto por um homem e por uma mulher, com o manifesto sofrimento que essa constatação provoca. As derradeiras cenas, impactantes, alternam entre a beatitude e a tragédia. Imagino que os meus leitores são bastante mais atentos e interessados do que eu, estando, então, à vontade para discorrer sobre o argumento.

       Recomendar um filme, que depreendo conhecido por todos, não faz grande sentido. Ainda assim, para quem não viu, veja. Os actores principais saíram-se bem, com interpretações magistrais. O enredo tem aquela veracidade tão estimulante, se tanto para mim. Fica a sugestão.

* Errata: Vi o filme "O Meu Nome é Alice", entretanto. Presumo que foi a minha última estreia.

12 comentários:

  1. O Mark não aprecia cinema ? Julgo ser a primeira pessoa que encontro que o admite. Eu pelo contrário gosto muito mas este da rapariga ainda não vi... obrigada pela sugestão. :)

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    1. Depende dos dias, Magg. Ultimamente, é raro o dia em que eu não veja um filme.

      Peço desculpa, então. Julgo sempre ser o único que nunca está a par do que é produzido por esse mundo. (risos)

      Veja. Vai gostar. A actriz principal, pelo que pude apurar, ganhou um Oscar da Academia, e o actor que a acompanha foi indicado na respectiva categoria.

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  2. Interessante vou ver ... Adoro cinema e fanático pelo Netflix ... rs

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    1. Também ainda não o viu? Tenho de rever os meus conceitos. (risos)

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  3. Eu fui ver ao cinema. Gostei imenso e chorei no final. Saber que o filme era biográfico deixou-me ainda mais emocionado. Estamos a falar de uma sociedade diferente da que temos agora. Se ainda não viste, aconselho-te a ver o "Carol". Também é interessante. ^^

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    1. Esse nome diz-me algo. Se ainda não o vi, estive para ver.

      O final não deixa de ser imprevisível, porque, a páginas tantas, somos levados a crer que o desfecho será outro...

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  4. Ainda não vi o filme, mas fiquei curioso

    abraço amigo

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    1. Definitivamente revi os meus pré-conceitos. :)

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  5. Gostei muito do filme! O tema por si só já é complexo quando mais naquela altura.

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  6. Devo-lhe dizer que gostei muito do filme quando o vi há meses atrás.
    Claro que estamos a lidar com uma camada culta e artística, com meios económicos desafogados, o que tornou, de certa forma, este assunto pioneiro nas primeiras décadas do século XX. No entanto fez história e abriu caminhos para o presente, tornando a vida de muita gente mais suportável.
    Segundo me afirmaram, a obra literária é igualmente fantástica, pelo que espero lê-la igualmente, pois, como costuma ser habitual, e como também já me referiram, há algumas diferenças entre ela e o filme, o que me leva a pensar que talvez valha a pena perceber o que se passou na realidade.

    Tomo a liberdade de lhe propor uma outra película, pois creio que a jurisprudência, ou campos afins, parecem ser a sua área de formação.
    Talvez já o tenha visto, mas, caso contrário, recomendo-lhe vivamente o filme "Woman in Gold", de 2015 (em português será a "Mulher de Ouro" ou a "Dama Dourada", não sei qual o mais adequado), que trata dos aspetos jurídicos da devolução de obras de arte que foram roubadas aos judeus durante a 2ª Guerra Mundial.
    O assunto interessa-me de sobremaneira pelo que achei esta obra estupenda e com uma Helen Mirren absolutamente perfeita.
    Um bom final de semana
    Manel

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    1. Não raras vezes as adaptações para o cinema não são fiéis às obras literárias.

      Sim, sou jurista. Presumo que seria isto que queria ter dito. :) Não conheço o filme. Muitíssimo obrigado. História e Direito num único filme? Oh my goodness! E com a Helen Mirren, que adoro, ainda o torna mais apetecível. Adorei vê-la na pele da Rainha de Inglaterra.

      Um bom final de semana para si também.

      Cumprimentos.

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