Diogo Jota era um nome conhecido de todos nós. Internacional português, figura incontornável da Selecção Nacional e do Liverpool, vivia o auge da sua carreira desportiva, um daqueles raros momentos em que o talento, o esforço e a oportunidade se encontram e brilham. Casado há apenas duas semanas, vivia também o melhor período da sua vida pessoal, ao lado da mulher com quem teve três filhos, todos eles pequenos: um menino de quatro anos, outro de dois, e uma bebé de apenas oito meses. Agora, essa mulher fica sozinha, com a responsabilidade de criar os seus filhos e a dor insuportável de uma perda sem nome. Porque perder o amor da nossa vida assim, de repente, é algo para o qual ninguém está preparado. Eram namorados desde adolescentes.
André Silva, o irmão, jogava no Penafiel. Menos conhecido, mas com igual paixão pelo futebol. Também ele via a vida pela frente, também ele com sonhos, com família, com planos. E agora também ele parte, tragicamente, ao lado do irmão com quem partilhou a infância, o sangue, os afectos e, tristemente, a morte.
Os pais de Diogo e André ficam sem filhos. Tinham apenas aqueles dois. Imaginar essa dor é impossível. É uma ferida que não cicatriza, uma ausência que grita, um silêncio que vai acompanhar o resto dos seus dias. Nada pode preparar uma mãe ou um pai para sepultar os dois filhos ao mesmo tempo.
Estamos perante uma perda imensa. Uma família destruída. Um país em choque. Uma estrada que leva duas vidas que ainda tinham tanto por viver. E nós, que cá ficamos, tentamos encontrar sentido numa tragédia que não faz sentido nenhum. Ironia das ironias, os dois irmãos perderam a vida numa localidade que não fica assim tão longe de onde eu moro: Sanabria, aqui ao lado, na província de Zamora. Conheço a auto-estrada onde se deu o fatídico acidente. Passo por lá várias vezes.
Que Diogo e André descansem em paz. E que os seus nomes fiquem para sempre ligados não apenas ao talento que mostraram em campo, mas à beleza da sua ligação fraterna e à brutalidade da injustiça que os levou.