20 de agosto de 2016

Os Jogos Olímpicos.


     A edição dos Jogos Olímpicos sediada no Rio de Janeiro, Brasil, esteve desde o início envolta em polémica. Primeiramente, soubemos das despesas exorbitantes que estariam subjacentes à realização da competição desportiva. O Brasil carecia de infraestruturas. A construção de estádios e de pavilhões acarretaria largos milhões de dólares, num país enfraquecido pela crise social e, desde o último ano, também política. Posteriormente, os problemas relacionados aos elevados índices de criminalidade no país, o que poderia inviabilizar a concretização do torneiro em solo brasileiro.

     Querelas à parte, os Jogos tiveram lugar e, até ao momento, a par de incidentes pontuais, nada há a registar. Bem como em 2014, quando o Brasil organizou o Campeonato do Mundo de Futebol, muito se falou sem motivo aparente. Recuando no tempo, a 2010, a África do Sul enfrentou iguais temores pelos adeptos, pelas federações de futebol dos Estados participantes e até mesmo por algumas organizações, das quais enumero a FIFA.

     Evidentemente que as autoridades brasileiras estão conscientes do perigo e preparadas para qualquer eventualidade. Lidam diariamente com a criminalidade, desde a que perpassa as ruas até à altamente organizada.

      Em termos estritamente competitivos, tenho acompanhado algumas modalidades. Portugal revelou-se uma desilusão. Ao momento, arrecadámos uma medalha, de bronze, pela atleta Telma Monteiro. O Brasil, por seu turno, leva umas quantas medalhas, inclusive de ouro. São vitórias lusófonas que, claro está, têm igualmente um sabor especial. Os portugueses habituaram-se a torcer pelo Brasil, particularmente no futebol, nas décadas em que Portugal sequer conseguia o apuramento para as fases finais das competições, ou, quando o conseguia, era afastado precocemente. Esses laços de afinidade são constatáveis. Nestes Jogos, muitos adeptos brasileiros estiveram ao lado dos atletas portugueses, incentivando-os com palavras de apreço e de estímulo.

      Cri nos atletas portugueses. Julguei que Nélson Évora repetiria a façanha de 2008, trazendo uma medalha para casa. Tal não foi possível.
       Sobrepondo-se aos prémios, julgo que o mais importante é estimular o gosto pela prática desportiva e as saudáveis relações entre os povos. Os Jogos Olímpicos, pelo seu mediatismo, têm esse dom. Suscitam a curiosidade de milhões e revestem-se de um carácter competitivo que não conhece o ódio, o despeito e a rivalidade de outros eventos desportivos. Os Jogos são costumeiramente tidos como consensuais - o que dificilmente encontra paralelo - pela sua abrangência e por nos remeterem aos gloriosos congéneres da Antiguidade Clássica.

        Haverá mais em quatro anos.


6 comentários:

  1. Creio que foi a pior participação nos Jogos Olímpicos. Vamos para lá fazer passareles lololololololololol

    Mas, o Brasil apesar de tudo está de parabéns. Falta saber o que irão fazer à Aldeia Olímpica

    Grande abraço amigo

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    1. É bem capaz. Um desastre.

      Espero que lhe dêem melhor fim àquele que demos aos estádios do Euro 2004...

      um abraço, amigo.

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  2. Felizmente este CIRCO acaba hoje e voltamos à nossa programação normal com todas as mazelas sociais que temos, acrescidas, agora, das despesas irresponsáveis contraídas por um estado falido. Mais uma vez os otários vão pagar.

    Beijão

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    1. Tal como aqui, amigo. Tal como aqui...

      Eu, confesso, presto pouca atenção às Olimpíadas.

      um forte abraço.

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  3. não segui com interesse estes JO, em primeiro porque estava a trabalhar, em segundo, porque não vejo, agora, muita TV. li sobre os problemas que enumeraste e só vi as prestações portuguesas depois. não acho que tenha sido uma desilusão. estávamos eufóricos com o europeu de futebol e pedimos medalhas, mas os atletas olímpicos não são tão apoiados financeiramente como os do futebol, por exemplo. a maioria paga as viagens do seu bolso, dorme em hostels, etc (pelo que li online). e representar PT sem apoios e nestas condições não deve ser fácil.
    assim, no cômputo, ficámos em boas posições, penso.
    Brasil surpreendeu (sim, corrupção, sim, depois da festa, 'that's all, folks', vai voltar à vida normal). como cá, com o euro, temos estádios vazios e a precisar de manutenção. o país endividou-se e agora estamos a pagar a factura.
    bjs.

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    1. Pois. Eu nunca acompanhei com atenção quaisquer Jogos Olímpicos; por nunca me terem despertado a atenção, ainda que considere uma competição muito válida, e por não ver TV.

      Sabes, eu não me conforto com vitórias morais. Vivemos muito disso. Portugal participa nos Jogos Olímpicos desde praticamente o início, senão desde o início, dos Jogos da Era Moderna e temos pouquíssimas medalhas de ouro, por exemplo. Sou sensível a todas essas condicionantes, mas, vejamos: estão lá os melhores. É natural que as pessoas criem expectativas. Não será ingratidão ficar ligeiramente desapontado. Eu fiquei, sobretudo com o Nélson Évora. Esse seguramente que não terá problemas monetários. Terá bons patrocinadores, até pelo prestígio alcançado.

      Lá está, temos 4.ºs e 5.ºs lugares. Melhor do que nada.

      um beijinho.

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