Bruno de Almeida engendrou esta estória em torno do velhinho cabaret Maxime, que durante décadas animou a noite lisboeta. Inaugurado antes dos ecos da liberdade soarem aos ouvidos dos portugueses, em Abril de 1974, o Maxime impôs-se como casa de variedades, de comédia e de burlesco, striptease e música ao vivo, onde meninas voluptuosas, quais feiticeiras, seduziam homens susceptíveis com os seus encantamentos. O pai, que tem já a provecta idade de 69 anos («belo número», nas palavras de Mota Amaral), contou-me episódios do Maxime, que chegou a frequentar nos seus tempos de menino e moço, quando a noite lisboeta não tinha o perigo de hoje. Não havia Urbans, nem enchentes de brasileiras e de mulheres do leste europeu. Outros tempos, em que tudo parecia divertido, e era-o.
Cabaret Maxime não é ambientado no antigamente. É um filme actual, que retrata os nossos dias - os últimos anos da velha casa de espectáculos, que sobrevive em meio da concorrência com os seus números de palco gastos. A decadência sobressai ali pelos lados da Praça da Alegria. Os donos dos bares são intimidados para que cedam os estabelecimentos a novas realidades, no conhecido fenómeno de gentrificação. Bennie Gaza enquadra-se no alvo ideal. Paga uma renda baixa pelo Maxime, que o proprietário procura aumentar, sem sucesso, recorrendo à chantagem.
Gostei das interpretações do americano Michael Imperioli e da veterana Ana Padrão, portuguesa, que dá alma e corpo àquela performer / artista de personalidade instável, profundamente perturbada, talvez porque tudo tem a sua época, e a dela já havia passado. A noite, para estas mulheres, pode ser de uma violência brutal. Todavia, entre Bennie e Stella há amor, com uma cena impactante que o deixa claro. Curioso, num meio com tanta exploração e proxenetismo, falar-se de amor, como se nos quisessem mostrar um qualquer contraste, uma qualquer esperança no meio daquele caos, o caos da personagem de Ana Padrão e o caos de um cabaret acabado.
O núcleo do filme é restrito. Não há uma abundância de personagens. O realizador quis dar grande destaque às actuações de palco, com direito até a anedotas de baixo-calão (ouvirão uma de Brigitte Bardot fenomenal…). Uma palavra para a malograda Celeste Rodrigues, que nunca sobressaiu por ser irmã de quem é, e que aqui dá ar da sua graça numas poucas cenas.
O núcleo do filme é restrito. Não há uma abundância de personagens. O realizador quis dar grande destaque às actuações de palco, com direito até a anedotas de baixo-calão (ouvirão uma de Brigitte Bardot fenomenal…). Uma palavra para a malograda Celeste Rodrigues, que nunca sobressaiu por ser irmã de quem é, e que aqui dá ar da sua graça numas poucas cenas.
A noite ou o lusco-fusco são o pano de fundo de Cabaret Maxime. Noite, copos, fumo, descontrolo físico e emocional, prostituição de rua, compondo. Imprescindível para quem quer conhecer mais sobre os meandros que envolvem estas casas de má fama.
Ainda não vi, lolololol Obrigado pela dica
ResponderEliminarO Café correu muito bem ;)
Grande abraço amigo
:)
EliminarAinda bem.
um abraço.