1 de agosto de 2018

Gotti.


   Julguei, pela curta sinopse que li, que gostaria. Ainda não adquiri aquele bom hábito de ler as cotações dos filmes. É a pior das versões, seguramente, dos tradicionais filmes de mafiosos. É realmente mau, muito mau. Nem John Travolta conseguiu dar a volta por cima, passando hora e meia a tentar torcer o nariz e a boca de modo convincente. É mais uma versão mal explorada dos meandros das famílias do crime altamente organizado, segundo os seus princípios e regras, que também os têm. É mais do mesmo, com a diferença de que, aqui, até podiam ter dado um bocadinho mais. A narrativa é inspirada na vida de John Gotti, maior mafioso da história dos EUA, personagem algo enigmática pela quantidade de vezes que fintou as condenações judiciais. Só em 1992 seria, por fim, condenado a um sem-número de prisões perpétuas. Morreu no cárcere, em 2002.

  Tudo falhou. A fotografia, a banda sonora, o argumento, as interpretações. As teias das relações dos membros da família são de tal modo complexas, e desinteressantes, que nos limitamos a procurar acompanhar sem expectativas, além da de conseguir chegar ao fim do filme. Os diálogos são pouco convincentes, demasiado esforçados. Tudo muito aquém da glória que grandes realizadores, como Coppola e Scorsese, imprimiram a seu dia. A comparação com Godfather seria humilhante para este último. Como sempre, há aquela glorificação do criminoso, aqui surgido inclusive como protector do bairro, estimado pelos habitantes, afinal era o justiceiro quando o Estado não actuava. Como dizia um dos intervenientes, « havia mais segurança no tempo de Gotti... ». Também notei essa componente quase de provocação, roçando o deboche, ao sistema judicial norte-americano, facilmente subornável. Gotti que era impiedoso na hora de repor a ordem e o respeito na família, porém extremoso pai e marido. Se se decidirem a vê-lo, vão por vossa conta e risco.


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