5 de julho de 2018

Love, Simon.


   Love, Simon foi uma bela surpresa de quarta-feira à noite. A despeito de ser um romance teen, foca temas importantes nos dias que correm, nos quais o bullying, inclusive na sua versão cyber, e a inclusão figuram. É o primeiro romance gay-adolescente a ser tratado por uma grande produtora de Hollywood.

  A normalidade, ou pretensa normalidade, das famílias de classe média americanas aborrece. Aparenta ser tudo perfeito, desde a relação dos pais (entre eles e com os filhos), aos cómodos da casa, passando pelo cão e pelas amizades. Aqueles adolescentes não são bem o espelho da generalidade dos adolescentes, e nem é tudo tão fácil como ali vemos. Há um misto de fantasia, para compor, e temos um final feliz em Love, Simon, o que não é um dado adquirido em filmes LGBT, como sabemos, em que os namoros terminam em desavenças ou um protagonista tem sarcoma de Kaposi.

  A mensagem é iminentemente positiva. Pretende-se que os jovens se consciencializem para a necessidade de serem tolerantes com a diferença. No mais, temos um romance morno. Não creio que tenha havido pouca química entre Simon e Bram. Não nos podemos esquecer de que começaram por se corresponder através de e-mails, sem que um soubesse quem era o outro. Quando a identidade de "Blue" é desvendada, foi como se se estivessem a conhecer pela primeira vez. Tão-pouco eram grandes amigos de escola. Quase que podemos afirmar que se conheceram, verdadeiramente, naquele momento. Até então, viviam um romance virtual, protegidos sob o anonimato da internet, e na escola agiam como dois rapazes comuns.


   Achei o final meio previsível. Ainda que o realizador nos quisesse pôr às voltas com a identidade de "Blue" - o rapazinho afroamericano, o empregado de mesa ou o miúdo do musical lá da escola - tudo termina com fogo de artifício sobre um nada. Bram e Blue não combinam. O Bram que conhecemos da festa da Halloween não parece ser o "Blue" romântico, compreensivo, atento. Só no final, quando encerra a conta de e-mail por medo de que o descubram, se faz um clique, permitindo-nos uma correspondência com Bram, manifestamente dado a uma reacção daquelas. O Blue é mais maduro do que o Bram. Ninguém diria que o Blue e o Bram eram uma mesma pessoa.

  Quanto às interpretações, temos jovens a fazerem de jovens. Nada mais lhes seria exigido. Os adultos, quer os pais quer os educadores, são tolerantes e receptivos. A conversa entre Simon e o pai, no final do filme, é demasiado irreal para a concebermos fora da ficção. De igual modo, temos um gay mais feminino, que caberia no tal cliché, e o Simon, que já foge ao estereótipo que muitos mantêm dos homossexuais. É importante para equilibrar, para que se saiba que a orientação sexual não se vê em maneirismos ou na falta deles.
  
   É um filme giro. Dar-lhe-ia, se o tivesse de avaliar, nota positiva. A propósito, gostei muito do pin que me deram no Corte Inglés. Ah, e o Cristiano Ronaldo é conhecido até na América, país onde o futebol, que lá chamam soccer, não é assim tão popular.

7 comentários:

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    1. Hehe, espero estar à altura da confiança. :)

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  2. Respostas
    1. Nada como matares a curiosidade indo vê-lo. :)

      Um abraço, amigo.

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  3. Já viu vídeo de um Hétero que resolveu ser 'Travesti por um dia'?
    https://www.youtube.com/watch?v=6MxsfRoGYdg

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  4. Já viu vídeo de um Hétero que resolveu ser 'Travesti por um dia'?
    https://www.youtube.com/watch?v=6MxsfRoGYdg

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    1. Não, não vi. Porquê a publicidade? É você?

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