3 de abril de 2012

Holidays.


 Nestas férias, mudei-me para casa da avó. Há imenso tempo que não o fazia. Em criança, nas férias da Páscoa, pedia à mãe se me deixava passar uns dias lá. Claro que a minha intenção era a de ficar livre do seu controlo; para além disso, adorava as competições com a prima para ver qual dos dois conseguia pular mais em cima da cama, num dos quartos da casa. Na época, não tinha a noção de que ela, sendo mais leve e pequena, conseguia impulsionar o seu corpo numa altitude que me era impossível. Acabávamos a tarde deitados em cima da cama a comer amêndoas de chocolate. Na verdade, ela comia as amêndoas; eu apenas conseguia tirar-lhes a cobertura colorida. Não gosto de chocolate.
 Do que eu gostava mesmo era do bolo de iogurte que a Glória fazia. Pedia com muita força para que apenas houvesse iogurte de pedaços de morango no frigorífico, ao contrário do iogurte de aroma que ela costumava utilizar na confecção do bolo; adorava encontrar os pedaços de morango misturados na sua textura doce e amanteigada. Então, a rivalidade com a prima era mais do que muita, mas nesta competição também saía derrotado; o seu estômago, faminto, quem sabe pelos exercícios de salto em cima do colchão na cama, pedia a sua parte e a minha. Ainda consigo ver a sua voracidade enquanto mastigava pedaços gigantes de bolo de iogurte.
 As horas não demoravam a passar e a noite não trazia consigo o cansaço. Quando de noite, por fim, telefonava à mãe, ela ficava com a ténue ideia das energias libertadas após meses debaixo do seu formalismo que, com a avó, esmorecera completamente. Não que a avó fosse permissiva; conseguíamos, porém, escapar melhor à etiqueta.

 "O teste sai até à sanação."

 As novas amêndoas.


13 comentários:

  1. E continua a mudar-te para casa da avó, o máximo de vezes que possas e seja esse o teu desejo. Afinal, a vida é tão curta e os que nos são queridos por vezes partem de forma tão sórdida...
    Amemo-nos!!!
    Veja-se o caso da minha: viva mas desde dezembro como um bebé, como morta, ... Repito: partilhemos o amor sem medos - o tempo escasseia.

    Grande abraço.

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  2. Paulo: Lamento imenso pela tua avó e bem sei que desejar qualquer tipo de melhoras seria doloroso e insensível. :( Lamento muito, é só o que tenho a dizer.

    Abraço forte!

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  3. Mark:
    É tão bom estar na casa da avó!
    Adorei o teu 'post' e o modo como escreves.
    Sinto-me transportado para essa vivência que relatas (desculpa mas estou lá contigo).
    Boa Páscoa.
    Um abraço.

    PS: Vou ler-te mais e mais (não é só daqui para a frente... é também o que já escreveste).

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  4. Não, não é engano.
    Sou eu novamente a escrever-te.
    É que fui ler-te desde o primeiro post e dou-te os meus parabéns pela evolução.
    Não cheguei ao fim... tenho assunto para muito tempo.
    (Tenho Mark para muitos dias...).
    Queria chamar-me A. e ter-te encontrado em 2003 em Milfontes.
    "Olá!" e não um "Olá".
    O primeiro post onde te mostras um pouco mais.
    Um abraço forte e não um abraço qualquer.

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  5. Pedro: Oh, obrigado pelas palavras. És um querido. :)
    Eu "abri" o blogue há quase quatro anos; era muito imaturo e ingénuo nos primeiros textos. Sabes, tive alturas em que pensei em apagar os textos antigos. Há alguns com os quais não me identifico minimamente, mas, quando reflicto melhor, vejo que esses textos fazem parte de mim. São como um álbum de fotografias antigas em que sentimos que não ficámos bem: aconteça o que acontecer, éramos nós num determinado período. Nada apagará isso. Então, deixei ficá-los. :)

    Mais uma vez, obrigado pelo carinho.
    Abraço! :33

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  6. Olà Mark
    ainda bem que não apagaste. Assisti ao nascimento do teu blog e ele sempre foi muito interessante.
    Claro que muito me apraz ver a tua evolução em todos os sentidos.
    Fazendo a ligação ao teu post, esses textos de "ontem" são recordações vivas de um passado não muito distante; e é tão bom ter recordações como estas que tu tens dos dias passados em casa da tua Avó.

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  7. João: Tu és um doce e atento seguidor do que eu escrevo. És adorável e tens um dos blogues de que mais gosto.
    Obrigado, meu querido! :)

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  8. Eu concordo com tudo o que o Pedro e o João já disseram! Eu tenho lido o teu blog todo desde o princípio [como tu bem sabes, eheheh] e estou a gostar muito do teu crescimento e evolução, a todos os níveis! ^^

    Quanto às férias em casa da avó, é sempre tão bom, não é? ^^

    Eu vivo com a minha, mas ainda assim, avó é sempre avó!

    Abraço :3

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  9. Hórus: É óptimo! Eu vou frequentemente à casa da avó, até mesmo porque ela mora relativamente perto de mim. Gosto de me "mudar" para lá durante alguns dias. x)

    Obrigado!
    Abraço! :33

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  10. Somos também memórias recentes e antigas plamadas no tecido psico-afectivo que faz de nós o que somos. Revisitar as épocas em que fomos felizes, é respirar ar puro para o balão da vida que nos transporta a milhas no ar, até um dia em que nao precisemos de deitar nada fora para continuar a subir nos caminhos que nos esperam...

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  11. ... sobretudo eu, Daniel, que vivo bastante do passado. Talvez porque a realidade se torne dolorosa e existam memórias "menos boas" que exigem uma retrospecção à infância. Quando o faço, sinto-me a viajar num balão, subindo, subindo, subindo... a realidade vai ficando mínima cá em baixo, na Terra.

    Hug!

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  12. Esses momentos não devem ser apagados nunca, nem deste blog nem das tuas memórias. E para nós, é um prazer ler estes pedaços de ti, tão bom como comer chocolate, apesar de tu não gostares. :)

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  13. Coelho: Chocolate... Blhack! :s Ahahahah (:

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