Salvo erro, em 2013 e em 2016 não assinalei a data da Revolução. Está tudo dito, por mim e por todos. Já falámos do passado, do futuro, sobretudo em 2014, ano em que, por ocasião do quadragésimo aniversário, lhe dediquei uma extensa análise. Fará sentido, posto isto, evocar o 25 de Abril? Acredito que sim, particularmente num ano em que assistimos a uma perigosa involução. A História repete-se, é cíclica. Regra geral, os intervalos temporais que medeiam as ideologias são maiores; por ora, quase que regressamos às primeiras décadas do século passado. Os discursos acesos e nacionalistas estão aí e convencem o eleitorado. Enquanto vos escrevo, os franceses decidem quem será o futuro Chefe de Estado. Pelo meio, Marine Le Pen, a líder da Frente Nacional, que embora não sendo a favorita, está bem posicionada, defrontando Emmanuel Macron na segunda volta.
A Revolução de Abril de '74 foi ideológica. Fortemente marcada pelo marxismo. O país não conheceu a democracia, não sem antes passar por uma experiência insólita de tutela militar, até 1982, sob o manto de uma Constituição que enunciava direitos e deveres, também ela, como todas. Vincadamente socialista, da qual o preâmbulo é um remanescente histórico. O bom senso imperaria. O período 74 - 87 foi convulso. A adesão às Comunidades refrearia, definitivamente, a instabilidade política. Sucessivas revisões constitucionais, nomeadamente as duas primeiras (1982 e 1989), depurariam a Lei Fundamental.
O povo português é tolerante. Salazar chamar-lhe-ia "o povo de brandos costumes". O Presidente do Conselho, em si, foi um pequeno ditador à portuguesa. Franco diria que a modéstia era o seu único defeito. Termos contornado a II Guerra Mundial, muito pelos esforços de Oliveira Salazar, fez-nos passar o século XX na pasmaceira. Posteriormente, não vivemos um Maio de '68. Sofremos reflexos. Acompanhávamos o que se passava na Europa à distância. A Europa assemelhava-se a uma realidade remota, a nós, isolados. A Revolução trouxe a libertação, não só a política; a social. Os costumes mudaram. A sexualidade aflorou. O povo saiu à rua. O ensino escolar foi efectivamente universalizado. Ler, escrever e contar não mais bastava.
Conseguimos traçar um quadro fidedigno de quem éramos e de quem somos. Não só no espectro económico. Portugal conheceu um desenvolvimento significativo, já o sabemos. Falo-vos do povo, da nação portuguesa. Mudámos. Temos jovens qualificados, que consideramos intransigentes e mal-educados, sim, mas que são infinitamente mais cultos do que os seus avós. Aceitamos melhor a diferença. A televisão e a imprensa livre ajudaram-nos nessa transição entre país profundamente atrasado, em variadíssimos domínios, para membro da vanguardista Europa. Devemo-lo a Abril. Temos razão quando reivindicamos mais e quando cremos que quarenta anos dariam para um salto maior. Sim. Aí, entretanto, há a somar os intoleráveis índices de corrupção que temos e a podridão que perpassa a classe política.
Só alguém desprovido de sentimento patriótico poria em causa a pertinência do golpe de Estado. Ou um saudosista, da velha guarda. Com todos os erros, e foram certamente muitos, Abril foi necessário. E foi benévolo. Contornámos uma guerra fratricida, evitámos um round two a outro autoritarismo, sabe-se lá se pior do que o primeiro, e desenvolvemos. Desenvolvemos. Muito. E eu não conheci o Portugal do Estado Novo, que mo fazem chegar através de testemunhos vivos.
Viva Abril, Viva Portugal.
Conseguimos traçar um quadro fidedigno de quem éramos e de quem somos. Não só no espectro económico. Portugal conheceu um desenvolvimento significativo, já o sabemos. Falo-vos do povo, da nação portuguesa. Mudámos. Temos jovens qualificados, que consideramos intransigentes e mal-educados, sim, mas que são infinitamente mais cultos do que os seus avós. Aceitamos melhor a diferença. A televisão e a imprensa livre ajudaram-nos nessa transição entre país profundamente atrasado, em variadíssimos domínios, para membro da vanguardista Europa. Devemo-lo a Abril. Temos razão quando reivindicamos mais e quando cremos que quarenta anos dariam para um salto maior. Sim. Aí, entretanto, há a somar os intoleráveis índices de corrupção que temos e a podridão que perpassa a classe política.
Só alguém desprovido de sentimento patriótico poria em causa a pertinência do golpe de Estado. Ou um saudosista, da velha guarda. Com todos os erros, e foram certamente muitos, Abril foi necessário. E foi benévolo. Contornámos uma guerra fratricida, evitámos um round two a outro autoritarismo, sabe-se lá se pior do que o primeiro, e desenvolvemos. Desenvolvemos. Muito. E eu não conheci o Portugal do Estado Novo, que mo fazem chegar através de testemunhos vivos.
Viva Abril, Viva Portugal.
Qual a diferença entre La Penn e a nossa Cathy do BE?!
ResponderEliminarAmbas querem sair da Europa e do Euro.
A Cathy quer os migrantes, mas deixa sair os filhos de quem andou a pagar Impostos para a Saúde, Educação neste país...
Os migrantes tem todos os Direitos. Os tugas tem os Deveres e Obrigações
Este é o Portugal de 2017 ;)
Grande abraço amigo
A Catarina Martins não é xenófoba. :) É uma grande diferença. Nem consta que queira a expulsão dos estrangeiros.
EliminarTonto. :)
um abração, amigo.
Não tenho estado a ver as noticias, mas quase todos os anos são as mesmas histórias, será que naquela data não há uma história por contar? Certamente que sim :)
ResponderEliminarCertamente que as haverá, mas eu não vivi o 25 de Abril. :)
EliminarParabéns a todos vocês por esta luta memorável. Lembro-me bem como acompanhei daqui cada movimento na época. Nós aqui em plena ditadura acalentávamos com Portugal e seu futuro.
ResponderEliminarBeijão querido e Vivas à Portugal.
Muito obrigado, querido amigo. :)
EliminarPois é. Só na década seguinte, em 1985, o Brasil se libertaria do jugo opressor. Demorou, mas foi.
um grande abraço!
Viva Portugal, Viva o Brasil!
25 de Abril sempre! Pelas coisas que vejo escritas por ai, acho que muita gente anda enganada. Nada como ser privado de ter liberdade, para se dar valor à mesma. Que digam os oprimidos da sociedade.
ResponderEliminarSim. Costuma-se dizer que só quem não viveu os tempos do Estado Novo é que pode defendê-lo.
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